Carminho
Sentia-me deitada na cama errada.
Não fazia sentido estar na minha cama, quando o meu vizinho da frente, estava noutra. Passou cerca de meia hora desde que deixamos o muro e fomos para casa. Trocávamos mensagens, de modo a manter-nos juntos.
Não havia dúvidas que estava apaixonada por ele e que desejava estar ao seu lado. Só queria o aperto do meu moreno.
Era tão cringe sentir necessidade de estar a trocar mensagens com ele. Assustava-me só de pensar em ficar novamente sem ele, depois doa sentimentos que partilhamos.
Entretanto, o Ander deixou de me responder e minutos depois, ouvi um som na minha janela, que me levou a sair da cama.
Apoiado na casota do Tyson, o rapaz batucava na minha janela várias vezes.
- O que estás aqui a fazer?
- Não quero ficar longe de ti, Carminho. Quero-te tocar e sentir que és minha.
Logo, os seus lábios atacaram os meus. Os seus braços rodearam a minha cintura. Intensificava o beijo, enquanto me levantava do chão e fazia-me entrelaçar as pernas em torno dele. Quase a perder a calma, deitou-me na cama.
Afastei as pernas, para que se deitasse em cima de mim. Não havia qualquer medo ou receio, as preocupações desvaneceram por completo. Era só eu e ele, naquele quarto.
A convencer-nos novamente, explorar o corpo um do outro por longas horas. Todo o calor e a intensidade que Ander colocava em cada beijo, em cada toque, deixavam-me rendida. Se fosse possível, ainda mais do que já estava. A paixão continuava a mesma entre nós.
Era tão fácil exprimir-me com ele. De todas as formas que devemos exprimir-nos com alguém de quem gostamos.
Sem segredos, sem máscaras.
A verdade nua e crua, como se costuma dizer, embora fosse num contexto mais bonito. Só de o ver a admitir o meu corpo nu por baixo dele e o brilho no olhar a intensificar-se, deixava-me ainda mais perdida.
O meu coração estava cheio. Não havia lugar para tanta emoção junta. Toda admiração que mostrava sentir por mim, toda a preocupação em fazer-me sentir bem, era o que despertava mais interesse em mim, por ele.
Acho que nunca me tinha sentido tão bem.
Ambos aliviados e cansados, apenas nos deitamos ao lado um do outro. Continuava com os braços em redor do seu peito.
O moreno passeava os dedos pelo meu cabelo, com um sorriso encantado nos lábios.
- Estou oficialmente apaixonado por ti.
- E eu por ti.
Olhei para ele, virando o meu corpo, juntamente com o lençol, para o dele. Pousei a mão no rosto dele, contornando os seus lábios vermelhos e um pouco inchados dos beijos com alguma brutidade que me deu.
Não queria acreditar que era possível voltar a sentir-me tão apaixonada e feliz com alguém, o que me deixava ainda mais no céu. Depois dos obstáculos todos, estávamos ali.
Pedido nos braços um do outro. Nos olhares cheios de ternura e desejo. Era a sensação que não queria voltar a perder.
- Tu e a Ester? Nunca pensei.
- Nem eu. Ela tem sido muito simpática comigo Ander, estou surpreendida com ela.
Ele ficou em silêncio.
- Depois de ter descoberto que a Danna dormiu com o Samuel, encontrei-a com Christian uma noite e acabamos a conversar.
Reparei que ficou um pouco tenso.
- És sincera comigo, certo? - Assenti, não devia sequer perguntar algo do género.
Olhei para ele. Confusa e receosa.
- Tu e o Christian... Bem...
Esbocei um sorriso divertido, sem conseguir crer no que estava a tentar perguntar. Até o seu rosto ganhou uma corzinha.
- Claro que não. Nunca. Gosto muito dele, mas como amigo. Sem dúvidas mesmo.
- Tens a certeza? Não quero... Que me deixes.
- Isso não vai acontecer. - Pousei de novo a cabeça no ombro dele. - Tu sabes que sempre gostei de ti Ander, não sei quais são as dúvidas que ainda tens dentro da tua cabeça, mas fiquei a sobreviver durante estas semanas, para estar contigo novamente.
Disse-lhe, sendo melosa e totalmente honesta com o rapaz. Queria que tivesse a certeza que a minha escolha era ele. Sempre foi.
- Quero amar-te sem restrições. Sem medos. E sem segredos. Acredita em mim.
Um sorriso voltou a crescer no rosto dele.
Levou a mão à minha nuca e envolveu-me num beijo cheio de paixão e desejo. A falta que senti, ainda não estava saciada. Acabei por me sentar sob as suas virilhas, sentindo-o a reagir contra mim em meros segundos.
Apenas nos beijávamos, enquanto tentávamos controlar as nossas mãos com vida própria, que passeavam pelos nossos corpos nus.
A conexão que sentia com ele... Era rara.