carminho
Após passar o rosto por água fresca, prendi os meus cabelos num rabo de cavalo alto. Estava imenso calor.
Agradecia por não ter usado muita maquilhagem, visto que estava a derreter com o calor naquela vivenda. Mesmo sendo pessoas da faculdade, ainda eram imensas. Inclusive, o meu olhar encontrou Danna, quando entrei na casa de banho principal.
Estava acompanhada pelas suas amigas e por Samuel e Christian. Sai da casa de banho, mais calma e consciente. Foi apenas o choque com o meu estômago. Álcool a mais.
Sai para o jardim, vendo que Rúbia e Mercedes ainda dançavam e bebiam.
Como me sentia muito melhor, fiquei perto das duas malucas na pista de dança. Não tardei a avistar a Ester a dirigir-se ao exterior.
A rapariga era bastante bonita. Nem parecia real. Na verdade, nenhuma delas. Danna veio a seguir à loira. Ambas começaram a dançar. Era apenas um pequeno jogo de ancas entre elas. E imensas gargalhadas também.
Notava-se que não estavam sóbrias.
Tentei manter-me confiante. Não deixar que a rapariga me apagasse ou fizesse sentir insegura naquele momento.
Estava demasiado bem-disposta para que isso acontecesse. Logo, não ia deixar.
Fiquei de costas para a zona onde estavam, focando-me apenas em mim. E na Mercedes e na Rúbia, que estavam mesmo a sentir o ritmo da música e a letra.
Soltei imensas gargalhadas mesmo.
Um som um pouco mais calmo, Downtown com a participação da Anitta invadiu o jardim da vivenda de Luna e Rúbia.
As duas raparigas juntaram-se a mim. Faziam movimentos muito mais sedutores.
Envergonhada, senti vontade de fugir.
No entanto, não o fiz. E uns braços envolveram a minha cintura, fazendo-me soltar um grito de susto. Este que foi abafado pelas colunas, o que agradeci mentalmente. Senti um queixo pousar no meu ombro e uns lábios roçar pela jawline e no meu pescoço.
Os braços seguravam a minha anca contra a dele, que se movimentava lentamente ao som e ao ritmo da música também. O seu perfume, os seus lábios... Inconfundível.
Virei-me de frente para ele. Reparei pelos olhos vermelhos que tinha fumado.
- Tu estás louco.
- Louco deixaste-me tu, depois do vídeo que a Luna publicou. - Sussurrou, aproximando a cara da minha orelha. - Louco mesmo.
- O que é que posso fazer para te ajudar? - Sem esperar, olhou-me surpreendido.
Encolhi os ombros.
- Podes vir dormir comigo outra vez. - Mostrou um sorriso, segurando o meu rosto com a mão, o que me fez fechar os olhos. - Carminho, pára de me provocar.
- Não estou a fazer nada.
- Acredita, não sabes com quem estás a lidar. É melhor não me provocares mais.
Sussurrou, fraco.
Prendeu os meus lábios num beijo. O meu rosto aqueceu de imediato e todo o meu corpo incendiou num ápice. Levei as mãos ao cabelo inexistente dele, deixando-me levar pelo beijo, por toda a vontade que tinha.
Pouco me importava quem estava à nossa volta ou o que podiam pensar de mim. Tinha noção e confiava naquele miúdo.
- Podemos ir embora?
Pediu-me, embora não soubesse o que fazer. A verdade, é que queria dançar.
- Não me parece. Ainda não.
- Pelo menos dorme comigo. Por favor. - Olhei para ele, mordiscando os meus lábios. - Carmo, não me faças isso.
- Ok, eu durmo contigo. Agora vai, vai falar aos teus amigos. - Sorri-lhe animada.
O rapaz assim o fez.
Respirei fundo, antes de encarar as raparigas e de me deparar com os olhares curiosos. Sentei-me junto de Luna, que apenas sorria. Começou por perguntar se tínhamos algo e eu disse que só nos estávamos a conhecer.
- Com tantos homens, pegaste logo o mais gostoso. - Soltou umas breves gargalhadas. - A sério Carminho, sua sortuda!
- Até parece!
- Eles são os três demasiado para os meus olhos aguentarem. Gostava de encostar aquele Christian á parede. - Olhei para a Mercedes, as minhas gargalhadas eram altas. - Aí a sério, ele é qualquer coisinha.
Trocamos algumas opiniões sobre os rapazes da festa e aos poucos comecei a descobrir mais um bocadinho sobre cada um.
De facto, tudo se sabia naquele bairro.
Porém, acho que conheci as pessoas certas. Era uma sensação familiar.
Sempre fui uma pessoa conta tanta vida, o que se apagou por completo. Olhei para as janelas, onde Ander estava encostado. Conseguia sentir um sorriso parvo no meu rosto.
- Aí rapariga, estás á espera de quê?
A Luna deu-me uma leve cotovelada, ao perceber que estava completamente distraída a olhar para o Ander.
- Vai ter com ele. Qual é o problema?
Nesse momento, reparei que a Danna olhava para mim e para ele.
- Aquele é o problema.
- É um problema passado. Portanto, agarra-o e mostra-lhe quem és o presente.
(...)
Surprise surprise 👀