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VIVIANE

Confesso que tava esperando esse momento. Eu não queria ir atrás, mas como tudo aconteceu a nosso favor, eu não tive pra onde fugir.

Quando nos beijamos, eu senti aquele frio na barriga, como se eu tivesse novamente 15 anos de idade e ele fosse o meu primeiro amor, o meu primeiro beijo. Eu não queria que aquele momento acabasse, e com toda certeza do mundo, eu não podia estar em um lugar melhor.

Vitinho: "Eu nem sei como dizer qual vestido é mais bonito, te confesso, pra mim, tanto faz. Você é a perfeiçã, responsável pela minha inspiração." — enquanto ele cantava lá, nós dois cantávamos abraçados daqui. Devia ser a cena mais bonita do mundo. — "E se a gente adiasse esse programa, pra ficar em casa vendo aquele dvd do Exalta. É a minha sugestão, nossa noite está em suas mãos. Fazendo amor até o amanhecer, a noite vai ser só eu e você. Eu já conheço bem quando me olha assim, não vê a hora de se entregar pra mim."

Viviane: Não via mesmo... — virei pra ele.

Bala: Nem entendi porque demorou, então. — me deu um selinho.

Viviane: Orgulho, ué. — dei de ombros e ele negou com a cabeça.

Bala: Ainda bem que tu não sustentou, mas aí, te falar uma parada... Bora esquecer isso e dar início a nossa história daqui, tá ligado? — arqueei a sobrancelha, meio sem entender. — É isso, pô. Começar do zero, eu e tu, sem gracinha, sem bagulho de criança.

Viviane: Sim, mas a gente tem umas coisas pra conversar... — ele assentiu.

Bala: Já é... — deu uma mordida no meu lábio e puxou de leve, soltando em seguida. — Só mais uma parada... Quer namorar comigo?

Neguei com a cabeça e me deu uma crise de riso, já nem tava mais escutando o que o Vitinho cantava.

Bala: Qual foi, garota?! — ele recolheu o sorrisinho dele na hora. — Tá me tirando de otário?

Viviane: Claro que não, Daniel. Só não esperava isso... — dei um selinho nele e afastei um pouco a boca. — É claro que eu quero. Mas... — me interrompeu.

Bala: A gente tem que conversar, eu sei, eu sei. — revirou os olhos e me deu um selinho.

Passamos o resto do baile em paz, como um casal civilizado que talvez passaríamos a ser.

Na hora de ir embora, fomos comer um cachorro quente na tia da barraca, geral conversando, trocando aquela ideia maneira, até que vi um tumulto.

Hellen: É a tua irmã ali, né não? — me cutucou.

Bala: Com o Jorgin, como de costume... — largou o que tava comendo na mesinha e foi na direção deles.

Eu não queria me meter, não aguentava mais essa merda toda desses dois. Mas levantei e fui atrás do Daniel, segurando o braço dele.

Bala: Relaxa, preta. — tirou meu braço do dele e eu parei, um pouco afastada.

Daniel falava cheio de dedos com o Jorginho, enquanto Thatiana chorava sentada na calçada. Eu tive vontade de ir falar com ela, mas depois do episódio lá em casa e dela ter feito um inferno com meu pai e minha mãe, pra eles ficarem contra mim, eu deixei...

Não sei o que aconteceu, mas o Jorginho meteu o pé e quem levou a Thatiana pra casa, foi o Rato.

Bala: Na moral, tô cansado desses b.o do Jorginho, vou ter que dar uma apertada nele, vai ter jeito não.

Viviane: Obrigada por ter defendido ela...

Bala: Que isso, preta. Mó esculacho o que ele faz, po. Sem lógica, ainda mais agora com a mina... — me olhou, arregalando os olhos, como se tivesse falado merda.

Viviane: Com a mina? — fiquei sem entender.

Bala: Ah sei lá, do jeito que eles estão, pô. Ele num assumiu a mulher perante a favela? Nada a ver quebrar o pau na rua, vai pro reservado. Ele só da mancada...

Acabei engolindo a história, mas deu uma agarrada na garganta, né? Depois eu vejo qual é.

Fomos pra casa dele e as cenas posteriores, não foram nada além do que já estamos acostumados.

Existe coisa melhor que fazer sexo de saudade e reconciliação? Duvido. E duvido muito!

5O TONS 🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora