23

855 95 1
                                    


A barriga foi crescendo e a preocupação também. Comecei a  não caber mais em minhas roupas e me dei conta de que eu também não tinha feito um enxoval.
Logo a mãe de Rodrigo me chamou, mostrou diversos macacões e roupinhas que ela havia comprado para meu bebê.
Fiquei aliviada, mas não contente. Era como se o filho fosse dela, as roupas, os sabonetes, tudo que ela havia comprado estava guardado na casa DELA.
Na casa da minha mãe, eu não tinha absolutamente nada, parecia que ela estava querendo ficar com meu bb na casa dela.
Eu não estava sendo ingrata, mas eu percebia que as intenções dela não eram tão boas quanto pareciam.
Por causa disso, comecei a não querer mais dormir na casa do Rodrigo.
Eu ficava lá durante o dia e por volta das nove ou dez horasda noite, eu pedia pra ele me levar pra casa.
Com essa minha atitude eu tinha um pouco mais de paz, quando chegava em casa minha mãe já estava deitada e não ficava falando na minha cabeça.
Rodrigo nem entrava, ele só me levava até o portão, me dava um beijo rápido e voltava pra casa.
Ficamos nessa rotina e quando eu fiz 6 meses de gestação, no mês de fevereiro, a mãe do Rodrigo me fez uma pergunta:
- O Rodrigo te levou pra casa ontem?
- Levou sim
- Que horas ele saiu de lá da sua casa?
- Umas dez e meia, por que?
- Por nada não.
Achei estranho, mas não consegui saber a onde ela queria chegar.
Resolvi não comentar nada, nos últimos tempos ele começou a se desentender com a mãe dele e eu achava que ela estava descontando os problemas que  tinha com o pai dele, então não dei bola.
Essas brigas com o tempo foram ficando mais frequentes, por várias vezes ela chegou a agredir Rodrigo, arranhava, batia no rosto, definitivamente eles não se entendiam mais.
Eu morria de pena de Rodrigo, então aproveitei um dia que ele não estava pra poder ir na casa dele, como a mãe dele não trabalhava, eu sabia que ela estaria em casa, eu queria tentar amenizar aquelas brigas.
Cheguei e encontrei ela no portão
- Oi, o Rodrigo tá aí?
- Não, ele foi na casa da avó dele, ele não te avisou?
- Ahh é verdade, ele avisou sim. Eu que acabei me esquecendo.
- Mas é bom você ter vindo sozinha, entra aqui, eu quero que você veja uma coisa.
Ela entrou e foi direto pro quarto do Rodrigo e eu segui atrás.
Vi quando ela abriu o guarda roupas, fiquei apreensiva, achando que poderia ser algo de outra mulher, mas de repente ela mexeu num bolso de uma blusa de frio, tirou de lá em pacotinho e me mostrou
- Você sabe o que é isso?
Olhei curiosa, abri o pacote e não precisei nem cheirar
- Sei sim.
- É o que estou pensando mesmo?
- Isso é maconha, onde você arrumou isso?
- Tava na calça do Rodrigo e eu achei quando fui lavar... Será que esse menino tá usando droga?
- O Rodrigo? Acho que não.
- Vou ter que mandar ele embora, ir morar na casa da minha mãe, alguém que ele conhece tá oferecendo droga pra ele.
Percebi a ingenuidade dela em fazer uma tempestade num copo d'água por causa de um "baseado", senti pena.
- Não precisa mandar ele pra casa de ninguém não. Eu vou falar com ele.
- Tá bom, mas se depois disso não der jeito, eu mando ele embora pra lá.
Fui pra casa e mais tarde conversei com Rodrigo
- Rodrigo que merda você tava fazendo com maconha no bolso da sua calça?
- Que maconha, tá Loka?
- Sei lá, sua mãe me chamou lá no seu quarto e me mostrou uma maconha que achou na sua calça.
- Puta merda! Eu guardei esse baseado pro Gu! Nem tinha lembrado! O que ela fez com o mato?
- Ela jogou na privada, eu vi quando ela deu a descarga.
- Que merda! Vou arrumar outra maconha a onde agora pra devolver pro cara?!
- Isso eu não sei. Ninguém mandou você guardar droga dos outros, agora se vira!
Ele foi embora pra casa, depois me disse que foi o maior pau, nem sei o que ele falou pra mãe dele. As coisas ficaram tão feias que agora era ele quem passava o dia inteiro na minha casa, só não ficava ora dormir porque minha mãe não deixava, mas ele chegava cedo e ia embora tarde todos os dias por bastante tempo.

Rejeição e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora