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Verónica's Point of View

Acordava ao fim da manhã de quinta feira, após uma longa noite de insónias. Imensa dificuldade em repousar e descansar, dado que os meus pensamentos corriam a mil. Dava por mim a pensar na breve partida do André, sem saber o que fazer. Era-me doloroso saber que viajaria dali a tanto pouco tempo e que a nossa estranha relação se encontrava tão debilitada. Facilmente recordava que, na manhã, no seu quarto, quase nos beijáramos.

Levantei-me, pacatamente, arrastando o meu corpo corredor fora até à cozinha. Preparei uma caneca de café com leite e sentei-me à mesa, aproveitando para fazer scroll pelo feed do meu Instagram, no smartphone.

- Bom dia! - a Margarida surgiu, entretanto, com um semblante alegre, transbordando boas energias - Vamos à praia mais logo?! - não hesitou em fazer o convite.

- Não sei se estou com grande disposição para isso, desculpa - respondi, desviando o olhar do ecrã do telemóvel - Além disso, acho que os meus pais vinham ter comigo, hoje - lembrei, entretanto - Ou era hoje, ou amanhã...

- A praia sempre era um bom argumento para te esquivares deles! - defendeu, sentando-se ao meu lado. Depois, acabou por perguntar - Estás bem, Roonie? Ainda estás assim por causa do...

- Não é por causa dele! - interrompi, suspirando em seguida - Estou feliz porque ele vai para um novo clube. Só não imaginava que acabássemos tão afastados e assim - encolhi os ombros - Mas, também não quero falar disso...

- Eu entendo – assentiu – Só quero que saibas que, independentemente, de tudo o que venha a acontecer, vou estar aqui para ti! – abraçou-me, a seguir – Vá, agora, anima-te! Vamos fazer qualquer coisa juntas! – nesse momento, a sua fala foi interrompida pelo ladrar do pequeno cão, que aparecera na cozinha – Bem, juntas e com o Pudim! Que tal irmos passear a pé?

- Eu, ah... Okay, pode ser! – concordei.

Depois de lavar a loiça do pequeno almoço, segui para o quarto para me despachar. Escolhi umas mom jeans claras e um top preto. Calcei as minhas Adidas brancas e peguei numa mala pequena para poder levar apenas a carteira, as chaves de casa e o telemóvel.

Saímos, então, a pé, rua abaixo. Aproveitávamos para conversar sobre as nossas atividades de verão, ou melhor, trabalhos de verão. Não tardava para que eu voltasse ao estágio e faltavam apenas umas semanas para que começassem as aulas do mestrado.

Soltámos a trela do Pudim, assim que chegámos a um pequeno jardim. Ficámos sentadas num banco, enquanto o endiabrado de quatro patas corria atrás dos pombos.

Mais tarde, regressámos por se aproximar a hora do almoço. Estávamos quase a chegar a casa, quando o meu telemóvel começou a tocar.

Entreguei a trela do Pudim à Margarida e abri a mala, pegando no aparelho para atender a chamada. O nome da minha mãe piscava no ecrã.

- Estou? Ah, olá, mãe... tudo bem? - perguntei, curiosa por me estar a ligar.

- Verónica, ainda bem que atendes! – saudou a minha progenitora – Estás em casa, querida?

- Ah, estou mesmo a chegar. Vim dar uma volta a pé com a Margarida. Porque perguntas? Vêm hoje ter comigo?

- Sim, eu e o pai estamos a caminho daí para te ir buscar! – a minha surpresa foi grande ao ouvir tal resposta – Estás aí sozinha e ainda tens uma semana de férias para aproveitar. Portanto, pensámos que irias gostar de passar alguns dias connosco, cá em Lisboa!

- Mas, mãe... - murmurei – porque não me avisaram mais cedo?! Eu não quero ir agora para Lisboa! Pensei que vinham só ver-me!

- O quê? Porque não, filha? Que eu saiba não estás a estagiar esta semana! – retorquiu a dona Cláudia – Verónica, tens de aprender a dar mais valor aos laços familiares. Os teus avós estão cheios de saudades tuas!

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora