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Pela primeira vez eu podia curtir minha gravidez, a minha barriga. Não precisava apertar  dentro de uma calça jeans com vergonha do que as pessoas iam falar.
Comecei a fazer meu enxoval e curti cada roupinha, era tão gostoso!
Mesmo com tanta felicidade, minha gestação foi de risco, tive algumas intercorrências e fui fazer meu pré natal no hospital das clínicas, meu bebê crescia mais do que o normal e minha barriga estava imensa, causando dificuldades para eu andar.
Rodrigo chegou na minha casa contando que tinha feito amizade com um tal de Bocão e que esse cara queria nos presentear completando meu enxoval, eu aceitei. Fomos numa loja e compramos tudo que eu queria, sem precisar olhar o preço, foi tudo pago pelo Bocão, o novo amigo do Rodrigo.
Fui pessoalmente na casa dele para agradecer os presentes e conhecer a família dele. Eram pessoas muito boas e educadas, sempre dispostas a ajudar as pessoas.
Nesse dia combinei com Rodrigo para ir até a loja para comprar o berço e o guarda roupas da Rafa.
- Rodrigo eu quero ir hoje comprar os móveis na loja, porque minha médica disse que eu posso ser internada a qualquer momento, minha barriga está muito grande.
- Eu vou te levar, vou pegar o carro do Bocão, ele disse que vai me emprestar, aí eu te levo nessa loja. Que horas fecha?
- Acho que fica aberta até às sete horas, vou tomar banho e arrumar o Danilo e espero você aqui.
Rodrigo saiu e foi buscar o carro na casa do Bocão e eu fiquei esperando.
As horas foram passando e comecei a me preocupar, Rodrigo não voltava.
Deu sete horas, fiquei com raiva, Rodrigo tinha me feito de palhaça! Que raiva!
Esperei ele aparecer até meia noite, mas nada de Rodrigo, então com raiva, deitei e fui dormir.
Na manhã seguinte Rodrigo não apareceu pra levar Danilo na creche, chamei um táxi e fui sozinha. Eram os primeiros dias de aula, ele tinha começado dias antes e ficava distante da minha casa, não dava pra ir andando.
Deixei Dan com a professora e resolvi passar na casa do Rodrigo na volta, cheguei a mãe dele ainda estava dormindo.

- Oi, o Rodrigo está aí?
- Pensei que ele estivesse na sua casa.
- Ele saiu dizendo que ia pegar o carro do Bocão emprestado e não apareceu mais.
- Ele passou por aqui e disse que ia pegar o carro desse moço pra te levar numa loja.
- É verdade, mas ele não apareceu.
- Meu Deus! Será que aconteceu alguma coisa com esse menino?

Nós ficamos paradas nós olhando sem saber oque pensar.

- Será que aconteceu alguma coisa com ele?

Eu mal andava direito, não sabia por onde começar a procurar Rodrigo, saí perguntando na rua se alguém tinha visto ele e nada de conseguir alguma informação.
Com a pressão muito alta resolvi ir pra casa, uma hora ele ia ter que voltar, ele não podia ficar na rua pra sempre.
Mais tarde, na hora de buscar Danilo, o tal do Bocão apareceu na minha casa, oferecendo carona pra buscar o menino, eu aceitei, não podia ficar gastando com táxi pra cima e pra baixo.
Quando estava voltando, pedi pra ele passar na casa da mãe do Rodrigo, quem sabe ela tinha alguma informação.
Buzinando na porta, ela apareceu super calma

- E aí, alguma notícia do Rodrigo?
- Tem.
- Como assim, tem? Vc sabe onde está ele?
- Preso!
- Que? Como assim? Foi aquele desgraçado do Valdir outra vez?
- Não.
- Então me fala logo, oque foi que ele fez pra ir preso?
- Tava parado, lá na biqueira.
- Fazendo oque na biqueira?
- Com os "amigo" dele.

Olhei pra Bocão e comecei a chorar desesperadamente.

- Calma Renata, eu conheço os policiais aí da delegacia, vou até lá oferecer dinheiro pra tentar soltar seu marido.
- Eu não vou ter como te pagar se eles aceitarem
- Eu estou fazendo porque quero, não tô pedindo nada em troca não.

Bocão me levou em casa e foi até a delegacia pedir pra falar com Rodrigo e com o delegado, ofereceu 100 mil reais pra que soltassem Rodrigo, mas não teve acordo, o boletim de ocorrência já tinha sido feito e não existia nada que pudéssemos fazer, Rodrigo foi preso, dessa vez não era Febem, era cadeia de verdade.
Fiquei sem chão, não sabia oque fazer, como esconder isso do meu pai, eu fiquei desesperada.
Naquela época os presos ficavam na carceragem nos fundos das delegacias, aguardando o julgamento, muitos cumpriam até as penas ali mesmo.
Rodrigo ficou preso na delegacia que ficava na rua da minha casa, a mãe dele foi na primeira visita e voltou me trazendo um recado
- Ele pediu pra você ir lá porque ele precisa falar com você.
- Não tenho como ir, não posso ficar naquela fila, alguém pode me ver.

Rejeição e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora