Eu ainda tinha bastante fralda que ganhei no chá de BB, mas Danilo era muito grande e perdia as roupas num piscar de olhos.
As coisas na casa de Rodrigo foram de mal a pior, nunca vi uma família decair tanto como a deles.
Naquela casa sempre existiu fartura, muita comida, os vizinhos chegavam a abusar, pediam coisas emprestadas e até dinheiro pra pagar depois, mas agora não tinha mais nada disso.
A mãe de Rodrigo ficou insuportável, todo dia era uma briga com meu sogro, todo dia tinha discussão.
No dia que ele não vinha pra casa, ela brigava com Rodrigo, descontava nele toda sua frustração. Era insuportável viver ali. As brigas eram tantas que viraram rotina, com o tempo ninguém ligava mais.
Uns dois meses depois desse escândalo, minha sogra arrumou um esquema pra trabalhar na campanha política.
Era coisa rápida, a gente ia com um grupo de 12 pessoas para uma feira em algum ponto da cidade e distribuía panfletos, as vezes tinha que ir pro farol.
Como ela tava envolvida diretamente com o político, então o salário era bom e eu topei na hora, pois meu filho já estava ficando sem as coisas.
Como Rodrigo estava desempregado tomava conta do Dan, dava banho, mamadeira e ficava responsável por ele até eu chegar umas quatro da tarde.
Pra mim era puxado, pois além de sair às 6 da manhã e trabalhar em pé, quando chegava ainda tinha que ficar com o menino pq o Rodrigo me entregava e sumia pra rua. Como não tinha outra alternativa, fiquei morando na casa dele, porque saia muito cedo pro trabalho e era perigoso sair sozinha com o menino no colo, gordo e pesado.
Um dia a mãe de Rodrigo recebeu um telefonema no meio da feira, achei estranho porque ela pediu pra ir embora, conversou com a coordenadora que decidiu me deixar ir também.
Não entendi direito o que estava acontecendo e também não me lembro o motivo da gente não ter embora junto, ela foi de carona no carro de alguém e eu fui de ônibus.
Quando cheguei em casa, ela já estava, só vi a hora que o Rodrigo entrou com ela no carro do tio dele e eles saíram. Lembro também de outro carro que foi seguindo eles, com 3 homens dentro.
- Cadê meu filho?! - perguntei pra vizinha que estava lá tomando conta das crianças.
- Tá dormindo lá dentro.
- O que tá acontecendo? Onde ela foi com Rodrigo?
- Na delegacia. Esses homens do outro carro são policiais e vieram aqui pra levar o Rodrigo, só não levou antes porque ele é menor e tava com o bebê no colo, aí ele ligou pra mãe.
- Levar pra onde?
- Pra delegacia uai!
- Pra fazer o que?.
- Não sei, parece que foi alguma briga, alguma coisa que o Rodrigo se meteu.
- Briga??? Mas o Rodrigo não é de briga.
- Pois é. Fica aqui com seu filho e seus cunhados, espera sua sogra e mais tarde eu venho aqui pra saber.
- Tá
A vizinha saiu, eu fiquei ali, tentando entender o que tinha acontecido
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Rejeição e Vingança
RomanceHá pessoas que, longe de virar a página depois de uma decepção, uma rejeição ou o que elas interpretaram como uma injustiça, alimentam esse ódio chegando até mesmo a planejar uma forma de devolver o desgosto.