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Valdir me abraçou e eu resisti, ele segurava minha nuca e tentava forçar um beijo mas eu virava a cabeça. Graças a Deus fui salva pelo ônibus e pelo horário.

- Meu ônibus vem vindo, não posso perder,  se eu chegar atrasado não me deixam entrar e eu volto pro fechado.

- Então me larga! Vai com Deus!

- Me da só um beijinho?

- Não!

- Morena, semana que vem é feriado de Páscoa e eu posso dormir em casa na saidinha. Vou arrumar tudo, prometo, vai ser tudo perfeito pra poder ficar com você, você vai dormir comigo?

Não respondi. O motorista buzinou impaciente pela demora dele pra entrar no ônibus, ele correu e abanou a mão me dando tchau.
Respirei aliviada e fui pra casa

"Nunca mais esse doido vai me ver!"

Não contei nada pro Rodrigo, nunca nem toquei no assunto, fiz de conta que esse cara nem existia e segui minha vida.
Os meses foram passando, a última vez que vi Valdir foi em abril, depois disso dei um jeito de não encontrar mais com ele. Foi fácil, mudei de escola e fui estudar no horário noturno.
Com o tempo, a intimidade com Rodrigo foi aumentando, e era cada dia mais gostoso ficar com ele. As vezes a mãe dele saía e deixava nós dois sozinhos, a gente aproveitava!
Nesse meio tempo, o pai do Rodrigo abriu uma metalúrgica, eles fabricavam torneiras. Era uma fábrica pequena, mas empregava muita gente e eles começaram a contratar os vizinhos, os amigos do Rodrigo e até o próprio Rodrigo.
Uma das amigas da minha sogra chamava Kátia e ela tinha um irmão que chamavam de Limão.
Ele era meio problemático, vivia arrumando confusão com os vizinhos e até dentro de casa. Era um cara agressivo, vivia fazendo barraco, mas com o pedido da mãe do Rodrigo pra ajudar a amiga, acabaram contratando ele também.
Com pouco tempo de serviço ele e Rodrigo começaram a se estranhar, ele chamava Rodrigo de filhinho do patrão, fazia umas brincadeiras que o Rodrigo não gostava, até roubar a mistura da marmita do Rodrigo ele teve a coragem de fazer.
Primeiro foi uma discussão, depois um desentendimento mais sério, até que os dois acabaram se agredindo dentro da firma, e claro, o pai do Rodrigo acabou demitindo o Limão que passou a nutrir um ódio enorme pelo Rodrigo, a coisa ficou tão séria que a onde um estava o outro tinha que sair. Sem emprego, Limão começou a usar droga, misturava remédio com bebida e assim foi até cair no crack. Era um inferno!
Ele batia na mãe, quebrava tudo dentro de casa, chamavam a polícia, o SAMU, a ambulância chegava, levava ele pro hospital, ele ficava internado uns dois ou três dias, aí soltavam e começava tudo outra vez.

Rejeição e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora