Verónica's Point of View
Estava em frente ao espelho do meu quarto. A minha expressão era de extrema indecisão, apesar do meu ar de pateta com quinhentas molas no cabelo, por estar a alisá-lo. Com uma sobrancelha arqueada e um olhar pensativo, segurava nas mãos várias opções de looks para a festa da faculdade.
Era impossível negar que não me encontrava nervosa e ao mesmo tempo ansiosa pela noite que me esperava. Sobretudo, depois da surpresa do André ao aparecer na cerimónia da bênção das fitas!
- Roonie, sabes aquela tua blusa branca com um fecho? - a Margarida entrou, nesse momento, no meu quarto e ficou parada a observar a confusão de roupa sobre a minha cama.
- Esquece lá! Com tudo isto, muito provavelmente vais acabar a usá-la, pelo menos uma vez, antes de sairmos porta fora – completou, após demonstrar uma expressão de quem quase acabara de virar a encarnação do diabo.
- Eu estou um pouco indecisa! - bufei, atirando as peças que tinha na mão para cima da cama -Não sei mesmo o que usar!
A Margarida afastou algumas das minhas roupas e sentou-se na minha cama, olhando-me como quem presumia que havia virado louca. Claramente que, olhando para o meu quarto, de momento, ninguém diria que não tenho nada que vestir.
Aliás, a conclusão que devia retirar era que tinha demasiadas roupas e que não interessava o que iria vestir. Não queria impressionar ninguém, pois não? Quem é que eu quero enganar?
- Verónica, é uma festa de faculdade... Significa sapatilhas nojentas, cerveja no ar, empurrões, pisadelas. Não precisas propriamente de um visual de gala! - a minha amiga recordou, cruzando os braços. Para quem ia estar com o rapaz por quem se notava mostrar interesse, estava bastante calma.
Como é que conseguia manter a serenidade assim tão bem? Ao olhar melhor para ela e notar que, realmente, transpirava apenas tranquilidade, ficava óbvio que o título de louca da casa disputava-se apenas por mim e pela Patty.
- Mas, que raio estão vocês, as duas, aqui, a fazer fechadas? - uma cabeça espreitou pela frecha da porta, como se tivesse adivinhado que estava a pensar nela.
- A Verónica está a escolher o look para a festa, mas pelos vistos, decidiu fazer a limpeza ao armário e tirar a roupa toda para fora! - a Margarida respondeu. Notei que a Patrícia também ficara confusa, ao notar o pandemónio sobre a colcha da cama.
- É só uma festa. Porquê tanta indecisão? - a loira futura médica perguntou, intrigada. Foi quando me recordei que a Patrícia não sabia da existência de um "par" para a festa para a minha pessoa.
Ela e o Bernardo continuavam sem ter conhecimento sobre a minha situação com o futebolista. Talvez, por eu ter receio que os seus genes de linguarudos e coscuvilheiros me traíssem. Os dois adoravam fofocas e, pensando assim, se o moço não fosse um namoradeiro, até seriam um casal compatível.
- Não se nota na carinha dela? O André vai lá estar! - e lá se fora a ideia de manter a coisa despercebida. A Margarida tinha um olhar culpado e nervoso. Sabia que ela não fizera por mal. Era a ansiedade de ver a sua paixoneta a falar por si só.
- André? Que André? - a Patrícia encarou-me, descontextualizada, coçando a nuca - Ninguém me contou nada! Tens uma paixão nova, Roonie!? Superaste de vez o estúpido do Filipe? - perguntou, demasiado intrigada e excitada, perante a nova informação adquirida.
- Talvez sim, talvez não... Mas, fogo, olha as horas! – reparei nos dígitos a vermelho no ecrã do despertador, na mesa-de-cabeceira - Tenho de me despachar, e depressa! - desviei o assunto, mesmo sabendo que, por muito o evitasse, a Patrícia não se iria esquecer, muito menos tendo em conta que ele estaria na festa. Só esperava que os seus conhecimentos sobres futebolistas fossem reduzidos.
- Que cheiro é este? - a Margarida questionou, subitamente. Ficámos as três paradas, em silêncio, enquanto eu tentava inalar o tal odor questionável. De repente, uma lâmpada acendeu-se no meio dos meus pensamentos desvairados. A placa de esticar o cabelo ligada sobre o meu pufe!
Rezei mil e umas pragas a mim mesma, correndo para a desligar e não provocar um incêndio. Onde raio tinha a cabeça?!
- Mas, tu ainda nem acabaste de esticar o cabelo? - entre gargalhadas, a loira apontou para o meu penteado ridículo cheio de molas - Ai rapariga, pareces uma barata tonta! Veste lá qualquer coisa, mas é, que eu e a Magui tratamos-te do cabelo e da maquilhagem!
Suspirei, deixando o meu corpo relaxar um pouco. Por muito caótica que eu conseguisse tornar a minha vida, havia sempre as minhas amigas para me fazerem colocar os pés na Terra e descontrair.
Voltei-me, novamente, para a minha pilha de roupa desarrumada, começando a remexer à procura de algo que me chamasse à atenção. Enquanto isso, a Patrícia e a Margarida remexiam o meu cestinho das minhas maquilhagens.
Não sabia como me passara ao lado, mas acabava por desencantar um vestido preto fluído com umas flores, no meio daquele monte que tamanho praticamente equiparado aos Himalaias.
- Com aquelas tuas botas ou até mesmo as sapatilhas pretas, fica bem! - a Margarida sugeriu, enquanto me acabava de alisar o cabelo, ao mesmo tempo, que a Patrícia espalhava a base sobre o meu rosto com um pincel. Sorri, satisfeita com a minha escolha final. Nem parecia que estivera diversas horas sem saber o que vestir.
Ouviu-se bater à porta, quando já estava de cabelo pronto e maquilhagem finalizada. Apenas, faltava colocar uns brincos.
O Bernardo apareceu, então. Arregalou os olhos ao ver o meu roupeiro atirado para cima da cama, mas não fez comentários. Encolheu os ombros e perguntou:
- Ah, estão prontas ou precisam de mais três horas? É que eu estou a fazer de vela na sala! - refilou, também. Estava a referir-se à namorada do Gonçalo que deveria ter chegado, entretanto - A Eduarda já cá está, estamos à vossa espera!
- Estamos quase, está descansado que já te vamos salvar! – declarei, com uma gargalhada.
- Acho bem que sim! Quero é umas jolas fresquinhas e ver umas quantas beldades! As moças da tua faculdade até são aceitáveis - gozou, com tom um pouco convencido.
Pelo canto do olho, reparei que o sorriso da Patrícia quebrara, durante uns segundos. Era óbvio que estes dois não eram meros amigos com benefícios. Havia algo mais que tanto um como o outro teimavam em esconder com o seu orgulho.
- E se ganhasses juízo e deixasses de perseguir tudo o que mexe? - a Margarida defendeu, tentando abrir os olhos ao rapaz, mas sem deixar explícito que o dizia por saber da situação dos dois enamorados encalhados.
- Vou buscar o casaco... - a Patrícia murmurou, visivelmente constrangida, antes de deixar a divisão.
- És mesmo cego. Vê se atinas que há coisas que só vais ter oportunidade de teres, uma vez na vida! – repreendi, dando-lhe uma leve chapada no rosto, saindo, depois, para fora do caos que era o meu quarto.
- Au! Isso foi para quê? – choramingou, vindo atrás de mim - Não contextualizei o sermão, oh economista!
Olhou-me, ainda confuso, mas logo esqueceu o assunto e atirou-se para o sofá, interrompendo o casalinho que parecia bastante entretido a conversar sobre qualquer tema aleatório.
Minutos depois, estávamos a sair de casa. Levávamos dois carros, o do Bernardo e o do Gonçalo. Pelo caminho, recebera uma mensagem do André a dizer que já se encontrava na minha faculdade, na entrada do recinto da festa com o Afonso. Respondi a dizer que não tardaríamos a chegar e que tudo dependia da azáfama das estradas.
À medida que o tempo passava, sentia me mais nervosa. Tinha de manter a calma, era só uma festa e ia apenas encontrar-me com um amigo. Era isso que éramos, certo?
Amigos. Apenas amigos.
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Apenas amigos! Claro, hahaha! Curiosos sobre esta festa de faculdade?
Fiquem por aí!
Beijos😘
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Easier • { A.S. André Silva Fanfic }
Fanfiction"Is it easier to stay? Is it easier to go? I don't wanna know. But I know that I'm never, ever gonna change And you know that you're always gonna stay the same" André Silva Fanfic By maty_00_15 (Transferida de outro perfil da minha autoria!!) !!! p...