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A mãe do Rodrigo me recebeu no portão e me mandou entrar, vi que meu sogro estava consertando as bicicletas das crianças que a tempos estavam jogadas no quintal.
Fui pra sala e me joguei no sofá, fiquei ali quietinha e percebi que causei um certo desconforto em todo mundo. Eles perceberam que eu estava com dor e ficaram sem graça pelo Rodrigo não estar em casa:
- Já chamei o Rodrigo umas três vezes, não sei o que ele tanto faz nessa quadra, desde tarde ele ta jogando bola! - minha sogra justificou.
Não falei nada, só queria um cantinho pra ficar quieta e não queria ficar sozinha, fiquei com medo de passar mal e não ter ninguém pra me levar pro hospital.
O pai dele entrou e sentiu o clima, perguntou pra minha sogra se ele já tinha voltado:
- Cadê o Rodrigo, não veio ainda?
- Vai lá você e chama, porque eu já fui três vezes e ele não me ouviu. Não consigo entrar na quadra, tem que pular o muro ou o portão, eu pedi para os meninos que estavam pulando dar o recado por mim.
Percebi uma certa tensão, mas permaneci calada, sentada no sofá tentando disfarçar a dor.
Quando Rodrigo finalmente chegou, foi recebido aos bérros, meu sogro que nunca tinha ficado contra ele, xingou e ofendeu um monte!
Ele entrou na sala e se jogou no sofá de 2 lugares, do lado de onde eu estava.
A mãe dele veio até a porta e pediu pra ele ir na padaria buscar pão e ele disse não.
O pai veio igual a um furacão, mandando ele ir na padaria naquela hora e ele por algum motivo negava. Ele não queria ir mas meu sogro obrigou e ele não teve escolha.
- Renata vamo comigo na padaria?
- Não, nao quero ir
- Preciso te contar um negócio
- Não quero, o que foi que aconteceu?
- Aconteceu um negócio, vamo comigo que eu te conto no caminho
-Nao vou.
Na verdade não foi por birra, eu realmente não estava aguentando andar, mas se eu que tava grávida não entendia que meu BB estava querendo nascer, imagina ele?
- Você não vai, né?
- Não Rodrigo! Já falei que não! Você não tava com seus parça na rua? Então! Agora vai lá e chama eles pra ir com vc!
- Tá bom, só que não adianta me perguntar o que aconteceu porque eu NUNCA mais vou te falar.
Rodrigo levantou, trocou a camiseta e o boné, pegou o dinheiro do pão e saiu. Não entendi nada da atitude dele e fiz pouco caso, mas no fundo achei aquilo estranho... "o que será que ele tinha pra me contar?"
Ele voltou em coisa de poucos minutos, colocou o troco em cima da mesa e realmente cumpriu oque prometeu: não tocou mais no assunto sobre o que tinha acontecido.
Mais tarde, mesmo com dor, resolvi ir dormir em casa, ele só me levou e foi embora, dizendo que tinha que acordar cedo pra ir trabalhar.
No dia seguinte acordei passando mal, sentindo muita dor, me troquei e fui pra casa dele, mas chegando lá minha sogra não estava.
- Cadê sua mãe Amanda?
- Ela foi socorrer a filha da vizinha que apanhou na escola e teve que ir pro hospital
- Caramba, eu tô cheia de dor, acho que também vou precisar ir no medico.
O telefone tocou, minha cunhada atendeu correndo, era minha sogra preocupada por ter deixado ela sozinha:
- A Renata tá aqui mãe, acabou de chegar.
Ela pediu pra falar comigo mas quando tentei levantar pra atender, as minhas pernas travaram e eu não consegui andar.
- Amanda avisa sua mãe que minha perna travou, não consigo sair daqui.
Minha cunhada passou o recado e minha sogra se desesperou, ligou no telefone sem fio e pediu pra minha cunhada me entregar:
- O que você tá sentindo?
- Não sei, não consigo andar.
- Acho que seu BB vai nascer, vou correndo pra casa, vc precisa ir pro hospital
Aquilo foi um choque, eu não estava preparada para esse momento, senti vontade de chorar e muito medo.
- Não vai nascer agora não, não quero ir pro hospital.
- Renata, vai tomar um banho que eu já tô indo pra casa, deixa suas coisas arrumadas que assim que eu chegar a gente vai pro médico.
Desliguei e com a ajuda da minha cunhada levantei do sofá e fui pro chuveiro, olhei pra minha calcinha tinha um leve sinal de sangue, me apavorei.

Rejeição e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora