Rejeição e Vingança

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Rodrigo fico na casa da avó por bastante tempo. Não tive como esconder o que estava acontecendo da minha família, acabei contando tudo pra minha mãe e pra minha irmã, só guardamos segredo do meu pai pelo medo da reação que ele viesse a ter.
Nos finais de semana algum parente sempre me buscava para passar o dia lá com Rodrigo, cheguei até dormir com ele algumas vezes.
Enquanto meu mundo caia desse lado, pro Rodrigo parecia estar tudo tranquilo, ele sempre estava feliz e sorridente, jogando bola ou empinando pipa.
Comecei a achar que aquilo não era justo, eu trabalhava, comprava cigarro de pacote pra ele, presenteava com roupas, sapatos e ele vivia tranquilo, sem responsabilidades e sem preocupações.
Cansada dessa situação eu decidi que ele ia ficar com Danilo durante a semana pra eu poder trabalhar e assim eu fiz, ele passou a cuidar do filho e eu ia duas ou três vezes na semana pra ficar com os dois.
Com essa mudança na rotina, claro que as coisas ficaram mais difíceis pra ele e não demorou muito pra ele  querer voltar pra casa da mãe.
- Renata o Rodrigo falou com você de voltar a morar aqui?
- Falou sim, disse que não quer mais se esconder.
- Claro que não, ele é louco?!
- Se ele é louco eu não sei, sei que do jeito que tá não dá pra continuar, porque tá muito fácil ele passar o dia coçando e eu tendo que me virar pra sustentar o Danilo.
Claro que depois dessa conversa a mãe dele passou a me odiar, ela queria sossego e tanto fazia se pra mim as coisas estavam difíceis, ela só  não queria ter dor de cabeça.
Mesmo contra a vontade dela, não demorou muito e Rodrigo voltou. Todos mundo ficou com medo, mas ele ficava todo tempo dentro de casa, o máximo que fazia era sentar no portão.
Eu fiquei num clima super chato com a minha sogra, então evitava ir na casa dela e quando ia sentava no portão com Rodrigo, já não queria mais saber de entrar.
Num domingo ela me ligou, disse que estava com saudades do Danilo e pediu pra que eu levasse o menino até lá.
Me arrumei, troquei ele e quando estava a caminho eu decidi passar pela rua do Waster, pois alguém tinha que por um ponto final nessa história, Rodrigo tinha que voltar a ter uma vida normal, não podia passar a vida inteira se escondendo.
Meu plano era passar e se encontrasse com Waster, ia chama-lo pra tentar apaziguar a briga.
Desci bem de vagar olhando pra dentro do prédio e pra dentro do bar que tava cheio de homens, mas não deu para encarar ninguém. Eu fiquei sem graça e estava com meu filho no colo, mas pelo que tinha visto esse Waster tinha sumido no mapa, nem sinal dele por lá.
Cheguei na minha sogra e fiquei até escurecer, quando fui embora a mãe do Rodrigo que me ajudou a subir carregando a bolsa do Danilo.
- Qual era o prédio do Macaíba?
Apontei com o dedo
- Esse ali
- E onde ele foi morto?
- Dizem que caiu dentro do prédio.
Ela olhou curiosa tentando entender. O prédio era todo fechado com grade e portão automático
- Como será que entraram aí?
- Meio difícil, mesmo se entrassem seria difícil pra fugir e tem mais, a delegacia fica do outro lado da rua.
- É verdade.
Me despedi e agradeci por ela ter me ajudado, peguei a bolsa e fui embora pra casa, eu estava acabada de tanto pensar nessa história, precisava dormir.