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Meu pai procurou pelo jornal um ponto para montar um salão de cabeleireiro e em pouco tempo encontrou um salão que estava sendo arrendado no bairro da Freguesia do Ó. Fomos lá para conhecer e fechamos negócio, era uma casa boa com um ponto comercial, um salão pequeno, mas com uma boa aparência.
Fiquei feliz por ter meu salãozinho, mais ainda quando comecei a ganhar dinheiro.
O único problema era a distância, pra chegar na casa de Rodrigo eu tinha que pegar dois ônibus e um metro, ou atravessar a cidade de carro pela marginal, isso levava mais de duas horas por dia.
Chamei Rodrigo para morar comigo mas ele não aceitou, então eu deixava meu filho com ele durante a semana e no sábado a noite eu ia pra casa da minha sogra ficar com eles.
Eu não me sentia feliz, minha rua ficava em um local comercial e eu não tinha vizinhos, muito menos amigos, acabava me sentindo sozinha e sentia muita falta do Rodrigo e do meu filho.
Mesmo ganhando muito dinheiro, não tinha maturidade pra viver aquela situação, continuei trabalhando firme e dei o dinheiro pra Rodrigo guardar na casa dele, para poder abrir um salão ali pelo bairro, assim poderia ficar perto da minha família e sustentar minha casa.
Minha clientela aumentou, contratei duas manicures e mais um cabeleireiro para poder me ajudar, ampliamos o salão e trabalhamos muito, peguei muita experiência ali.
Não demorou muito para minha sogra me chamar para reclamar

- Olha, se vc tá ganhando dinheiro e te condições, então vc pega o seu filho e leva com você, porque aqui o pai dele não cuida, ele larga comigo e some pra rua e eu não sou obrigada a cuidar do seu filho.
- Tudo bem, vou levar o menino comigo, mas nos finais de semana o movimento é muito grande e não dá pra ficar com ele lá
- Então vc trás ele na sexta e volta para trabalhar no sábado e domingo.

E assim eu fiz, trabalhava e cuidava de criança o dia todo e na sexta feira, atravessava a cidade com meu filho pra poder ficar com Rodrigo.
Muitas vezes eu chegava e ele não estava, eu deitava no quarto e acabava dormindo esperando ele aparecer pra cuidar do menino, mas ele só chegava depois da meia noite e eu acabava não tendo como ir embora.
No outro dia acordava cedo e mesmo assim chegava atrasada para abrir o salão e comecei a perder alguns clientes.
Ao invés de valorizar meu emprego, eu preferi ir atrás de Rodrigo, eu queria descobrir onde ele estava e o que estava fazendo e confiei na manicure que trabalhava pra mim, como eu tratava ela como irmã, ajudava financeiramente, eu acreditei que ela teria essa mesma consideração por mim, mas não.
Ela junto com os outros funcionários começaram a me roubar, quando dei por mim, eu já estava quebrada. Os clientes sumiram, além da reclamação de que o salão estava quase sempre fechado, as manicures ofereceram atendimento à domicílio por um preço mais barato do que eu cobrava.
O cabeleireiro roubou até os equipamentos que eu tinha e minha única opção era fechar.
Fui correndo falar com Rodrigo, e ele me apoiou

- Renata, pega o dinheiro que vc guardou e junta com a venda dos móveis e vem pra cá. A gente aluga uma casa e abre um salão por aqui, te garanto vai ser bem melhor.

- É isso que vou fazer, vou anunciar os móveis no jornal e assim que vender, nós começamos a procurar um ponto por aqui.

E assim eu fiz, vendi os móveis  da minha casa e alguns do salão, foi tudo muito rápido, fiquei tão feliz que tudo tinha sido vendido com facilidade que saí para comemorar com Rodrigo.
- Renata, agora que a gente vai ficar perto novamente, a gente podia ter outro filho. Quem sabe não vem uma menininha? O Danilo já tá grande, vamos tentar?
- Vamos! Amanhã eu paro de tomar meus remédios.

E assim eu fiz, não precisei nem esperar, na primeira transa após ter parado com a pílula eu já estava grávida.
Fiquei tão feliz! Estava radiante, pois diferente do que foi com Danilo, agora eu não dependia de ninguém, eu podia fazer meu enxoval do meu gosto e eu tinha certeza que eu teria dinheiro suficiente para me manter pelo tempo que fosse necessário, depois colocaria o bebe na creche e continuaria trabalhando.

Meu pai na intenção de ajudar, alugou um apartamento no mesmo bairro da mãe de Rodrigo e fez um único pedido:

Olha, pode ser que eu precise dormir aqui algumas vezes nos dias em que eu não estiver de plantão na delegacia, mas nos outros vc pode ficar tranquila, a casa é sua.
Ele mobiliou o apartamento com os melhores móveis, minha casa era realmente linda e eu comecei a procurar o ponto para montar meu novo salão.
Dessa vez minha barriga cresceu rápido, denunciando que eu estava esperando outro filho e por mais que alguém tentasse me criticar, dessa vez eu não me envergonhava, já cortava logo dizendo:

- Sou eu quem vou sustentar! O problema é meu e ngm tem nada com isso!

Por mais que as pessoas ficassem contrariadas, eu não dava bola, eu estava feliz demais com minha família unida.

Rejeição e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora