Um belo dia minha irmã me procurou dizendo que mu pai queria me fazer uma proposta
- Ele quer falar oque comigo?
- Ele quer te ajudar.
- Ajudar como?
- Contei pra ele que vc fez o curso de cabeleireiro e vc sabe como ele é, né? Ele disse que vai dar um jeito de te ajudar.
Fiquei meio surpresa, desde a gravidez do Danilo eu não tinha mais falado com meu pai. O que será que ele queria comigo?
Lembrei dos dias antes de me formar cabeleireira... Duas semanas antes de terminar o curso eu acabei brigando com Rodrigo, a mãe dele acabou mandando ele embora de casa e no caso, eu não teria onde deixar meu filho pra poder ir pra aula.
Lembrei que avisei a professora e que tentei negociar pra poder levar o menino comigo, mas não teve acordo.
- Oi professora, eu não sei se já falei mas eu tenho um filho e durante todos esses meses eu deixei ele com o pai, na casa da minha sogra pra poder vir até aqui e assistir sua aula. Mas é que agora que ta acabando, eu não vou ter mais onde deixá-lo e precisei trazê-lo comigo.
- Desculpe Renata, mas você não pode ficar aqui com ele.
Procure alguém que te ajude, faltam só duas semanas pra acabar.
- Eu não tenho, se eu não puder ficar com ele, então vou ter que desistir
- Se vc tiver tudo isso de falta vc vai vai conseguir se formar e pegar seu diploma.
Um diploma do Senac é uma coisa muito importante, sabe...
- Não vai ter jeito. Obrigada por tudo professora.
Os outros alunos fizeram uma roda e ficaram em silêncio, tristes por mim. Aquilo era uma família, um ajudava o outro.
Virei as costas e fui embora sem me despedir.
Naquele dia senti ódio por ter um filho, achei que nunca mais na minha vida eu poderia concluir algo, realizar um sonho, buscar algo melhor pra mim.
Fui pra casa e chorei, muito!
Eu queria tanto ir na formatura, ia acontecer uma festa e seria lá no Ilha Porchat
Mas não teve jeito, ainda fui em uma ou duas aulas naquela semana, mas depois não fui mais. Não tinha onde deixar o meu filho. Foram meses de estudo jogados no lixo! Resolvi não pensar mais, ainda mais depois que eu descobri que Rodrigo tinha feito as pazes com a mãe dele e estava tudo de boa.
"Essa velha só fez isso pra eu não terminar o meu curso!"
Comecei a me ligar que ela não era tão boa comigo, mas ainda não enxergava quem era ela nessa época.
Duas semanas se passaram e o curso enfim terminou pra quem foi até o fim.
Dias depois recebi um convite pelos correios, era pra festa de formatura no tal Ilha Porchat, mostrei pra minha mãe e uma amiga da família que estava em casa.
- Recebi o convite! Eles me convidaram pra festa.
- Vai filha!
- Não posso mãe, não tenho roupa e nem onde deixar o Danilo.
- Eu cuido do seu filho pra vc ir (Eu nem podia acreditar que aquilo estava acontecendo)
- Precisa não, mãe, eu nem tenho roupa mesmo.
A amiga que estava em casa me olhou
- Eu posso resolver o problema da roupa, se vc quiser....
Eu tenho um vestido preto que te serve.
Com o incentivo dela e da minha mãe eu aceitei, o ônibus viria buscar todos alunos e levaria até o local, depois traria de volta, assim eu não teria gastos e daria pra ir nessa festa.
A formatura era no próximo fim de semana e duraria o dia inteiro.
No dia levei o vestido e as coisas de arrumar cabelo dentro de uma mochila, todo mundo ia deixar pra se arrumar lá.
A festa foi linda, teve apresentações, comida e por último a entrega dos diplomas. Todas nós estávamos muito bem arrumadas e maquiadas e eu assisti uma por uma, amigas da turma, recebendo seu certificado. Senti uma pontada no coração, eu estava triste, não ia receber o meu.
Depois que a última pessoa recebeu, todas elas foram lá na frente e ouvi meu nome sendo anunciado
- Renata, essa turma não existiria sem você que nos ajudou, deu apoio, incentivo, foi amiga e por isso nós queremos te entregar isso
Olhei para as mãos da professora e ela esticou um papel branco, fui até lá buscar e cai no choro, sendo abraçada por todos, era meu certificado, eles entregaram meu diploma também.
Fiquei muito feliz, essa foi minha primeira conquista!
Já estava tudo combinado entre eles, só eu não sabia.
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Rejeição e Vingança
RomanceHá pessoas que, longe de virar a página depois de uma decepção, uma rejeição ou o que elas interpretaram como uma injustiça, alimentam esse ódio chegando até mesmo a planejar uma forma de devolver o desgosto.