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André's Point of View

O despertador tocou alto e puxei o lençol para cima de mim, sem vontade nenhuma de acordar por completo. O ruído não parou logo. Porque é que a Verónica não desligava o despertador? Mesmo sem saber ler os meus pensamentos, a morena lá deve ter esticado o braço ao telemóvel para o calar, já que o som cessara.

Cinco minutos depois, voltou a tocar. Era natural deixar o despertador tocar até ao último minuto possível de ficar na cama sem me atrasar. No entanto, a Verónica não o costumava fazer, já que demorava mais tempo a despachar-se.

Virei-me na cama, para tentar acordá-la. Receava que pudesse não ter tempo para se arranjar com calma. Tínhamos de sair a horas de casa a fim de evitar grandes problemas com o tráfico matinal da cidade. Não queríamos que se atrasasse a chegar ao estágio.

- Verónica... – murmurei com uma voz rouca de sono. Coloquei o braço a sua volta e inclinei-me sobre ela, inalando o doce perfume do seu cabelo. Sorri, antes de tentar despertá-la com alguns beijos no seu pescoço – Acorda... Vais atrasar-te.

- Eu não vou – respondeu, então, num impercetível murmurar. Normalmente não era tão dorminhoca, muito menos ao ponto de resmungar que não iria ao estágio. Eu ri, imaginando que estivesse a brincar e acariciei-lhe o cabelo.

- Menina bonita adormecida, toca a levantar! – repeti. No entanto, como resposta, a morena ainda se encolheu mais debaixo dos lençóis e afastou-se. Estranhei a sua reação – Verónica?

- Eu não vou... - voltou a dizer. Notei que estava um pouco mais encolhida na cama do que o costume. Não a conhecia há muito, mas regularmente tinha passado as noites com ela, portanto sabia que não costumava adormecer naquela posição – Não me consigo levantar...

- O quê? Mas, porquê? O que tens, Verónica? – questionei alarmado, levantando-me para ficar sentado na cama e a poder observar melhor.

- Estou cheia de dores... - lamuriou, virando-se para mim, enquanto esfregava os olhos. Depois, estendeu o braço e pegou no telemóvel, declarando – Vou avisar a Joana que não vou. De certeza, que vai compreender.

- Mas, que dores? Dói-te onde? – quis saber tão confuso como preocupado. Apesar de parecer um pouco aflita e desconfortável, permanecia tão calma. Ela tinha algum problema de saúde e eu não sabia!?

A Verónica pegou, então, na minha mão e pousou-a sobre o seu ventre. Acariciei a zona com cuidado, na tentativa de lhe aliviar o mau estar. Matutando um pouco, consegui aperceber-me o que realmente se passava.

- Dói-te muito? Queres que te traga um comprimido? – à minha pergunta, acenou afirmativamente com a cabeça.

Explicou-me, então, que na despensa, na prateleira mais alta, encontraria uma caixa azul, onde deveria estar uma embalagem de paracetamol. Beijei-lhe a testa, antes de puxar os lençóis para trás, para sair da cama – Já venho, então – falei, antes de sair do quarto

Segui pelo corredor até à cozinha. Já se ouvia algum ruído pela casa, o que significava que mais alguém se encontrava acordado. Ao entrar na divisão, deparei-me com o Gonçalo encostado à bancada, enquanto o micro-ondas trabalhava a seu lado, e a Patrícia, sentada à mesa, a tomar o pequeno-almoço enquanto vagueava nas redes sociais no telemóvel.

- Bom dia – saudei – A caixa dos primeiros-socorros está na despensa, não está? – perguntei para confirmar.

- Bom dia, está sim. Posso ir buscar! – o rapaz voluntariou-se e dirigiu-se até lá. Poucos segundos depois, regressava com a caixa. Pousou-a em cima da mesa.

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora