carminho
Sentada à beira do passeio com Christian, sentia-me um pouco mais calma. Saber que há alguém compreensivo e bom amigo no meio de todo o caos, era reconfortante.
Soltei uma breve risada, sentindo de novo os efeitos das substâncias enroladas, e igualmente pela personalidade do rapaz.
Sentia-me observada.
Ao longe, raparei que Ander estava bastante tenso a olhar através da estrada, até encontrar o Christian inclinado para mim, enquanto nos riamos e partilhávamos a ganza. Notava que o rapaz estava desconfortável.
E não pretendia, de todo, criar uma reação negativa. Muito menos através de Christian, de todas as pessoas, jamais um amigo dele. Fazer-lhe ciúmes não era a minha intenção.
Reparei, em meros milésimos, a Danna a segurar o queixo de Ander com firmeza e este a sacudi-la, um pouco bruto.
Logo, um bate bocas aceso entre ambos acontecia junto ás pessoas, levando a morena a apontar-lhe o dedo e ao rapaz completamente a consumir-se de raiva, esmurrar os ferros. Nem queria acreditar no que estava a ver.
Como Danna continuou a gritar, até conseguia ouvir a sua voz e estava afastada, Ander quase perdeu a cabeça. Gritou de volta, pedindo que se calasse de vez.
A rapariga disse para nunca se esquecer do que estava em jogo e nesse momento, foi quando os olhos de Ander ficaram negros.
Para melhorar, Valério decidiu provocar e ficar do lado da namorada.
- Christian... Eles vão lutar!
Assim que terminei a minha frase, tanto o rapaz como eu, nos levantamos. Valério atirou-se para cima de Ander, sem qualquer aviso. Até a própria Danna ficou surpreendida.
Por sua vez, o Ander domou-o rapidamente e ainda esmurrou duas vezes o rosto dele. Porém as coisas não ficam por ali.
Guzman e uns dois rapazes tentaram ajudar o Valério e bater no meu moreno.
Christian e Nano meteram-se de imediato.
O rapaz de vinte e três anos, tentava acertar os seus golpes contra Valério, que continuava com os gritos e provocações.
Com toda a confusão e corpos já envolvidos numa luta, fiquei totalmente perplexa quando uma garrafa foi partida na cabeça de Ander. A mesma estava nas mãos de Danna, o que levou Valério a defender-se com o objeto. O corpo do primeiro caiu no chão.
Corri para junto dele, segurando o seu rosto. O meu coração estava acelerado e toda eu tremia de medo pelo que tinha visto. Comecei a tentar despertar o rapaz, que não reagia.
- Por favor acorda. Não me faças isto Ander, por favor. - Choraminguei, deslizando os dedos pelo rosto avermelhado dele.
Assim que começou a despertar, abracei todo o seu corpo mole e atordoado.
Christian ajudou-me a levantá-lo.
Sem qualquer modos, virei-me para a Danna, igualmente escandalizada com a situação. Sem a mínima consideração por ela, puxei o punho, fechado, deixando bater contra o rosto dela, de embale e bem a seco.
A rapariga recuou alguns passos e assim como eu, todos ficaram chocados com a minha ação, o que me fez voltar para junto de Ander. Segui Christian até aos carros.
Nano e Samuel juntaram-se a nós.
Christian destrancou o carro de Ander, sentando o rapaz nos bancos de trás. Ele estava muito perdido no tempo mesmo.
- Bom gancho de esquerda. - Nano comentou, o que me fez rir devido aos nervos.
Começaram a conversar com o amigo, de modo a trazê-lo de volta à realidade. Logo, começou a ganhar cor de novo. A ficar muito mais ciente e com a memória intata. Ainda tentou voltar pela traição de Valério.
Os rapazes impediram que se envolvesse numa segunda luta, acalmando-o.
Sentia-me mal disposta, de tão nervosa me sentir. A imagem de uma garrafa chocar contra a cabeça de Ander e partir-me em cima dele, só me chorar querer chorar mais.
Nano pousou as mãos nos meus ombros.
- Respira miúda, ele está bem. - A minha única reação foi abraça-lo e chorar. Eram somente os meus nervos e ansiedade.
- Vi tudo acontecer... Como é que ele o Valério foi capaz? Podia tê-lo morto.
O rapaz manteve-de em silêncio, apenas confortando-me num abraço. Resultou ao fim de algum tempo. Apenas desejava ir para casa, sem mesmo falar com Ander. A confusão que o meu interior sentia, aterrorizava-me.
- Realmente, não a mereces.
Christian resmungou, fechando a porta do carro com alguma forma, quando o rapaz ligou o motor do carro.
- Não tenho que levar com isto. Ela que fique longe de mim, Christian.
Posto isto, fez marcha atrás.
Ele estava mesmo a falar da Danna? Porque eu senti as palavras direitamente a atingir-me por reparar na reação do Christian e pelo olhar que recebi de Ander, quando este fez a manobra e o carro parou ao meu lado.
Arrancou acelerado, fazendo-se ouvir o escape modificado a metros de distância.
- Ele estava a falar de mim?
- O Ander está louco. Não sei o que se passa, mas nunca o vi assim. Ele perdeu-se de vez. Eu não sei Carminho, mas ele não está a ser nada bom para ti...
Encolhi os ombros.
- Anda, vou deixar-te em casa. Esta festa foi um fiasco de qualquer forma.
(...)
Drrrrama