Acordei e o Daniel já tinha saído, então rolei de um lado pro outro na cama, enrolei mais um pouquinho e fui ajeitar as coisas.
Botei uma blusa do Chicago Bulls que ele tem e um short de lycra preto, bem dona de casa mesmo, do jeito que eu gosto de ficar.
Daniel tem uma mania muito feia de não descer as roupas sujas dele pra lavar, ai vai amontoando no cesto e depois, ele fica igual a um maluco, procurando na hora de sair.
Eu não costumo lavar, só faço quando já não cabe mais roupa. E dou sempre um esporro nele, porque a hora que eu cismar de não ajudar, ele vai sair pelado e eu vou acabar com ele na porrada.
Viviane: Bom dia! — cumprimentei todos ao descer.
Marli: Bom dia, minha filha. — estava adiantando o almoço. — Daniel falou que não vai demorar, que é pra você esperar ele, tá?
Viviane: Tá bom, vó. — assenti e fui pra área.
Quando saí pra área, vi o Callebe e o Bryan brincando numa parte de terra, perto do canteiro da vó Marli. E assim que eles me viram, saíram de lá, provavelmente, achando que eu ia brigar com eles.
Bryan: Oi tia! — me deu tchau, sorrindo.
Callebe: Ô tia, a gente só tá brincando aqui, tá? Depois eu vou juntar a terra, minha avó falou que pode. — seu olhar era assustado, ele tentava esboçar um sorriso, mas parecia receoso.
Viviane: Tá bom! Depois eu vou aí brincar com vocês...
Callebe/Bryan: Sério?
Viviane: Sério! — eles fizeram um toque de mão e em coro, gritaram: "eba".
Botei as calças jeans do Daniel pra lavar e algumas blusas pretas, já que de 10 blusas que ele tinham, que não eram de time, 13 eram pretas. Ele só andava de preto, moleque maluco.
Terminei de programar a máquina e fui pra perto deles, agachando pra brincar. Ficamos um bom tempo ali, brincando de tudo que se pode imaginar.
Bala: Cadê a Viviá, vó? — escutei a voz dele de longe.
Viviane: Tô aqui! — falei mais alto e ele apareceu na porta de cozinha.
Não conseguiu segurar o riso quando me viu, toda russa de terra.
Bala: Tá virando massa aonde, garota? Olha a tuas pernas! — debochou legal da minha cara. — E aí, molecada. Bora tomar um banho, que eu vou levar vocês pra comprar roupa.
Assim que ele falou, o Bryan levantou e já saiu correndo, deixando o Callebe pra trás.
Bala: Ou, ou. Pode voltar, Bryan. Vai ajudar o teu irmão a juntar os brinquedos. Bora! Sem corpo mole.
Olhei pra cara dele, olhei pras crianças e fiquei pasma, postura admirável.
Enquanto eu eles juntavam os brinquedos, eu peguei a vassouras de fora, pra juntar a terra que tínhamos espalhado.
Bala: Mas tu tá muito engraçada com essas pernas. — meteu a mão no bolso e pegou o celular. — Deixa eu tirar uma foto, deixa.
Viviane: Vai tirar foto nenhuma não. — dei um empurrão de leve nele. — Sai fora, sai daí.
Bala: Qual foi, amor. Tá bonitinha!! — ele estava se escangalhando de rir.
Viviane: Tu já foi hoje, Daniel?! — dei dedo pra ele, rindo e subi pra tomar banho.
Não demorou muito e ele subiu também, ficou cantando um funk ridículo no quarto, enquanto eu me arrumava.
Bala: Tu vai com nós, tá ligada né?
Viviane: Vou aonde?
Bala: Lá embaixo, tenho que comprar umas peça pros moleque, né? E pra Dani também.
Viviane: Dani?
Bala: É, pô. Minha irmã caçula... Tu não viu não? — neguei com a cabeça. — Caô. Tava lá com minha tia na sala, tu tem que ver que linda, amor. Deu até vontade...
Viviane: Vontade de quê?
Eu estava na frente do espelho, penteando o cabelo, e ele veio me abraçando por trás, botando a mão na minha barriga e olhando pro nosso reflexo.
Bala: De fazer um neném, pô.
Viviane: Ih garoto, sai. Não fica chamando não. — bati na mão dele. — Tira a mão daí, tira!
Bala: Chata pra caralho. Vacilona! — saiu de perto de mim e sentou na cama, mexendo no celular.
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