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BALA

Chegamos no pagode e logo desenrolamos uma mesa mais afastada. Já tava geral num clima maneiro, tá ligado? Geral no brilho.

Viviane tá com as colega dela um pouco mais pra frente, mas eu tô palmeando como de costume, tô ligado que de 20 que estão aqui, 25 querem ela.

Pagode tá lotado, meu parceiro lotado mermo. Parece até baile.

Saí pra dar um mijão e quando voltei, tinha um moleque diferente trocando ideia com ela, entendi nada, mas mantive a minha postura.

Bala: Tá ligado quem é? — perguntei pro Lobão.

Lobão: Acho que é primo da Hellen, negócio desse.

Bala: Primo, primo... — bebi a cerveja do copo e servi mais.

Acabei marolando com o moleque e esqueci da situação.

Jefin: Ih rapa, tempo vai fechar... — acompanhei o olhar e vi a Camila vindo na minha direção, já logo neguei com a cabeça.

Camila: Então agora, quer dizer que você tá namorando com aquela ridícula? — nem dei voz, tá ligado? Só mudei de lado e ela veio atrás. — Me responde, Daniel. Me responde!

Bala: Camila, vai pro inferno, porra! Não aperta a minha mente. Te devo alguma coisa?

Camila: Consideração.

Bala: Pelo que, cara? Para de viajar. Some... — não deu tempo de falar nada, a surtada já tava em pé do meu lado.

Viviane: Você de novo, cara? Não cansa de passar vergonha né...

Camila: Agora é assim, conheceu outro dia e deixa fazer o que quiser comigo. Mas quando quer me comer de madrugada, manda mensagem dizendo que ele é só mais um passatempo... Assume sua bronca, Daniel. Tu não tava no meu portão ontem?

Bala: Ih caralho, tá fumando o quê, mandada? Vou sair da lógica total contigo, se tu não sumir daqui agora.

Viviane: Tava no seu portão ontem? Engraçado, só se ele for dois, né. Porque ele dormiu comigo, linda. — Camila ficou sem o que responder, e tentou partir pra cima dela do nada.

Viviane é bruta desde o tempo de colégio, eu mermo já tomei várias porradas dela e Camila se atrasou. Ela só segurou a mão da Camila e foi virando pra trás, enquanto ela pedia pra soltar e chorava.

Viviane: Ronca agora, pô. Cresce pro meu lado... — ninguém chegava perto, ela não fazia esforço nenhum.

Hellen: Ela vai quebrar a mão da menina, Bala. Manda ela parar, manda! — veio desesperada pro meu lado.

Quando eu vi que o bagulho tava de verdade memo, que a outra nem tinha mais força pra gritar. Abracei a Vivi pela cintura e tirei ela do bolo doido.

Viviane: Daniel, me solta.

Bala: Tá mais calma? — balançou a cabeça que sim. — Então, já é.

Voltamos pra perto do pessoal e ela saiu com a Hellen, os moleques ficaram olhando pra minha cara, assustados.

Bala: Qual foi?

Jefin: Ô Bala, essa mulher é perigosa, hein...

Lobão: Será que não dá pro patrão contratar ela pras cobrança não? — gastaram a onda.

Bala: Sai daí, po.

Quando elas voltaram, pararam no mesmo lugar e o comédia se aproximou de novo. Eu já não tava muito satisfeito, mas fiquei pior quando ele pôs a mão na cintura dela e falou algo no ouvido.

Bala: Dá mais não... — fui na direção. — Qual foi? — me olhou assustado. — Tu não acha que muito abusadinho não?

Viviane: Daniel, não precisa disso... — olhei bem no olho dela e saí.

Não despedi de ninguém, subi na moto e ela já tava atrás de mim e subiu na garupa também.

Entramos em casa e ela ficou me chamando toda hora, tentando conversar e eu nada. Tava na minha, com raiva, com ciúme, melhor era me deixar quieto memo.

Viviane: Para de palhaçada, Daniel.

Bala: Palhaçada, Viviane? Porra, não fode, né? Eu já tava de olho nesse comédia mó tempão. Tu acha maneiro?

Viviane: Mas eu não fiz nada, cara, você não me deixou nem falar. Vê se eu tô puta contigo pela Camila, cara...

Bala: Situações diferentes.

Viviane: Daniel? Qual foi, vai ficar nessa? — tentou segurar meu rosto, pra me fazer olhar pra ela e eu empurrei a mão dela. — Quer saber? Tá bom!

Levantou da cama e começou a arrumar as paradas dela na bolsa.

Bala: Tu vai aonde?

Viviane: Pra casa.

Bala: Agora? Quem vai te levar? Aquele comédia la, né?

Viviane: Não sei se dá pra você ver, mas tenho duas pernas. — levantei e parei na frente dela. — Sai, cara. Sai!

Bala: Não vou sair, para de graça. Sossega!

Viviane: Pra ficarem me tratando mal, eu fico em casa. Não preciso disso...

Bala: Tô te tratando mal? — falei altão já.

Viviane: Bem é que não tá. E tem alguém surdo aqui? Tá gritando por quê?

Bala: Meu tom de voz é esse, parceiro. Tá bom não? Foda-se.

Viviane: Tá xingando, todo errado. Não dá pra mim não, não sei conversar assim... Me dá licença. — tentou medir força.

Bala: Todo errado? Errada é tu, cara. Cheguei pro cara na moral e tu ainda saiu em defesa dele...

Viviane: Para de gritar comigo, Daniel. Eu não sou maluca e não sei em defesa de ninguém, você que surta a troco de nada. O Juninho é gay, cara. Gay.

Bala: Tu só tá metendo essa pra se safar, Viviane. To com cara de moleque agora... — ri sarcástico.

Viviane: Se você não quiser acreditar em mim, pega meu telefone e vê o instagram dele, pô.

Bala: Vou olhar porra nenhuma não. E tu não vai embora, amanhã cedo te levo, tô sem cabeça pra pilote agora... — fiquei sem graçao. Qual é? O cara é viado memo?! Não acredito.

Deitei e fiquei vendo bagulho na Netflix, ela tomou banho, botou o pijama e deitou virada pro outro lado, quase caindo da cama.

Bala: Qual foi... Que doideira é essa?

Viviane: Nenhuma. Finge que eu não tô aqui e me deixa dormir...

Bala: Que isso, preta. Me desculpa, foi malzão mermo.

Viviane: Foda-se. Não é assim que você resolve as coisas? Vou resolver assim também.

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