carminho
Encostada à janela aberta do meu quarto, trocava olhares e sorrisos com moreno. Ander, segurava uma ganza entre os dedos, soltando o fumo pela pequena janela do sótão.
Parecia com um aspeto muito melhor, ao fim de dois dias. Segundo Christian, o rapaz queria mesmo sair daquele buraco.
Fiquei satisfeita por terem feito as pazes. Eles eram amigos há imenso tempo, partilhavam as mesmas aventuras e opiniões. A personalidade era diferente, embora tivessem muitas coisas e formas de ver a vida em comum.
Sabia que Ander ia ser ajudado por Christian e que queria mesmo ultrapassar a recaída. Ficava aliviada e animada por ele.
Por muito que não estivéssemos juntos há uns dois dias, queria confiar nele.
ander 🤍
Tenho saudades tuas
Estás chateada comigo?Levantei a cabeça do telemóvel.
Balancei a cabeça negando, com uma vontade imensa de o abraçar. Estávamos a uns quantos passos de distância, mas sentia-o longe. O meu telemóvel voltou a vibrar.
Para além de uma segunda mensagem do Ander, também uma notificação no instagram, que me chamou a atenção.
ander.piper
Mencionou-te na sua históriate extraño
🏷 carminhof.gUm sorriso cresceu nos meus lábios.
Quando voltei a olhar para o Ander, segurava um pano branco, o que me fez rir. Curiosa, abri a sua mensagem também.
ander 🤍
Tréguas?
Nunca tive chateada
Ok! Então... Lanche?
Concordei com o moreno, embora tivesse o tom de pele ainda mais claro que o meu. Porém para mim, contava a cor de cabelo.
Apressei-me a calçar uns ténis, lavar o rosto e os doentes. Avisei a minha mãe que ia ter com o Ander, dando mimos ao Tyson, antes de sair da minha cama e passar a estrada. Era tão bom morar á frente do rapaz.
Antes que tocasse na campainha, reparei que ambas as portas estavam encostadas. Encontro o Ace deitado na relva, a mordiscar a água que saia da mangueira.
Pensei que ia encontrar o Ander, embora a silhueta fosse mais parecia com a da sua mãe, o que me deixou bastante tímida.
- Carminho, por aqui? Está tudo bem?
- Olá! Sim, está tudo bem e consigo? - Mostrei um sorriso alegre, sentindo depois umas mãos na minha cintura. - Ander! Que susto! - Logo, o rapaz sorriu animado.
- Também está tudo bem! E tu filho, ainda te sentes mal-disposto? - Preocupada, olhei para o rapaz ao meu lado.
- Não, já estou melhor.
Posto isto, entrelaçou a sua mão na minha e levou-me para o seu quarto. Os seus braços não hesitaram em abraçar o meu corpo contra o dele, enquanto os seus lábios deixaram um rasto de beijos na minha cabeça e testa.
Derreti-me por completo no calor do Ander. As saudades eram imensas. Sabendo que lutava há uns meses contra o seu antigo vício, aumentava a dificuldade em estar longe.
- Não me afastes de ti Ander, quero ajudar. É difícil estar neste lado. - Murmurei, segurando o seu rosto nas minhas palmas.
- Acredita que não é fácil estar do meu lado. - O rapaz sussurrou, sentando-se.
- Passaste mal outra vez?
- Mais ou menos. - Encolheu os ombros. - Não é de um dia para o outro que consigo sair disto e passar pela fase de abstinência. Então, estou a tentar diminuir as doses.
- Ander... Não achas que devias falar com os teus pais? E passar por esta fase na presença de algum deles?
- Não, claro que não. Eles não podem saber.
Acabei por suspirar, sem saber que dizer.
O rapaz esticou os braços na minha direção, envolvendo novamente a minha anca, puxando o meu corpo para o seu colo. Passei as mãos no seu cabelo despenteado.
Procurei os seus lábios. Um beijo. Um alívio de todos os problemas recentes. Por sua vez, notei que procurava o mesmo que eu.
Cedeu ao meu beijo facilmente.
- Sinto a tua falta Carminho. - Sussurrou contra a minha boca. - Espero que não tenhas outra imagem de mim.
- Eu conheço-te. E vou ajudar-te a sair disto. És meu namorado, não faz sentido deixar-te numa situação delicada como esta. Percebe uma coisa Ander, não somos miúdos de quinze anos. Não te vou julgar.
- Eu sei...
- Não, não me parece que saibas. Parece-me que tens medo de te abrir comigo em relação ás drogas e ás recaídas. E isso deixa-me triste, por estarmos em pleno século XXI e por existirem mentalidades tão fechadas.
- É algo que não me traz orgulho e obviamente não quero partilhar contigo um lado mau meu, porque gosto de ti e quero que me vejas como o Ander por quem te apaixonaste.
- Continuas a ser esse Ander. Acredita, não me vais assustar facilmente. Tenho consciência das coisas e estou aqui para ti.
- Obrigado Carmo, por existires e insistires.
Mostrou-me um sorriso carinhoso, levando-me a enroscar de novo no seu aperto.
(...)
🙆🏽♀️🥺