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Eu tinha um problema sério, dessa vez não ia ter como esconder do meu pai que Rodrigo estava preso. Ele notaria sua ausência e logo iria me perguntar.
Eu tava fodida porque meu pai era policial civil e meu pai sempre odiou drogas, sempre!
Ele tinha um problema sério com gente drogada e Rodrigo havia assinado um tráfico. Meu medo maior não era sobre oque poderia acontecer comigo, mas eu conhecia bem o meu pai e conhecia as coisas que acontecem do lado de dentro de uma delegacia, porque quando criança eu passava mais tempo com meu pai do que com minha mãe e eu cansei de ouvir e ver preso sendo torturado, essa é a verdade, meu pai usaria do poder e das amizades que tinha pra entrar naquela delegacia, torturar e humilhar o Rodrigo no máximo e era isso que eu queria evitar.
A delegacia ficava a alguns minutos da minha casa, então no desespero, eu durante uma ou duas semanas, saia de casa e sentava na porta da delegacia, ficava horas do outro lado da rua olhando lá pra dentro, até escurecer. Não comia e nem bebia nada, fazia apenas 1 refeição por dia, porque era obrigada a fazer janta pro Danilo.
Não demorou pra que um policial viesse falar comigo

- Te vejo aí todo dia, o que tá pegando?
- É proibido sentar na rua?
- Talvez seja, vai depender do que vc vem fazer aqui, tem algum parente preso aí dentro?
- Tenho sim
- Então melhor vc ir circulando, ou vou pensar que vc tá planejando uma fuga.
- Com esse barrigão, moço?
- Já vi de tudo nessa vida, mas de uma coisa tenho certeza... Nunca te vi na visita.
- É que meu pai tambem é da polícia e o pai dos meus filhos foi parar aí... Tenho medo de ficar na fila e alguém passar e me ver e ir contar pra ele... Seria o fim.
- Mas vc grávida, fica o dia todo aqui sem comer?
- Eu fico, não tenho coragem de comer sabendo que ele pode estar passando fome.
- Eu tenho um jeito de te ajudar, se vc quiser é claro.
- Como?
- Eu sou carcereiro aí da delegacia, se vc trouxer uma marmita pra mim, eu posso dividir com seu marido, meu plantão é segunda, quarta e sexta e meu nome é Edson, é só vc entrar lá por trás e dizer que vai falar comigo.
- Claro que quero! Então tá fechado, depois de amanhã eu venho trazer seu almoço
- Mas ai... Capricha na comida, heim?
- Pode deixar... Vou fazer todo dia uma comida diferente.

Que sorte eu tive de encontrar com aquele carcereiro, fui pra casa feliz da vida e dois dias depois fui levar a comida.
Na terceira vez ele deixou eu entrar pra falar com Rodrigo, quase apanhei!

- Tá fazendo oque aqui dentro? Não tá vendo que os caras ficam sem camisa?
- E daí?
- É falta de respeito isso!
- Não se preocupe que eu não tô incomodada, eu só queria falar com vc um pouquinho
- Fia vai embora e para de me trazer comida.
- Como assim?
- Os outros presos vão achar que eu tô tendo previlégios e vão desconfiar que eu tô correndo com a polícia. Vou acabar tendo problemas aqui dentro, então por favor, para com isso.
- Tá bem, me desculpa, eu não queria te prejudicar, eu só queria vc bem
- Combina com esse polícia ai pra vc entrar na visita sem pegar a fila, da um dinheiro pra eles te por na frente, vem na semana que vem que eu quero falar com vc, agora some daqui e não aparece mais se não for dia de visita, entendeu?
- Tá bom Rodrigo.
- E nosso filho tá bem?
- Tá com saudades do pai
- Fala pra ele que eu amo muito ele, amo você também.
- Também te amo
- Agora vai, não quero vc fora de casa com esse barrigão não meu!

Virei as costas e saí, chamei o carcereiro e contei minha conversa com Rodrigo

Rejeição e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora