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Rejeição e vingança
Parte 68
Eu precisava de roupa para tomar banho e me trocar, desde que havia fugido do meu pai, eu estava me vestindo com a roupa dos outros.
Conversei com minha sogra e ela combinou comigo
- Você ainda tem a chave da sua casa?
- Tenho, está comigo.
- Então vamos até lá na hora que seu pai não estiver. A gente pode espiar até ele sair e aí você entra pra pegar suas coisas.
- Eu topo, mas você vai comigo?
- Eu vou pra te defender, vai que ele chega na hora que você estiver lá.

Então combinamos para no dia seguinte ir buscar minhas roupas e assim fizemos.
Fomos até o condomínio e esperamos um tempo pra assegurar que ele não estava. Entramos no apartamento e fui direto pegar minhas coisas, quando saí minha sogra começou a falar
- Nossa, esses móveis são móveis bons, pensei que eram coisas de casas Bahia.
( Ela nunca tinha ido em casa antes)
Você tem que dar um jeito pra recuperar suas coisas, não pode deixar isso pra trás, vale uma fortuna.

Eu fui ouvindo aquilo, comentei

Mas vou deixar aonde essas coisas, não tenho onde colocar

- Ah sua boba, você constrói em cima da minha casa um cômodo, depois qdo Rodrigo sair, vc aumenta o cômodo e constrói sua casa. Isso aqui vai ficar pra eles mesmo, depois que eu morrer, alguém vai ter que tomar conta dessa casa...

Eu confesso que não vi maldade nas palavras dela, acreditava que realmente ela queria me ajudar.
De tanto falar na minha cabeça, ela me convenceu a ir na minha casa e buscar tudo.
Convidou um amigo dela com uma perua a carregar as coisas pra mim e assim eu fiz.

Certo dia, esperei o meu pai sair e desmontei tudo. Carreguei a cada inteira! Eu estava tão cega, que não pensei no choque que meu pai ia ter no dia que chegasse em casa e encontrasse a casa vazia. Não percebi que estava deixando ele na mão, ou melhor, na verdade eu estava roubando meu pai, pois apesar dele ter me dado aquelas coisas, ele também fazia uso nos dias que estava lá.
Mas a verdade é que foi isso que eu fiz, fui induzida por ela e em nenhum momento eu podia imaginar oque me aconteceria.
Quando cheguei com a perua na casa dela, me lembro o desespero dela para que tudo fosse logo descarregado

- Descarrega isso logo, já pensou se seu pai chega aqui e vê o caminhão cheio de coisas?
- Oque que tem? As coisas são minhas, ué.

Ela já tinha maturidade e sabia como meu pai se sentiria, fez de maldade, mas eu burra fui na dela.
O meu pai nunca apareceu lá pra saber dessas coisas, nem nunca tocou nesse assunto, mesmo 20 anos depois, mas eu sei a mágoa que criei no coração dele, sei porque também passei por isso anos depois, mas naquela época eu não tinha noção e eu me ferrei.
Quinze dias após eu levar todas as minhas coisas pra casa da mãe do Rodrigo, ela simplesmente me jogou na rua, grávida e com um filho nós braços.

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