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VIVIANE

Acordei fortemente ressaqueada e cheia de fome. Encarei o chuveiro gelado, joguei um vestido qualquer por cima e desci, procurando alguma coisa pra comer na geladeira.

Acabei esquentando um hambúrguer que veio no combo e a vó tinha separado numa caixinha, com meu nome em cima. Eu amo essa dona Marli.

Arrumei um copão de fanta laranja, peguei maionese e fui pro sofá da sala. Fiquei comendo lá, enquanto mexia no celular, até que tomei um susto com uma criança parada na minha frente.

Viviane: Ai meu Deus! — falei no automático e ele se encolheu. — Qual é o seu nome?

Callebe: Eu sou o Callebe, tia. — esboçou um sorriso meio tímido.

Notei que ele estava de banho tomado, cabelo penteado e vestia uma bermuda jeans, um tênis e uma blusa.

Viviane: Onde você vai, Callebe? O dia nem amanheceu ainda.

Callebe: É que meu irmão disse que eu não preciso ir pro sinal hoje, mas que eu ia pra escola. E como eu quero muito voltar pra escola, já fiquei arrumado pra não atrasar.

Eu fiquei sem ação, me deu vontade de agarrar aquele garoto e abraçar até cansar. Que coisa mais linda!

Viviane: Então, deixa eu te falar uma coisa, mas você promete que não vai ficar triste? — fez que sim com a cabeça, mas o sorriso logo sumiu. — Seu irmão errou o dia. Hoje é sábado, não tem aula, mas na segunda-feira, você vai e eu que vou te levar.

Assim que terminei de falar, o sorriso se abriu novamente.

Callebe: Ufa! — respirou fundo. — Mas e o sinal?

Viviane: Que sinal?

Callebe: Lá onde eu peço dinheiro pra comprar biscoito pra mim e pro Bryan, pra gente não dormir com fome.

Viviane: Não tem mais sinal, Callebe. Aqui tem um monte de biscoito pra vocês comerem quando vocês quiserem, sempre que tiverem fome. E quando faltar, você pode pedir pro seu irmão, pode pedir pra mim, pra sua tia ou pra sua avó, tá bom?

Callebe: Tá com! — falou concordando com a cabeça. — Mas você é o que minha?

Viviane: Sou sua cunhada, mas pode me chamar de tia.

Callebe: Cunhada é o que? Eu nunca tinha ouvido isso antes.

Viviane: Eu sou namorada do Dani, então, eu sou sua cunhada.

Callebe: Entendi, mas eu vou te chamar de tia, porque cunhada é difícil e eu não vou lembrar. — sorriu e eu concordei com a cabeça. — Eu posso botar o pijama de novo e dormir?

Viviane: Pode sim! Mas antes, me dá um abraço aqui. — abri os braços pra ele, que não pensou duas vezes e me abraçou forte.

Deixei que ele fosse pro quarto e logo em seguida, subi de volta. Botei o celular pra carregar, fiz um xixi rápido e voltei pra cama.

Bala: Onde você tava? — falou rouco.

Viviane: Baile da princi, baile de principal. Mochila nas costas... — cantei, gastando a onda dele. — Fui comer, minha barriga tava roncando.

Bala: E não trouxe nada pra mim?

Viviane: Eu sabia que você tava acordado?

Bala: Eu sempre acordo quando você sai da cama, cara. Sabe disso... — me puxou pra perto dele. — Agora vai ter que buscar lá pra mim.

Viviane: Ai, amor. Sério?

Bala: Não, cansada. É caô... — me deu um beijo no pescoço.

Viviane: Conheci o Callebe, inclusive.

Bala: Que que esse moleque tá fazendo acordado a essa hora?

Viviane: Você disse que ele tinha que ir pra escola hoje, ele já estava arrumado até.

Bala: Caralho! Eu esqueci... Viajei.

Viviane: Relaxa! Já conversei com ele e disse que ele só vai na segunda e que sou eu quem vai levar. — me deu um selinho.

Bala: Falando em levar, ainda sabe dirigir?

Viviane: Mais ou menos, tenho carteira, mas não tenho prática.

Bala: Então, começa a ter.

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