Camila chama a minha negativa como ninguém, rainha na arte de me tirar de lógica. Fui até a casa dela sem dar uma palavra, parei no portão e ela ficou me olhando.
Bala: Quer que eu desça pra abrir pra tu? Só pode. Bora, vamo logo que eu quero dormir.
Camila: É assim que você vai ficar me tratando, Daniel? Eu só sirvo pra matar sua vontade?
Bala: Caralho, Camila. Tu se faz muito, sai fora. SE ADIANTA!! — me exaltei e ela voltou a chorar. — Toda vez a mesma coisa, porra. Mesma historinha. Quando tá bêbada vem com: "Ai Daniel, é só sexo. Depois é cada um no seu canto e fica a amizade."
Camila: Mas eu não consigo...
Bala: Sustenta, caralho. Ou para de beber, parece que bebe o diabo.
Camila: Para de xingar esses nomes ruins, sabe que eu não gosto.
Bala: Foda-se. Mete o pé!!!!
Camila: Nunca mais, nunca mais você vai me encostar. Tá ouvindo, Daniel? Tá me ouvindo. — eu revirava os olhos e nada dela sair do carro.
Bala: Eu não sou surdo, demoin. Bora logo! — ela saiu do carro, deu mó porradão na porta e eu saí arrancando.
Voltei pra casa puto, cabeça tava até doendo. Não sei onde eu tô com a cabeça na hora de acreditar nessa porra. O tesão é o que comanda o ser humano mesmo, ruim é o pós.
Tomei mais um banho e finalmente, caí tranquilo na minha cama.
Acordei lá pra 12h, fiz minhas paradas, botei a roupa e desci pra falar com minha velha. Queria até que ela fosse, mas como ela não gosta dos pacero, melhor ficar em casa mesmo.
Marli: Ó, vou na missa hoje, tá? — eu já tava saindo quando ela falou.
Bala: Tá bom, vó. Reza por mim!
Marli: Sempre, meu filho.
Dei um pulo no depósito pra mandar subir mais umas paradas e dei de cara com a mulher que me botou no mundo e meus irmãos.
Roberta: Oi Daniel.
Bala: Opa. — mexi com os moleque e subi na moto, sem muita ideia pra ela.
Cheguei na treta do Sangue e o som já tava rufando. Tava ele, a dona dele e mais uns amigos nossos.
Cumprimentei geral e já comecei a beber, sentei lá na mesa com eles, enquanto esperava o bloco chegar e te falar, do nada o bagulho lotou.
Já tava em pé, conversando com o parceiro e cumprimentando quem vinha falar comigo. Jorginho veio com a novinha dele, sorriso de orelha a orelha. Olhei pra quem tava com eles e não é que a nova dona do meu coração também tava junto?
Bala: Fala tu, achei que não fosse brotar. — cumprimentei a Hellen com dois beijinhos.
Hellen: Como não? Não me conhece mais?
Bala: Tu não nega furdunço, eu to ligado. Freezer tá ali, a vontade, se quiser quente, só me aciona que eu pego pra vocês. — elas já iam saindo e eu peguei na mão dela. — Tu é quem mermo?
Viviane: Ué, Daniel. Não me reconhece da época da escola? — riu e eu fiquei mais uma vez, parado na dela.
Bala: Viviane? Tá de caô. — neguei com a cabeça. — Sem neurose, tu é outra pessoa. Ai, papo reto desculpa por isso ontem, já é?
Viviane: Tranquilo. — soltou minha mão disfarçadamente. Rata!
Bala: Fica a vontade. Qualquer coisa, eu tô aqui. — pisquei e ela saiu saindo.