Carminho
- Olá filha, como correu?
Assim que entrei em casa, a minha mãe lançou-me inúmeras perguntas sobre a faculdade e todo o ambiente na mesma.
Principalmente sobre ter aulas noutra língua, o que podia ser um grande desafio.
Mantive alguns pormenores apenas para mim, pois não queria que tivesse mais preocupações, já lhe bastava o trabalho. Contudo, fui honesta, dizendo-lhe que era complicado. A minha mãe, um pouco triste, suspirou.
- Desculpa filha, vou ajudar-te no que puder. E se precisares, arranjamos um professor para te ajudar na matéria.
- Não vai ser preciso! Vou aplicar-me, estudar e consigo entender. - Aproximou-se.
- Tens a certeza?
- Sim. E se tiver apontamentos escritos facilita, porque o problema é a pronúncia e a rapidez de falar. - Encolhi os ombros. - Estás a trabalhar e a dar-nos uma vida melhor. Nunca te desculpes por isso mãe. - Dei-lhe um beijo.
Ela ficou surpreendida e comovida com o que disse, tal como eu. Fiquei um pouco na sala de estar com ela e com as gémeas.
Acabamos por lanchar tostas e sumo de laranja natural, enquanto víamos televisão.
- Mãe? Achas que posso dar um pulinho á casa dos vizinhos da frente? - Virei-me para ela, que soltou leve gargalhada.
- Na outra noite que dormiste com ele não me disseste nada e agora estás a pedir? - Revirei os olhos e ela voltou a rir. - Vai lá, mas vens jantar certo? - Assenti, levantando-me.
ander.piper
Sempre vens?
CarminhoooooEstava a lanchar, desculpa. Queres que vá ter onde?
Aqui a casa. Estou sozinho
Troquei alguns beijinhos com Tyson, prometendo que íamos dar um passeio depois de jantar. Deixei a janela da sala aberta, para o animal sair e entrar. Avisei a minha mãe antes de sair, atravessando depois a estrada.
O rapaz esperava-me no interior da vivenda, já o portão estava encostado. Fechei-o, encarando o Ander... Sem camisola.
Aproximei-me dele, sendo envolvida pelos seus braços na minha cintura.
- Como correu?
- Bem. - Encolhi os ombros.
O rapaz fez sinal para que entrássemos na sua casa, perguntando se queria algo. Disse-lhe que não, seguindo-o pelas escadas.
Cedeu-me passagem para o seu quarto. Reparei que estava muito mais arrumado.
- Disse que tinha saudades tuas. Até arrumei o quarto para ver se passava mais rápido. - Sorri-lhe, ele era maluco. - A minha mãe vai adorar, já me andava a pedir há semanas.
- Imagino! - Sentou-se na cama, fazendo sinal para me sentar perto dele. - Ander, o que ficou ela a pensar de mim?
- Nada, nem penses nisso.
- Ela parecia... Tu sabes, habituada a ver coisas do género, se me faço entender.
Um sorriso provocador surgiu no rosto dele. O que me deixou bastante confusa. Onde estava a possível piada? Arqueei a sobrancelha, vendo-o a inclinar-se mais para mim.
- Achas o quê? Que todas as raparigas saem da minha casa com roupa minha e com os sapatos na mão? - Gozou, novamente.
- Ander! Qual é a piada mesmo?
- És tu. E o quão stressada és! Achas que ela se preocupa com isso? A vida é minha.
Mantive-me em silêncio.
- E não, ela só conheceu a Danna. Não costumo trazer raparigas para aqui. - Pousou a mão nos meus lábios. - Relaxa, Carminho.
- Que vergonha, juro.
- Não tenhas. Ela já te tinha visto a sair de casa e na noite em que houve a confusão.
- Ainda assim. Tenho a certeza que não pensou que nos tínhamos enrolado nessa noite. Como deve ter pensado daquela vez Ander! - Voltou a gargalhar do meu pânico.
- Se te deixa mais relaxada, ela disse que eras muito bonita e que me batia se partisse o teu coração. - Encolheu os ombros.
Desta vez, acabei por me rir.
- E eu esclareci que estava fora de mim, que me foste buscar e que só dormimos.
- Ela acreditou?
- Claro. Temos uma boa relação, ela sabe que o filho que tem não é um santo. Portanto, não há necessidade para lhe mentir.
- Isso é bom. Ainda bem.
- Os meus pais voltam tarde hoje, penso eu. Se ainda estiveres cá, apresento-te em condições para ficares mais descansada. Pode ser? - Não soube o que lhe dizer.
- Achas boa ideia? Quer dizer, não temos nada, sei lá, não o faças se for por mim.
- Faço porque gosto de ti. E porque sei que vais passar mais tempo cá em casa, então mais vale informar a rainha da casa.
- Ui, estás muito confiante.
- Sei que acreditas em mim. - Colou os lábios à minha bochecha. - Queres falar sobre algo em específico? - Balancei a cabeça, negando. - Em relação à Danna... Estás esclarecida?
- Mais ou menos. Ela vai continuar atrás de ti. Não é lá muito confortável. Mas lá está, eu e tu não temos nada. E só espero que sejas honesto comigo, em relação a tudo. - Ele concordou. E logo, tomou os meus lábios.
- Agora que estamos conversados... - Beijou-me entre palavras. - Só quero beijar-te.