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Verónica's Point of View

Acordei com o sol a bater-me no rosto. Tinha esquecido de fechar as cortinas na noite anterior, já era habitual. Cocei os olhos e bocejei. Espreguicei-me depois, virando-me para a mesa de cabeceira a fim de pegar no telemóvel para ver as horas. Passava pouco mais da onze da manhã, o que não era um problema, visto que era domingo.

Além disso, desejava que as noites daquele fim de semana pudessem ajudar a recuperar o sono que a última semana me havia tirado. Para não falar do cansaço por causa do estágio, havia ainda a mágoa de uma deceção a atormentar o meu dormir. Era difícil esquecer o André, ou pelo menos, evitar que tudo a meu redor me fizesse recordar a sua presença. Ainda parecia surreal pensar que ele se afastara e que pensara que eu o tinha traído. Dera-lhe assim tantas dúvidas sobre o que sinta por ele para que achasse que o ia magoar e usar?

As nossas últimas mensagens continuavam no meu telemóvel, aquela discussão estúpida e sem nexo. Não apagara nada, não bloqueara o número. Parte de mim acreditava que haveria uma chance de, pelo menos, vir a receber um pedido de desculpa. Seria tarde para um perdão, mas ainda havia tempo para que me pudesse fazer ver que era um homem maduro e que sabia assumir os seus erros.

Depois de passar a cara por água para me sentir um pouco mais desperta, segui até à cozinha. Sentia-se o forte aroma a café, ao entrar na divisão. Encontrei, então, a Patrícia, sentada à mesa e o Gonçalo que preparava algo, em frente ao fogão.

- Bom dia! O que se cozinha por aqui? – questionei, curiosa. Notei que também cheirava a canela. Aproximei-me do rapaz e espreitei por cima do seu ombro – Panquecas! – exclamei, enquanto me crescia água na boca

- Queres uma? – perguntou amavelmente – Vai sobrar massa. Eu ofereci à Patty, mas não quis.

- Obrigado Gonçalo, mas eu fico me pela minha salada de fruta saudável com iogurte e cereais – declarou a loira, orgulhosa com a sua refeição fitness.

Fui até ao frigorífico e tirei o pacote do leite para preparar uma caneca de leite com café, depois sentei-me a mesa. O meu colega de casa colocou-me à frente um prato com duas panquecas e agradeci, mais feliz que uma criança a quem lhe haviam dado um doce.

- Ontem, fui a um bar perdido no meio de umas ruaszinhas do outro lado do rio, em Gaia. Tinha um ambiente mesmo fixe! – a futura médica contou-me, entretanto - Devias ter vindo, também, Verónica! – lamentou.

- Tudo bem, também não estava com disposição para saídas. Fiquei a ver uma série! – contei, devorando gulosa as panquecas – E, é o que tenciono fazer hoje o resto do dia!

- Ah, que deprimente! – ela revirou os olhos – Por favor, diz-me que isso não tem nada a ver com o And...

- Não! – interrompi – Não é por causa do André! Porque haveria de ser? – interroguei, indignada. Parecia que todos andavam a controlar-me, naquela casa, como se tivessem receio que tivesse alguma recaída ou que me refugiasse devido aos acontecimentos dos últimos dias. Mostravam-se cautelosos com as palavras, a minha melhor amiga parecia evitar mencionar o namorado ao pé de mim por ser o irmão do futebolista. Sentia que todos me olhavam como uma vítima inocente de mais uma desilusão amorosa.

- Porque não vens comigo ao Alameda à tarde? – o Gonçalo convidou – Tenho de ir buscar uma encomenda que fiz! Aquelas sapatilhas novas que te mostrei, no outro dia. Assim, saís de casa e vens dar uma volta. Podemos ver umas lojas de roupa, se quiseres, também.

- E a Duda? – perguntei pela sua namorada. Não me apetecia ir para me sentir um acréscimo ao par. Eles nem era muito melosos, quando estavam connosco. Não me incomodava o facto de serem um casal, mas iria sentir-me um pouco constrangida e certamente vê-los juntos lembrar-me-ia o moreno do qual deveria tentar esquecer-me.

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora