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Veronica's Point of View

Notando as minhas lágrimas, o moreno puxou-me para os seus braços e abraçou-me. Deixei que o fizesse e coloquei os braços à volta do seu pescoço, encostando a cabeça no seu peito. Senti-o afagar os meus cabelos.

- Eu não te posso prometer o que vamos ser daqui a um mês e pouco – sussurrou ao meu ouvido – Mas, posso ser tudo o que quiseres agora, aqui mesmo. Também não quero ter de voltar e deixar-te aqui. Mas, até lá, Verónica... - levantei o rosto para encarar os seus olhos negros. Notei que, instintivamente, já focávamos os lábios um do outro – Quero estar contigo... - terminou a frase.

Deixei que se aproximasse e quebrasse a pouca distância entre nós. O toque inicial do nosso beijo era doce e calmo. Não podia negar que sentia falta do sabor dos seus lábios. Rapidamente, as suas mãos na minha cintura puxaram-me para si e mergulhei os dedos no seu cabeço macio, enquanto as nossas línguas se debatiam e sugávamos o ar que conseguíamos. Intensificáramos o nosso beijo numa questão de segundos, levados pela sensação dos nossos lábios colados até que respirar se tornara estritamente necessário.

Encostei a minha testa à dele e deixei-me ficar de olhos fechados, enquanto sentia o André distribuir-me carícias pelo rosto. Não queria manter a distância mais tempo, não conseguia. Como se algo mais forte que eu, me obrigasse a ceder ao que estava a sentir.

- Dá-me oportunidade de te fazer feliz, enquanto posso – pediu, pousando os lábios delicadamente sobre a minha testa. Sem dizer nada, apenas me abracei a ele com força, como se aquele gesto pudesse, talvez, afastar a ideia de que brevemente ele se iria embora.

- Pudim! – ouvimos gritar, nesse instante, e sobressaltados com o grito, desfizemos o nosso abraço, reparando na amostra de cão que, sorrateiramente, entrava no quarto, trazendo algo na boca – Pudim Silva, volta aqui! – a voz do Afonso fez-se ouvir, de novo, e o rapaz apareceu, entretanto, com um semblante aborrecido – Pudim, devolve-me a carteira! – exigiu.

O André desatou a rir com a cena. Reparei, então, que o cãozinho trazia mesmo o pertencente do moreno mais novo na boca. Levantei-me da cama e peguei no pequeno, tentando retirar-lhe a carteira.

- Então, seu traquinas... - o cachorrinho largou a carteira e eu entreguei-a ao Afonso – És muito maroto, sabias! – ri, quando ladrou em resposta como se defendesse que tinha sido apenas uma brincadeirinha.

A Margarida, entretanto, também entrou no quarto. Entrei-lhe o Pudim, que ladrou mais uma vez, assim que a dona lhe pegou.

- Aqui estás tu! Não se rouba a carteira ao pai, seu endiabrado! – ela ralhou, apesar de rir ao meu tempo, observando o Afonso que verificava o estado da sua querida carteira. Depois, reparou em mim e no André, que coçava a nuca, um pouco atrapalhado, devido à interrupção da energética mascote cá de casa – Afonso, vem, vamos... voltar para a sala e acabar de ver o nosso filme! – a minha melhor amiga puxou-o por um braço e os três deixaram-nos a sós, encostando a porta atrás deles.

Voltei a sentar-me na cama e o moreno fez o mesmo, ficando ao meu lado. Encarei as mãos pousadas nos joelhos, esperando ele dizer algo. Contudo, acabámos por ficar alguns minutos em silêncio os dois até que o rapaz se virou para mim e cruzámos o olhar.

- Achas que... podemos esquecer o que vai acontecer mais para a frente e continuar juntos, agora? – questionou, um pouco reticente, prevendo que eu pudesse não concordar com o que proponha.

Levei uma mão para o seu rosto e afaguei-lhe a bochecha, perdida no brilho dos seus olhos cor de breu. Será que era isto que queria? Estarmos juntos, ignorando que um dia mais tarde nos teríamos de despedir? Seria egoísta para me tornar hedonista? Preferir a felicidade do seu lado, no presente, e ignorar as adversidades que viriam dali a um mês?

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora