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Verónica's Point of View

Cinco anos mais tarde, Munique

Batiam as cinco da tarde, quando entrei no meu gabinete, vinda da sala de reuniões depois de uma tertúlia prolongada com alguns elementos da administração do hospital e com os meus colegas da central de compras.

O investimento para uma nova sala de imagiologia, numa das clínicas associadas ao grupo hospitalar para o qual trabalhava, era o projeto que roubava o meu sossego, nos últimos dias. Já para não falar das fortes dores de cabeças que me assolavam nesse dia.

- Verónica, posso? - perguntou uma colega, entrando no escritório, depois de bater à porta - Correu bem, não achas? - perguntou, referindo-se à reunião.

- Eu acho que sim! Acho que chegámos a acordo com alguns médicos - concordei, sentando-me na cadeira, encostando-me, desconfortável.

- Ainda te dói a cabeça? - confirmou a funcionária - Porque não vais para casa? Já é fim do dia, ainda por cima!

- Eu ia acabar uns relatórios e... - ia responder, quando me interrompeu a fala.

- Não! Tu precisas de descansar! Vais e pronto! Tecnicamente sou tua chefe, portanto, vai! - exclamou a última frase em inglês para que ficasse bem explícito.

Já sabia falar alemão, desde que me mudara para o país, mas sempre que me sentia necessitada de ser bem percebida, acabava por expressar-me em inglês. O mesmo faziam os meus colegas de trabalho comigo para se certificarem que tinha captado a mensagem.

Acabei por acatar as recomendações da minha superior. Arrumei o computador e os meus pertences, seguindo depois para o elevador, para descer para a garagem do prédio. Entrei no carro, atirando a mala e o casaco para o banco do pendura. Liguei a ignição e saí do parque.

Já a caminho de casa, o meu telemóvel começou a tocar. Atendi a chamada pelo dispositivo de mãos livre do carro. A voz do meu namorado soou, automaticamente.

- Olá linda! Tudo bem? Acabei de sair da reunião, no clube! Onde estás?

- De momento, estou no trânsito caótico de fim de dia, em Munique! - comentei, enquanto permanecia focada nos carros à minha frente e nos semáforos, que nunca mais passavam para verde. O facto de ser inverno e rapidamente escurecer à tarde, bem como a regular chuva ou até mesmo neve, eram o suficiente para engarrafamentos frequentes.

- Estou a ganhar coragem para entrar no carro e também acabar nesta situação! - confessou, fazendo-me rir - Olha, o Afonso mandou-me mensagem a convidar-nos para ir lá jantar a casa. Posso dizer-lhe para contar connosco?

- Bom saber que não terei de fazer jantar hoje! - gracejei - Sim, podem contar connosco! Daqui a nada, estou em casa! Depende do trânsito!

- Eu espero-te para irmos juntos para lá! - declarou o moreno - A propósito, estás melhor das dores de cabeça, desta manhã?

- Mais ou menos... - confessei - Deve ser cansaço. Não te preocupes, babe! Até já!

- Até já, linda! - e desliguei a chamada.

Já iria fazer mais dois anos, desde que me mudara para a Alemanha. Depois de completo o mestrado e de um ano a estagiar, numa empresa de consultoria de recursos humanos, no Porto, surgiu a oportunidade de trabalhar para um grupo hospitalar internacional e, por coincidência, havia uma vaga na Alemanha, em Munique.

Nessa altura, o André também tivera uma nova oportunidade. Fora contratado pelo Bayern Munique, ou seja, todas as circunstâncias estavam alinhadas para podermos morar juntos, finalmente.

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora