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Verónica's Point of View

- Que coisas? – o André questionou, confuso. Notei no seu olhar alguma indignação. Tentou segurar a minha mão, mas afastei-a – Verónica? – murmurou o meu nome, surpreendido com a minha atitude.

O que somos nós? A pergunta tomou de assalto os meus pensamentos. Ultimamente passávamos algum tempo juntos, ele dormia em minha casa várias vezes. Beijávamo-nos, andávamos de mãos dadas, como se de um casal nos tratássemos, quando nenhum compromisso tinha sido assumido. O tempo estava a passar depressa demais e, para trás, ficavam decisões por tomar. A presença do moreno estava a tornar-se constante, o toque um porto seguro, os beijos o que desejava o dia todo. Estava a apaixonar-me brutalmente por aquele rapaz e a guarda tinha sido completamente derrubada. Assustava-me o futuro, não sabia o que fazer.

- Eu... ah... - gaguejei, mas não consegui pronunciar mais nada. O que é que eu podia fazer? O que é que nós estávamos a fazer?

- Verónica, fala comigo... - pediu e alcançou a minha mão. Afagou-a, devagar, mas notei que a segurava com firmeza, como se não me quisesse largar.

Uma relação assustava-me, não por o André ser alguém famoso e puderem, eventualmente, expor-nos, mas sim pela distância. Assustava-me assumir um compromisso com tantos quilómetros de distância a separar-nos. Ele em Milão e eu no Porto não era uma realidade que permitisse que vivêssemos uma relação. Não sabia o que seria do meu futuro. Como poderia prometer-lhe um futuro?

A minha última experiência semelhante tinha terminado com o meu ex-namorado a terminar comigo por uma mensagem. Foram poucos meses longe um do outro que arruinaram tudo. Se fosse com o André, a distância seria constante! Não ia suportar outra rejeição, ainda por cima, com a consciência de que o que estava a sentir por aquele rapaz de olhos negros não se comparava ao que sentira, quando estava com o Filipe. O que eu sentia pelo André era diferente, sem que eu pudesse compreender como, em tão pouco tempo, tinha evoluído tanto.

- Preciso... Preciso de um tempo, André – murmurei, sentindo um calefrio percorrer o meu corpo. Não me queria separar dele, só que se não o fizesse ia magoar-me. Precisava de arrumar as minhas ideias na minha cabeça. Já para não falar que continuava sem saber o que fazer à minha vida e precisava de me encontrar a mim própria.

- De um tempo? – perguntou, chocado com a resposta, mas sobretudo desanimado. Afastou-se e largou a minha mão – Verónica, eu... fiz alguma coisa? Foi de a minha mãe ter aparecido?

- Não, não fizeste nada, André. Sou eu que preciso mesmo de estar sozinha – afirmei, desviando o olhar do moreno. Não conseguia olhar para ele e não sentir o peso na consciência, sem saber realmente o que estava a fazer – Eu devia... Vou embora – levantei-me, colocando a mala ao ombro.

- Não! Verónica, espera – o André veio atrás de mim e travou-me a passagem – Não te vou deixar ires embora assim... - abanei a cabeça para os lados. Como é que ele não percebia que não íamos resultar? – Deixa-me, ao menos, levar-te a casa – pediu.

- Eu apanho um autocarro – neguei a sua gentilidade.

- Verónica, vá lá! – insistiu, puxando o cabelo com uma mão, frustrado – Não faz sentido ires sozinha. Por favor, deixa-me levar-te a casa. Acabei por ceder e deixar que o André me desse boleia para casa. Fomos até ao carro, em silêncio, e sem falarmos, foi a viagem de carro.

Minutos mais tarde, estava a parar em frente à porta do meu prédio. Agarrei na minha mala, tirei o cinto e preparei-me para sair. Notei que o moreno olhava para a estrada, contendo-se para não dizer nada. Senti-o olhar-me, discretamente. Abri a porta do carro.

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora