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Na minha opinião, o mínimo que as pessoas tem que ter na vida é o senso. E parece que aqui em casa, isso passou longe...

Respondi um oi seco e ele ainda ficou me olhando por um tempo, sorrindo. Não dei grau algum, apenas tomei o resto da cerveja do copo, até que ele saiu com a Thatiana, indo pra perto dos amigos dela.

Josué: Te incomoda?

Viviane: Não, me enoja. E é por isso que eu evito estar aqui... — peguei o celular. — Estou indo. Sua benção, amo você.

Josué: Filha...

Viviane: Pai, nem adianta! — levantei da mesa, dei um beijo na testa dele e saí.

Passei rápido pelo pessoal, dando um tchau. Parei perto do carrinho, dei um cheiro na Cecília, e fui me despedir da Thatiana. Falei um monte de coisa pra ela, do fundo do meu coração.

Ela não é uma pessoa ruim, o único problema é a minha mãe. O jeito que ela criou a Thati, como se ela fosse uma princesa intocável e esqueceu de prepara-la pro mundo, pra nossa realidade que é tortamente diferente. Mas, quem sou eu? Faço apenas a parte que me cabe, que é tentar furar essa bolha, enquanto há tempo.

Eu já estava saindo, quando minha mãe veio atrás de mim. No mínimo, ela tava com algum bicho encostado, doida atrás de problema.

Rose: Eu não vou sossegar, enquanto você não terminar com esse menino.

Viviane: Caralhooo! — esbravejei, quase no portão. — O que você ganha com isso? Qual é a sua implicância com o Daniel, cara?

Rose: Porque ele não serve pra você.

Viviane: Vou te falar uma coisa, só dessa vez e espero que a senhora guarde pro resto da vida. — eu não aguentava mais, tinha um nó na minha garganta. — Eu sou dona do meu nariz, dona das minhas escolhas e consequências. Simples assim! A senhora não pode mandar em nada na minha vida, e pode fazer o que você quiser pra tentar interferir que não vai conseguir. Não vai!

Não fiquei pra esperar a resposta dela, só saí igual a uma bala pela rua, andando o mais rápido que podia e segurando o choro.

Cheguei em casa e meus avós já tinham dormido. Tomei um banho quentinho, pulei na cama e apaguei, desliguei mesmo. A energia tava pesada demais...

Depois de um bom tempo, consegui acordar tarde e só acordei, porque o Daniel foi fazer isso e já eram 11h da manhã.

Bala: Qual foi?! Tu tá bem? — me deu um selinho. — Tô ligando, mandando mensagem desde ontem e tu nada. Bebeu? Passou mal?

Viviane: Calma, eu acabei de acordar... — sentei na cama e ele sentou mais pros pés.

Bala: Como foi lá?

Viviane: Mesma coisa de sempre, a minha mãe falando merda. Meu pai acatando tudo, sem voz ativa e minha irmã, a mesma coisa de sempre.

Bala: Tô ligado! Jorgin brotou lá?

Viviane: Tu acha?

Bala: Papo reto, preta. Ele tá falando pra geral que tá dando mó assistência...

Viviane: Mentiu! Nunca viu a neném, passa na rua e finge que não vê...

Bala: Ossada! Mas isso é da conduta dele, tem jeito não, uma hora a conta chega. Mas, te falar... — fiquei olhando pra ele. — Aquilo que tu disse ontem, procede?

Viviane: O que eu disse ontem?

Bala: Que me ama, pô.

Viviane: Eu disse? — tentei segurar o riso e ele fechou a cara. — Bola fácil, tá doido. Claro que é verdade, você tá duvidando de mim? — arqueei a sobrancelha.

Bala: Óbvio que não, eu só queria ter certeza. Você nunca tinha dito...

Viviane: Pra tudo na vida...

Bala: Existe a primeira vez! — completou, revirando os olhos.

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