MARATONA 2/4 📃
Viviane: Pai, precisamos conversar... — estávamos sentados na varanda, já que depois que me mudei de vez pra minha avó, eu não entro mais nessa casa.
Rose: Oi filha, entra aqui. Vem comer!
Viviane: Não quero, obrigada. Já jantei... — sorri amarelo e ela voltou pra dentro.
Minha mãe estava assim há mais ou menos um mês, desde o dia que ela chegou em casa e não tinha mais nada meu lá, nada mesmo. E ela me ligou, pedindo pra que eu voltasse...
Josué: Filha, pega leve com a sua mãe. — revirei os olhos.
Viviane: Pai, não tô aqui pra falar disso. Meu problema com ela será resolvido quando o meu coração quiser e ele não tá pedindo isso... — nada ele disse, só ficou olhando pra mim e eu mandei tudo na lata, sem cerimônias.
Meu pai ficou transformado, parecia que ia explodir de tão vermelho que ficou.
Viviane: Pai, pelo amor de Deus, não me arruma um piripaque aí, não tô podendo.
Ele não me disse o que ia fazer, na verdade, depois de tudo que disse, ele mudou de assunto, perguntou da minha avó, como a perna dela estava, se ia ter alguma coisa pro aniversário dela e tudo mais.
Estávamos falando sobre o meu curso, minha vida, meus planos, quando uma moto encostou lá na frente e meu pai logo já ficou em pé.
Josué: PASSA PRA DENTRO AGORA, THATIANA! — eu levei um puta susto, já que meu pai não era de gritar. E pela cara que a minha irmã fez, ela também levou. — E VOCÊ, SOME DAQUI AGORA.
Thatiana ficou com medo de entrar, isso era nítido pra todo mundo. Minha mãe apareceu na porta, assustada, tentando conter o meu pai, mas não adiantou muita coisa. Um negão de 1,90, forte a beça, nem eu sei como consigo carregar quando está bêbado.
Meu pai nunca levantava a voz pra nós, nunca levantou um dedo. Quem o conhece, sabe a calmaria que ele é, mas quando chega no seu limite, ninguém pode parar
Enquanto a minha mãe gritava, pedindo pra ele parar, meu pai amassava a Thatiana. A decepção estava nítida nos olhos dele, a raiva o consumia... Era só o cinto comendo.
Rose: Olha o que você fez, Viviane. Tá satisfeita agora?
Josué: CALA A BOCA, ROSEANE! VIVIANE NÃO TEM CULPA DE NADA. DEIXA ELA QUIETA!
A essa altura, todos os vizinhos já estavam na rua, nas janelas. A coça da minha irmã foi um evento, ela apanhou no quintal pra todo mundo ver. Ela conseguiu sair dele e correu pra dentro, então, eu fui até ele e nos abraçamos por um tempo, até que ele se acalmou.
Eu imaginava o quanto aquilo tinha sido difícil pra ele, o quando aquilo machucava mais a ele do que a minha irmã.
Saí lá de casa e fui pra Hellen, que já tava sabendo do babado todo, por morar na mesma rua que eu.
Hellen: Ué mona, você fez bem. Tá arrependida?
Viviane: Nem um pouco, cara. Pretendo nunca mais presenciar as cenas de hoje, mas estou de alma lavada.
Hellen: Então, vamos tomar uma cerveja. Só nós duas... Pra lavar mais a alma ainda.
Como o Daniel estava sem celular, e não dava pra avisá-lo, só fui...
Sabíamos que se subíssemos pra Cida, não conseguiríamos beber só as duas, então, como nos velhos tempos, ficamos no tio Elias.
Há algum tempo não saio com a minha melhor amiga pra beber e fofocar, sempre estamos com os meninos. E quase não dá pra falar sobre os nossos assuntinhos...
Hellen: Garota! Sabe o que eu tô sabendo?
Viviane: De tudo, né mona? Você sabe de tudo.
Hellen: Parece que a mulher que morava na casa da sua ex sogra, teve que sair às pressas, porque eles estão voltando.
Viviane: Oi?
Hellen: É isso mesmo, amiga. O Acerola deve voltar... — neguei com a cabeça. — E o coração? — gastou minha onda.
Viviane: Tomara que volte só a mãe dele, amiga. Deus me livre!
Hellen: Tu acha que vai bambear as perna, amiga?
Viviane: Claro, né cara? Você não lembre como foi ruim a nossa despedida? Como eu sofri pra me acostumar a ficar sem ele? Imagina... Do nada ele volta.
Hellen: É, amiga. E você casadíssima ai... — demos risada. — Agora que você se envolveu toda com o Bala, né? Porque antes era só pirraça.