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Carminho

- Lamento o que aconteceu. E desculpa por ter sido tão insensível contigo.

Encolhi os ombros.

Senti a sua mão procurar o meu queixo, de modo a que olhasse nos olhos dele. Deixei que me visse por completo. Sem rótulos e sem uma única barreira. Não havia nada escondido com medo de ser usado contra mim.

Era assim que queria que me olhasse. Despida de medos e de rótulos, apenas a Carminho que ele conheceu e foi capaz de amar.

A forma como me estava a olhar, arrepiou-me de uma ponta à outra.

- Não quero passar mais um único dia longe de ti Ander. - Sussurrei, perdida no seu olhar. Ele era tão intenso e profundo. - Não te disse nada antes, porque me queria concentrar nas notas, e assentar as ideias.

- O que mudou?

- Consegui as melhores notas. E percebi que houve somente uma coisa que se manteve com a maior certeza dentro de mim.

Inclinei-me para ele, deslizando os dedos pelas suas bochechas frias.

- Tu. E o que sinto por ti.

- Nunca quis fazer com que sentisses o mesmo que sentiste com o Esteves. És tão merecedora de mais e melhor Carmo. Desculpa, dá-me uma oportunidade para me redimir e mostrar o que sinto verdadeiramente por ti.

- Sim. Por favor. É tudo o que quero. Não aguento estar longe de ti Ander, estas semanas estavam a dar comigo em maluca. Espero que saibas que não foi por não confiar.

- Eu sei que não. Agora percebo o porquê de não falares do assunto. Só quero que deixamos isto para trás, ok?

Balancei a cabeça, concordando.

- Por favor, já te posso beijar? - Desesperada, o moreno apenas sorriu.

Arrastei-me para ele, abraçando o seu pescoço enquanto pressionava os meus lábios contra os dele, completamente angustiada pela saudade, pela falta do toque dele. Foi duro demais ficar o mais longe dele possível.

Não podia cair em tentação, embora quisesse fazê-lo muitas noites. Apenas me mantive mais focada nos estudos.

O moreno correspondeu ao beijo, levantando-me com ele. Encostou-me contra a árvore atrás dele, deixando o meu corpo escorregar contra o dele lentamente. Enquanto isso, intensificava o beijo e mordiscava os meus lábios.

- Caralho, é novamente a palavra adequada para descrever o que sinto por ti. - Não sei, mas estava a ser romântico?

- Isso soa um pouco estranho, sendo portuguesa, mas vou aceitar. - Soltei uma breve risada e o moreno apertou-me num abraço. - E eu também te amo. Mesmo.

Sussurrei perto do seu ouvido.

Toda a tensão presa no seu corpo foi libertada no momento em que processou as palavras que lhe havia sussurrado.

- Estás a falar a sério?

- Claro que estou. Estes dias foram torturantes para mim, não tens a noção. - Admiti.

O rapaz segurava o meu rosto, com um sorriso rasgado no seu rosto. Sorri também, como não o fazer? Ele era tão cativante e parecia estar tão apaixonado por mim.

- Quero tanto estar contigo. - Sussurrei de novo, aproveitando a onda de coragem. - Ter-te nos meus braços e tocar-te.

Deslizei os meus lábios pelo pescoço dele, até à sua orelha, mordiscando-a.

Ele pressionou as minhas ancas.

- Carminho... Estás a testar-me? Olha que não durmo com ninguém há meses. E sinto tanto a falta do teu corpo, que não me vou conter. - As suas palavras pegaram fogo dentro de mim. - E é só contigo que penso em estar.

- Como eu. Perdoei-te muito antes de ter percebido que o queria fazer. A verdade, é que a culpa não foi tua. Mas fiquei muito magoada por não me teres dito.

- Eu sei. Foi lixado para mim. Entre as manipulações da Danna e ter voltado a estar na branca com o Valério...

Lágrimas voltaram a subir aos meus olhos.

- Nunca quis que te prejudicasses. - Lamentei, bastante triste. - E agora... Como estás? Depois de teres consumido de novo, ganhaste alguma habituação ou vício?

Soltou uma breve risada, que me deixou muito confusa. Entretanto, apenas apertou as maçãs do meu rosto e beijou os meus lábios.

- Tu és o meu único vício, Carminho.

Sorri-lhe, encantada com as borboletas que me estava a fazer sentir dentro de mim.

Ficamos a encarar-nos durante algum tempo, até que nos sentamos no muro. Perguntou-me se queria fumar e eu assenti. Encostei a cabeça ao ombro dele, enquanto enrolava.

- Sabes... Eu só queria fumar. - Brinquei, vendo o seu olhar confuso. - Vi a tua foto e sabia que tinhas cenas contigo. E eu não.

- Tão engraçadinha que estás.

Lambeu a mortalha, pronto para a fechar.

E aquele movimento foi extremamente sexual para mim, depois de longas semanas agarrada a livros e não ao seu corpo nu.

Arregalei os olhos perante os meus pensamentos, pois não era habitual pensar nele desta forma. Quer dizer, não sem provocações e sem nos estarmos a tocar.

Ai Ander, o quanto te quero sentir.

(...)

21:21
Vou escrever o último capítulo 🤗

HIGH  ➛  ANDER MUÑOZOnde histórias criam vida. Descubra agora