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No fim da visita eu saí e a senhora, mãe do Daniel estava me esperando lá fora.
- Oi minha filha!
- Oi senhora! Eu dei seu recado pro seu sobrinho, viu? Ele é amigo do meu namorado e te mandou um grande abraço.
- Que bom. Eu estou te esperando pra saber se vc não quer uma carona pra casa.
- Sério? Claro que quero.
Aceitei a carona e fui embora com ela que me contou sua vida pelo caminho. O marido dirigia o carro e logo nós chegamos, bem mais cedo do que eu estava acostumada, geralmente tinha que tomar dois ônibus pra ir e mais dois pra voltar.
Ela me deixou na porta de casa, eu fiquei muito agradecida, desde que comecei a visitar Rodrigo, nunca tinha encontrado ninguém pra fazer nada por mim.
Na outra semana dei um jeito de ir ver Rodrigo antes da visita, numa quinta feira. O monitor permitiu e fui até lá com minha sogra.
- Tudo bem Rodrigo?
- Graças a Deus.
- E as coisas por aqui?
- Teve tentativa de fuga na ala do lado, o primo do Leite estava lá.
- Nossa, espero não ter acontecido nada com ele.
- Claro que aconteceu, foi ele que tentou fugir e deu errado, os caras bateram tanto nele que dava pra ouvir os gritos daqui.
Fiquei em choque ao ouvir isso, coitada daquela senhora quando soubesse do ocorrido.
- Eles batem nós menores aqui tambem?
- Tentou fugir fia.
- Coitada da mãe dele quando ver ele todo machucado.
- Ela não vai ver, ele vai ficar de castigo sem visita até sair os hematomas.
Quando ouvi isso não sei oque me deu. Eu levantei e falei que ia pedir pra ver ele e o Rodrigo concordou. Minha sogra ficou falando que eu era doida, como eu ia pedir pra ver alguém que eu nem conhecia?
Mas eu sei lá oque me deu, sai de onde estava e deixei minha sogra falando com Rodrigo.
Peguei um pacote de bolacha daquelas tuc's e fui pra unidade ao lado, consegui entrar sem problema.
Entrei pela porta de ferro e tinha uma mulher sentada num balcão
- Boa tarde!
- Boa tarde! Eu queria ver o Daniel.
- Ele é dessa ala?
- Sim
- É que a moça que cuida dessa parte foi fazer o horário de janta e eu só vim pra ficar no lugar dela, você espera um pouco?
- Espero mas é que já é seis horas e as visitas só podem ficar aqui até às seis e meia.
- Permitiram você de ver ele?
Ela perguntou e ela mesmo respondeu
Bom, se você tá aqui dentro é porque eles permitiram, né?
Como é o nome completo dele.
Essa hora eu engasguei, eu não fazia ideia do sobrenome do cara, mas antes que eu falasse alguma coisa a mulher olhou pra lista na frente dela
Ele chegou aqui já aprontando, né?
- Isso, por isso estou aqui.
- Peraí que eu já vou chamar ele, Daniel que está no castigo.
Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, foi mais fácil que roubar doce da boca de criança, a mulher foi buscar o Daniel e eu fiquei ali esperando.
Olhei pro corredor, vi um muleque magrelo andando mancando, ele estava todo quebrado, muito machucado mesmo.
- Oiii!!!
O pior de tudo é que ele falou comigo como se me conhecesse.
- Oi Daniel, eu sou a Renata, mulher do Rodrigo que está na 13. Conheci sua mãe e ela me disse que vc estava aqui. Soube que vc tentou fugir e que tinha apanhado então dei um jeito de vim falar com vc
Quer que eu leve algum recado lá pra fora?
- Pede pra minha mãe trazer minha Muié e diz que amo muito ela.
- Olha, te trouxe uma bolacha e pode ficar com esse maço de cigarro, acho que até a visita da pra vc se virar.
- Muito obrigado por ser corajosa. Você é muito louca kkkk
- Fica com Deus, vou ver meu marido se não a chapa vai esquentar.
Me despedi do Daniel e corri pra unidade do Rodrigo.
Cheguei lá já estavam recolhendo ele, que ficou bravo dizendo que eu tinha abandonado ele pra falar com a visita dos outros.
Nem liguei. Dei um beijo e fiquei de voltar no domingo.

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Rejeição e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora