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carminho

O meu telemóvel despertou-me.

Ao olhar para a tela desbloqueada, reparei em sete chamadas não atendidas. Seis do Ander e a Ester havia ligado uma vez.

Tentei ligar de volta para o moreno, embora as duas tentativas não fossem correspondidas. Os meus olhos procuraram o relógio do telemóvel, percebendo que eram quatro da manhã. Fiquei um pouco confusa com a situação.

Levantei-me da cama, voltando a ligar para o rapaz. Ao aproximar-me da janela, procurando uma luz acesa na vivenda à frente da minha, os meus olhos arregalaram-me.

Reparei que alguém estava caído à beira da estrada. Braço estendido e na mão, o telemóvel a piscar várias vezes.

O meu coração caiu-me aos pés.

Calcei os chinelos, descendo as escadas em passos apressados. Tentei não fazer barulho, de modo a não acordar a casa, saindo num ápice e deixando a porta aberta.

Tyson veio atrás de mim, aproximando-se primeiro de Ander que eu. No entanto, foi num instante que o alcancei também.

Levei as mãos ao pescoço dele.

- Ander?

Reparei não lábios roxos e no quão pálido ele estava. Comecei a balançar levemente o corpo e a cabeça do meu namorado, percebendo o quão gelado ele se encontrava.

Comecei a sentir-me bastante nervosa, sem saber o que fazer. Olhei para o telemóvel, ainda na minha mão, procurando ajuda. Apenas uma pessoa me ocorreu, o que me levou a correr os dedos pelo ecrã do objeto. Rapidamente liguei para Christian.

- Christian?

- Carminho? Está tudo bem? São quatro da manhã, o que se passa? - Percebi que estava a dormir, devido à voz.

- O Ander. Encontrei-o deitado na estrada, ele estava desmaiado. Não sei o que fazer Chris. O que é que eu faço? - Senti lágrimas a formarem uma barreira preta nos meus olhos.

Isto porque mal conseguia ver com clareza.

O Christian pediu que mantivesse a calma. Ele saiu da cama, pelos barulhos que ouvi, dizendo que vinha ter comigo.

Coloquei o telemóvel no chão, segurando o rosto do meu Ander com cuidado. Procurei por algum hematoma ou algo que justificasse o seu desmaio e o facto de estar tão pálido. Porém, os seus olhos abriram lentamente.

- Ander? Consegues ouvir?

Ele sentou-se num ápice, atordoado com o que se estava a passar. Podia perceber o tamanho e a intensidade da confusão dele.

Levantou-se, procurando algo nos bolsos. Sem sequer se importar com a minha presença. Não sabia o que lhe dizer, visto que procurava pelos seus bolsos algo - à partida - muito importante, devido ao seu desespero.

- Ander?! Podes, por favor, parar por um segundo e explicar-me que merda se passa? Eu pensei que estavas a dormir.

Elevei o tom de voz, segurando braço dele.

Assim que olhou para mim, processou tudo de uma só vez. A sua expressão caiu.

- Carminho...

- Estás a deixar-me aflita. O que se passa?

- Eu... Carminho, eu não sei. Eu quero parar, mas não consigo. Nem queria ter começado, só que a chantagem da Danna deixou-me maluco e não tive outra alternativa.

- Não estás a fazer sentido. - Balancei a cabeça e tentei segurar o seu rosto. - Tem calma, estou aqui para ti.

Os seus olhos penetraram os meus.

- Por favor... Ajuda-me a parar. - Foi então, que lágrimas se formaram nos seus olhos.

- A parar o quê?

Antes que me respondesse, apenas levantou a mão com um saco transparente. No interior do mesmo, um branco.

Fiquei extremamente estupefacta. Cocaína? Ele andava mal... Por causa de droga?

- Ander...

- Ao início bastava as ganzas... Depois ficou tão insuportável. Aquela festa onde fui um filho da mãe contigo foi o motivo pelo qual decidi tocar em cocaína outra vez. Ver a mágoa e desilusão nos teus olhos... Carminho, só queria apagar os teus olhos da minha cabeça.

Lágrimas deslizaram pelo rosto dele, quando se afastou de uma forma repentina de mim, sendo obrigado a apoiar-se ao poste. Reparei que teve uma tontura naquele momento.

Antes de o alcançar ou processar qualquer informação, o moreno inclinou o corpo para os arbustos e relva ao lado da sua casa, deixando o seu corpo expulsar qualquer vestígio de drogas e o que estivesse no seu estômago.

Encostou-se ao fim de uns minutos ao portão da sua casa, incapaz de olhar para mim. Olhava somente para o pequeno pacote.

- É o que queres?

- Não, mas preciso. Preciso tanto. - Começou por abrir. - A minha cabeça vai rebentar. - Com a ponta dos dedos, levou o produto ao nariz. Eu estava chocada, apenas.

- Por favor, não o faças. - Sussurrei, levando as minhas mãos ao seu braço.

- Eu não quero, Carminho.

O pânico e o desespero no seu olhar, foram o bastante para as minhas lágrimas escorrerem e para o meu coração acelerar. Ele estava mesmo a sofrer com o vício.

Sabia que o Ander há uns anos perdeu-se para as drogas, mas acabou por se encontrar com os apoios da sua mãe e do seu pai.

- Prometi que não ia voltar a ter uma recaída, a minha mãe nunca me vai perdoar.

- Ainda não é tarde...

Pousei a mão na dele, baixando os seus dedos empoeirados de perto do seu nariz. Levei a sua mão à minha camisola, limpando-a. Enquanto o seu olhar abraçava o meu, retirei as drogas da sua posse com cuidado.

Queria que ele percebesse que não o estava a julgar. Que queria ajudá-lo no que pudesse. Eu sabia que ele precisava de mim.

Entretanto, o Christian chegou.

(...)

Esperam por isto? 🥺

HIGH  ➛  ANDER MUÑOZOnde histórias criam vida. Descubra agora