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André's Point of View

Aterrei em Sevilha perto da meia-noite. Para além do tempo da viagem, também o fuso horário atrasava a minha chegada. Assim que me vi fora do aeroporto, fiz sinal a um táxi que chegava ao parque de estacionamento, entretanto. No meu espanhol desajeitado, pedi que me levasse até ao hotel onde eu ficara das primeiras vezes que fora para a cidade, antes de ter alugado um apartamento.

A viagem não demorara muito nem tão pouco tivera de esperar para fazer o check-in na unidade hoteleira. Fui ao quarto deixar a minha mochila, saindo em seguida, para procurar um lugar onde pudesse comer ou beber alguma coisa àquela hora tardia. Recordava-me de ter levado o meu irmão e os meus primos a uma cervejaria, ali perto que também funcionava como bar até de madrugada.

Será que ainda serviriam jantares? A minha pergunta foi respondida assim que cheguei ao estabelecimento. Para a sala de bar e discoteca estava uma fila consideravelmente comprida. Apesar de parecer praticamente vazio, o edifício ao lado, correspondente à parte de restaurante, ainda parecia aberto. Resolvi ir até lá. Um empregado veio até à entrada e perguntei se ainda poderia entrar. Com alguma reticência lá me deixou passar. Agradeci mentalmente pela sorte que tivera.

Depois de escolher o que comer e pedir uma cerveja, levei a mão ao bolso das calças, apercebendo-me que só trouxera a carteira. Devia ter deixado o telemóvel no quarto. Suspirei, aborrecido. Não tinha avisado o Afonso que já estava instalado! De certeza que teria imensas mensagens e chamadas perdidas, bem como da Verónica.

Durante o voo tinha evitado pensar no que acontecera nessa tarde. Porém, era praticamente impossível não recordar os momentos que passara ao lado da morena ou as palavras que me havia dirigido, não passando tudo de uma mentira ridícula.

Traído e de coração aleijado, ansiava por uma bebida mais forte que me pudesse alienar de tudo o que estava a acontecer comigo. Por mais que fosse a primeira vez que me sentia mesmo preso emocionalmente a alguém, também era difícil para o ego assumir que tinha sido trocado por outro.

Sentei-me ao balcão do bar da discoteca, preenchida por luzes frenéticas e música eletrónica e de batida desnorteada, onde uma enchente de gente se atropelava, devido ao pouco espaço livre para circular.

Pensei em pedir uns stocks, porém entupir-me em álcool em pequenas doses não me parecia a ideia mais agradável para o resto do serão. Pedi, então, um whisky duplo com gelo, o que também não era propriamente fraco. Peguei no copo e levantei-o ligeiramente, para agradecer depois com um "Gracias" ao empregado que mo servira. Desci do banco, antes de dar um primeiro gole na bebida. Virei-me, então, para trás, com o objetivo de encontrar um lugar menos apertado para ficar. No entanto, sem dar por isso, acabei por chocar contra uma figura feminina que viera contra mim.

- Oh, lo siento... Es que no te vi... - a rapariga pediu desculpa, em espanhol, afastando-se um pouco. A sua voz era-me familiar. Assim que subi o olhar, reconheci-a e claramente ela a mim, pois não tinha acabado a frase – André? És tu?! É tão bom ver-te! – esboçou um leve sorriso, abraçando-me, depois. Não estava a acreditar que, mal chegara a Sevilha, e já tinha dado de caras com a minha ex-namorada.

- Cayetana – murmurei, ainda um pouco surpreendido com o nosso encontro. Realmente, não estava com sorte absolutamente nenhuma! – Que bom ver-te por aqui! – acabei por exclamar, finalizando o nosso abraço.

Não me surpreendia ao vê-la num ambiente de diversão noturna, uma vez que nos tínhamos conhecido num. Preparada a rigor para uma madrugada de dança provavelmente com amigas (sim, claro, não teria vindo sozinha), vestia um vestido preto justo sem alças. O cabelo estava impecavelmente preso num coque e não estava muito mais baixa que eu, devido aos altos saltos de cor dourada, que brilhavam com as luzes da discoteca.

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora