Rejeição e Vingança

52

Rodrigo ficou foragido por bastante tempo, eu continuei desempregada e minha vida só não era pior porque Pablo me ajudava.
Comecei a ir na casa dele todo dia e nossa amizade só fortalecia, vi tudo que eles faziam ali, embalavam drogas, pesavam e o fluxo do dinheiro só crescia.
Pablo tinha apenas 18 anos, mas era o maior traficante do bairro.
Ele era muito tímido e doce, passou mais da metade da vida na Febem e apesar de ter tanto dinheiro ele nunca tinha ido no McDonanald, nem chupado corneto, nunca tinha ido no cinema também.
Rodrigo pouco se importava comigo e com Danilo, a vida dele estava fácil e toda vez que eu ia visitar ele na casa da avó ele tava tranquilo, não perguntava se a gente estava precisando de alguma coisa ou não.
Do lado de cá eu também comecei a viver, comprei roupas novas, voltei a cuidar de mim e deixei de fazer questão de estar com Rodrigo, já não ia mais com tanta frequência na casa da sua avó.
Eu nunca mexi nas coisas do Pablo, ele nunca pediu nada em troca do dinheiro que me dava, meu papel ali era de amiga da família e a confiança era tanta que eu já me metia nos assuntos financeiros e até as mulheres com quem ele se envolvia tinham medo de mim.
Quando ele levava alguma mulher pra casa, a mãe dele me ligava
- Renata, vem pelo amor de Deus tirar essa piranha daqui.
Eu ia e batia na porta
- Pablo, levanta, toma banho e manda essa puta sair!
E ele me ouvia, tudo que eu falava pra ele era lei.
Não demorou muito pra Rodrigo notar minha mudança:
- Humm roupa nova, foi no cabeleireiro também?
- Fui Rodrigo, porque?
- Quero saber onde vc ta arrumando dinheiro.
- Seu que não é, então não me enche o saco.
- Vou te pegar no pulo Renata, me aguarde.
- Não faço nada de errado, pode tentar, vc nunca vai descobrir nada de mim.
- Se eu descobrir, vou te quebrar, tô te avisando.
- Tem que ser muito homem pra bater em mim.
- Vc tá muito valente, vou acabar com sua alegria.
Rodrigo tinha mudado e eu também, incrível como as coisas mudam e a gente não vê. Eu achava que ele era egoísta e só pensava em si e com apoio do Pablo voltei a viver e ele achou que eu ia ser pra sempre aquela otária que ficava trancada dentro de casa, me humilhando por um pacote de fralda ou um litro de leite pro meu filho.
Só que o cenário era outro, eu queria mesmo que ele continuasse fugido e bem longe de mim, pois assim eu poderia continuar ali no meio do tráfico, eu era a única mulher que ficava no meio deles e eles todos me respeitavam, eu sabia tudo sobre a vida de todos e a mulherada morria de raiva de mim.