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Verónica's Point of View

Às voltas no quarto, andando de um lado para o outro, ponderava o que devia fazer. Coçava a nuca, mexia no cabelo, enrolando uma mecha em volta do dedo, num tique nervoso descontrolado. As minhas dúvidas acumulavam-se, agora, perguntando-me se fizera a escolha correta e que não estaria a fechar a porta à minha felicidade.

Sentei-me, revoltada, na cama, poucos segundos depois. Escondi o rosto nas mãos, soluçando. Já não sabia se chorava por estar triste ou por me sentir perdida e inconformada com toda a confusão em que se haviam transformado as minhas emoções.

Limpei as lágrimas, inspirando profundamente. Não podia ser uma cobarde. Tinha de tomar uma atitude! Talvez, fosse preciso ver-me sozinha e prestes a perder a minha ligação com o rapaz para que chegasse à conclusão de que tinha de arranjar coragem para o recuperar, em prole da felicidade que devíamos disfrutar juntos.

Quem sabia se não era ele a pessoa que esperava um dia vir a encontrar? Sonha-se tanto com alguém especial e, às vezes, nem se dá conta como rapidamente essa pessoa nos escapa por entre os dedos! Tinha de fazer algo, de uma vez por todas! Gostava do André! Quem é que eu queria enganar! A maneira com que a sua presença embelezava os meus dias, a maneira com que a sua companhia me preenchia! Estava certa de não vir a encontrar isso noutra pessoa. Não podia ter mais medo de me vir a magoar sem, pelo menos, arriscar! Se algo viesse a correr mal, ao menos não me censurava por não ter tentado!

Peguei no meu telemóvel e abri o aplicativo de mensagens, pronta para escrever ao rapaz. Fiquei a encarar o ecrã sem saber o que digitar. Bloqueei a tela e voltei a pousar o telemóvel. Não, não podia ter uma conversa dessas por mensagens.

- Não lhe posso mandar mensagem! Eu tenho de ir ter com o André! – gaguejei com uma voz ainda afetada por ainda há pouco ter estado a chorar, mas muito convicta do que pretendia fazer a seguir – Eu tenho de ir ter com o André! – repeti, mais alto, levantando-me da cama, recomeçando a cirandar pelo quarto, em completo estado de nervos.

- Verónica? – a voz do meu pai, rompendo pela divisão, sobressaltou-me. Dei um pulo, assustadíssima, virando-me para a porta do quarto – Filha?

- Ah, pai... Que susto! – exclamei, suspirando de alívio, depois. Reparei que me observava atentamente – O que foi?

- Parecias apreensiva, filha. Ouvi-te murmurar sozinha no corredor! – explicou, vindo até mim – Como correu o dia com o rapaz? A tua mãe contou-me que estão juntos, é verdade?

- Mais ou menos, sim – respondi visivelmente atrapalhada. Tudo o que menos precisava, naquele momento, era o meu progenitor a dar-me um sermão sobre a minha relação com o André.

- Pois. A tua mãe contou-me. Disse também que ele vai para fora e que estão um bocado desentendidos – acrescentou. Depois, suspirou, encarando-me. Encolheu os ombros e tirou do bolso algo. Entregou-me, então, a chave do seu carro – O depósito está cheio, dá perfeitamente para chegares ao Porto, sem teres de parar pelo caminho.

- O quê? – questionei confusa, sem saber o que significava aquilo.

- A que horas é que o rapaz se vai embora amanhã? – perguntou, depois, cruzando os braços, como se se impacientasse devido aos meus sentidos baralhos.

- Às onze e meia – murmurei, sendo logo interrompida por ele.

- Então, deve estar no aeroporto por volta das nove e meia. Logo, faz as contas e já sabes a que horas te tens de levantar amanhã! – exclamou. Como não reagira, virou os olhos e explicou – Verónica, ouvi dizeres que querias ir ter com ele...

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora