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Verónica's Point of View

O despertador tocou cedo, naquela manhã, recordando a minha mente adormecida que estava a começar mais um dia aborrecido de aulas.

Afundei o rosto na almofada e gritei, sem som, toda a minha revolta e preguiça para fora. Desliguei a musiquinha irritante, que saía do meu telemóvel, e preparei-me mentalmente para abandonar os lençóis.

O barulho no resto do apartamento começava a surgir. A cozinha já se encontrava preenchida de sons de quem preparava o pequeno-almoço.

Provavelmente, seria o Gonçalo ou a Margarida que costumavam começar as aulas cedo ou a Patrícia que, milagrosamente, decidira ir a uma aula teórica do primeiro tempo de aulas da manhã.

Se fosse perto do meio dia, diria que se tratasse do Bernardo ou mesmo de mim. Mas, com certeza, só poderia ser um dos madrugadores, porque eu só iria sair da cama, a um quarto de hora para o início da aula.

- Verónica - ouvi a voz do Gonçalo e algumas batidas na porta - Estás acordada? Tens aula cedo, não é? Queres boleia?

- Sim, so mais um minuto... - respondi, esfregando a cara uma última vez e me preparando para levantar para aproveitar a boleia.

Arrastei-me até ao roupeiro e procurei alguma coisa para vestir, o que desse menos trabalho a enfiar pela cabeça abaixo. Abri a janela e verifiquei que estava bom tempo para um vestido leve e descontraído.

Depois de me vestir, caminhei zombificada até à casa de banho mais perto do meu quarto, a das raparigas. Felizmente, estava livre e pude me apoderar do espaço à vontade.

Lavei a cara e encarei o espelho ponderando se tinha paciência o suficiente para colocar o quer que fosse de maquilhagem. Direcionei o olhar para o meu estojo velho na prateleira que me pertencia, do móvel da casa de banho.

Fui até lá e procurei o creme hidrante, o corretor de olheiras, a esponjinha e um lápis branco. Talvez trouxessem vida à minha cara que, naquela manhã, até a cor morena natural tinha perdido.

E lá me pintei, depois de escovar os dentes, ainda meio a dormir, para apenas não parecer tão morta ao sair da porta de casa para fora. Nunca se sabe quando pode surgir um vizinho novo e giro!

Saí da casa de banho e atravessei o corredor até à cozinha, onde entrei, desejando, ingenuamente, que o pequeno-almoço já se tivesse feito milagrosamente sozinho.

Por sorte tinha bons colegas de casa, demasiado familiarizados com a minha preguicite aguda, então lá estava em cima da bancada uma caneca de leite com café fresco e uma maçã.

- Não te habitues! - o Gonçalo apareceu, nesse momento - Só fiz isso porque sobrou café!

- Obrigada - sibilei entre dois golos de café.

- De nada, agora despacha-te! O trânsito deve estar péssimo e não me quero atrasar - pediu, saindo de novo apresssado, de volta ao quarto.

Assenti, acabando de beber o que me faltava e pousando a caneca no lava-loiça. Um hábito horrível que levava a que uma montanha semelhante ao Everest surgisse, por vezes, na nossa cozinha.

Agarrei na maçã e regressei ao quarto, agarrando na mala. Aos poucos, fui atirando para lá o que precisava.

Não era muita tralha mas, se me esquece de algo, estava tramada. Destestava ter de andar a pedinchar para me emprestarem lápis ou canetas.

Depois de verificar tudo, desloquei-me para o átrio de entrada, esperando o meu motorista.

O Gonçalo saiu do seu quarto, encarando o ecrã do seu telemóvel. Fechou a porta devagarinho e caminhou, sem nunca desviar o olhar do pedaço tecnológico.

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora