Cheguei na quadra e tava rolando uma pelada quente demais, que isso. Cumprimentei os meninos no banco e sentei. Um dos meninos mexeu comigo.
X: Ela disse que vinha mermo, né? Vai pegar a de fora?
Viviane: Vou nada, gente. Pelada de vocês é muito agressiva, não dá pra mim...
X: Ih, tá peidando. Tá peidando.
Viviane: Hoje eu tô... — dei risada.
Assim que acabou uma, os meninos compraram cerveja e a gente começou a beber. Onde eu vou parar assim, hein? Deus me livre.
Todo mundo conversando, na verdade, quem ouvia de longe, parecia até briga, porque a emoção era tanta, que a gente gritava. Mas tudo isso acabou, quando o Bala apareceu.
Bala: Coé, tão fazendo resenha e não me convocam? — parou atrás de mim. — E tu, tá negando voz?
Viviane: Eu não, ué. Mandou mensagem?
Bala: Até liguei.
Viviane: Não vi.
Ele ficou lá, não disse mais nada, só pediu pra um dos meninos pegar mais cerveja e um copo pra ele. Logo, o assunto voltou e o clima ficou leve de novo, tão leve que nem vi a hora passar.
Viviane: Puta merda! Eu tenho que meter o pé, gente. Quanto que deu a cerveja aí? — os meninos me olharam e riram. — Sério, gente.
X: Tu é nossa parceira, po. Deu nada não.
X2: Só vacilou porque peidou pra pelada, po.
Viviane: Ah gente, coé...
X: É papo reto, po. Deu nada não.
Viviane: Então tá bom, eu vou embora. Beijo pra vocês, Hellen também tem horário, hein Lobão. — falei gastando e me despedi.
Bala: Calma ai, po. Vou te levar... — levantou e veio andando atrás de mim.
Viviane: Não precisa se incomodar não, cara.
Bala: Pô, faço questão. Vai ficar nessa?
Viviane: Tô em nenhuma, só disse que não precisa.
Bala: Qual foi?! Me desmerece pra caralho...
Viviane: Não fiz nada, Bala. — neguei com a cabeça. — Tá, tá bom. — subi na garupa pra evitar maiores conflitos.
Ele não precisava mesmo me levar em casa, a quadra é praticamente embaixo da minha rua, não demora nem 5 minutos, mas como ele fica cheio de drama...
Viviane: Então... — disse quando saí da garupa. — Obrigada.
Bala: Qual foi?! Vai deixar eu falar contigo não?
Viviane: Ah, você não disse mais nada.
Bala: Pô Vivi, te mandei mensagem, pô. Vai meter essa?
Viviane: Ah é... Pode falar, então.
Bala: Sei que tu não leva fé nas parada que eu falo, e tu ainda acha que eu tenho mulher e os caralho. Mas de qual é, papo de homem mesmo, eu quero você. E essas paradas aí que acontece com a gente, tá feião. — concordei com a cabeça. — Meu papo é esse, Vivi. Quero você e dependendo do que tu me falar, eu caio fora, tá ligado?
Viviane: Eu não sei, Bala. Não sei mesmo.
Bala: Uhum... Mas não sabe por quê? Tu pode me dar um motivo?
Viviane: Não tenho motivo, eu só não sei o que fazer em relação a você. Todo mundo fala...
Bala: Problema tá aí, tu vai de conversinha, po. Custa nada me dar uma chance.
Viviane: Muito fácil falar, aí eu pago pra ver e me fodo.
Bala: Já é, é isso que tu pensa, não vou te forçar não. Não quer mermo? — eu fiquei encarando ele um tempinho, pensando. — Hein Viviane. Tu não quer mermo? Se não quer, corta logo. — continuei quieta. — Tu não me deu nem um beijo pra saber qual que é...
Sem pensar, fui no automático. Nos beijamos. E pensa num beijo gostoso? Meu Deus! Que merda eu tô fazendo, Senhor?
Viviane: Cara! Eu vou entrar... — ele assentiu sorrindo, ligou a moto e foi embora.