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Carminho

Longas gargalhadas acompanhadas por intermináveis lágrimas e misto de emoções. As duas, sentadas no sofá da sala, a relembrar-nos da minha infância.

A minha mãe tinha uma mala de viagem repleta de cassetes e álbuns com fotos minhas e das minhas irmãs.

Estávamos apenas focadas no meu crescimento, pois a dona Graça quis relembrar-me da menina que educou para ser uma grande mulher com princípios e valores.

Que me criou para ser uma mulher forte e independente, tal como ela foi obrigada a ser já desde muito pequenina.

Começou a dizer que tinha imenso orgulho em mim e nas minhas escolhas de vida. Que apesar dos meus vinte e um anos, sabia que ia ser uma pessoa bastante determinada e que ia aprender a lidar com a vida da melhor forma.

Apenas não aguentei e olhei para ela a chorar, vendo que já chorava também. Principalmente, quando a voz grossa do meu pai invadia os seus ouvidos e acelerava-lhe o coração.

- Apesar de tudo, sinto a falta dele.

- Pode não ter sido um bom marido e não ter feito as melhores escolhas na vida, mas jamais foi um mau pai.

- Ao fim de três anos, ainda me pergunto porque não pediu ajuda. Neste momento, ele ia estar dentro da piscina com as filhas. E a dar-te todo o apoio do mundo.

Secou as lágrimas, olhando-me nostálgica.

- Nunca vou conseguir amar alguém, depois do teu pai. - Murmurou, coberta de lágrimas mais uma vez. - Nunca mesmo.

Respirei fundo, ainda deitada nas suas pernas, a sentir a sua mão no meu cabelo.

- Achas que já o perdoaste mãe?

- Tu já?

Ficamos em silêncio, apenas a refletir.

A verdade é que as escolhas de vida do meu pai custaram-nos muito na vida. E literalmente, foi o próprio que perdeu a vida. Podia estar ali, no sofá connosco, mas preferiu a vida de bandido e fora de lei com os amigos.

Soltei leves risadas ao ver como a minha mae se vestia na altura. Era uma verdadeira mulher de um mosqueiro. Cabedal e couro. Os caracóis espalhados pelo rosto.

Uma mulher lindíssima.

- Vou fazer o jantar e tu fala com a tua amiga e vai-te divertir filha, por mim.

Acabei por concordar.

A minha mãe não aprovou a ideia de ir sozinha e explorar território. Preferia que fosse com as irmãs. Prometeu que me ia buscar ao recinto á hora que fosse, caso quisesse ir embora.

Agradeci-lhe, mesmo sabendo que nunca iria ser capaz de lhe ligar com esse propósito, visto que as meninas não podiam ficar sozinhas e ela não as iria acordar por isso. Tranquilizei-a, ao dizer que ia correr bem.

Era um recinto largo, era difícil cruzar-me com o Ander ou com a Danna. Quem pretendia nem ver à minha frente mesmo.

E mesmo que os visse, ia manter a melhor cara e não dar parte fraca.

Tal como a minha mãe me disse.

Cometi o erro de me afastar da mesma por causa da minha relação passada, algo que não queria repetir. Ambas crescemos muito nessa fase obscura da minha vida.

Ela aprendeu a ouvir e a compreender melhor o meu lado e a minha forma de ver as coisas. Já no fim, era com ela que desabafava. E quem me falava das festas da zona e pedia que fosse sair com a Íris. Tudo, para não me isolar do mundo, como acabei por fazer.

Foi uma grande força para mim. Então, iria fazer exatamente o que me havia aconselhado e sair esta noite também.

Não te percas.

Não deixes que te pisem.

Não és inferior a ninguém. Tens a tua essência filha, agarra-a e sê feliz.

carminhof.g

'se vivermos do que queremos, somos imortais; sem querer acabaste por ser, mais do que podia imaginar' 🤍 892 📍 Madrid

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'se vivermos do que queremos, somos imortais; sem querer acabaste por ser, mais do que podia imaginar'
🤍 892
📍 Madrid

Optei por uma descrição em português, devido a ter tomado banho a ouvir uma lista enorme e recente de músicas portuguesas.

Cantarolava dentro da banheira, pelo quarto e mesmo enquanto me despachada.

Senti-me muito mais leve depois de passar o dia com a minha família. Mesmo com todas as brigas do mundo, não há amor mais puro para mim e na minha vida. Tanto as meninas como a dona Graça, mais as minhas três amigas, são a minha definição de amor.

Por muito lamechas que fosse.

Não sei o que era de mim sem elas. E o mesmo para a Íris, que mesmo em Portugal, está mais presente que algum dia imaginei.

Olhava-me ao espelho, com o telemóvel nas mãos à espera que a Luna atendesse a chamada antes que perdesse a coragem. Ouvi a sua voz e logo estremeci por completo. Queria desligar e cobrir-me com os lençóis da cama, mas não ia voltar atrás.

- Carmo?

- Olá Luna, tudo bem? Chegaste a ver a minha mensagem? - Questionei.

- Sim! Estamos quase despachadas. Podes vir cá ter se quiseres. - Concordei, desligando. Boa Carmo, não há volta a dar.

(...)

What's going to happen next? 👀

Bem, portanto vou mudar o final da High, prefiro abordar de outra forma. Continuo tão cansada de "me ler" noutra conta, que vontade para escrever está nula, embora tenha ideias e pretenda explora-las.

Só era mais fácil antes desta palhaçada toda, porque fico um bocado desmotivada e irritada com a falta de noção.

Anyway. Vamos continuar o drama por mais uns quantos capítulos 🙆🏽‍♀️

HIGH  ➛  ANDER MUÑOZOnde histórias criam vida. Descubra agora