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Verónica's Point of View

Com a água fria a tocar-me os dedos nos pés, admirava o imenso oceano à minha frente. Era lindo, ficaria o dia todo ali, a apreciar a vista, a sentir a brisa com aroma a iodo, a levar com o quente do sol nas costas.

Finalmente, os meus dias de férias tinham chegado e aproveitava para passar largas horas no areal de Matosinhos com os meus colegas de casa. Não havia tempo a ser perdido! Trazíamos farnel para o almoço e só púnhamos os pés em casa para um rápido duche, antes de voltar para a rua em busca de jantar.

Perdida nos meus pensamentos, não me apercebi que vinha em voo uma bola de voleibol direta a minha cabeça. Quando me apercebi, já me tinha batido. Virei-me.

- Então!? - protestei com os três rapazes que jogavam, um pouco mais atrás de mim - É assim que me tratam!?

- Foi o Gonçalo! - o Afonso e o Bernardo acusaram ao mesmo tempo.

Revirei os olhos e avancei um pouco mais pelo mar. As ondas batiam-me cada vez mais acima, já passando da minha cintura. Ignorei os risos e gargalhadas ao fundo na areia e deixei que a paz me consumisse. Mais uma onda e já havia mergulhado, deixando a água fria e tépida me balançar. O vai e vem da corrente fazia-me sentir leve.

- Ai, deus, está gelada! - ouvi a voz da Eduarda, atrás de mim. Mesmo que ela não vivesse lá em casa, já estava mais do que integrada no grupo, tal como o Afonso.

- Está fresca, Duda! Mergulha e vais ver que está boa! – encorajei-a a seguir os meus conselhos.

- Ah, porque é que o oceano atlântico é tão frio!? - ainda reclamou, depois do ter mergulhado.

- Para mim, está bom! - argumentei.

- Mas, tu deves ter genes de peixe de água salgada! - defendeu, fazendo-me rir.

Apesar de ter ido a casa, em Lisboa, no fim de semana anterior, as minhas pequenas férias estavam a saber-me bem. Não andava tão cansada, aliás tinha energia para correr o areal de uma ponta a outra. Sentia-me mais descansada e parecia que já nos problemas que me atormentavam.

Enquanto admirava o horizonte, com as lamúrias da Eduarda como banda sonora, senti os meus ombros a serem pressionados para baixo. Deixei-me levar e, quando voltei à superfície, encontrei um Bernardo com cara de amuado.

- O que foi?

- Não tem piada tentar afogar-te! Simplesmente vais e até achas divertido – retorquiu, desiludido.

- Eu sei nadar, sabia que provavelmente era um de vocês a melgar-me! - defendi, cruzando os braços. Em resposta, empurrou-me de volta para dentro de água. Contudo, antes disso, consegui ver a Paty ataca-lo sem ele se apercebesse. Aqueles dois ainda acabariam em casamento!

Algum tempo depois, voltámos para a toalha, onde nos deparámos com um Afonso e uma Margarida, perdidos em beijos melosos. Logo pararam, ao se aperceberem que tinham público. Puxei a minha toalha e deitei-me de costas para o sol, aproveitando para bronzear enquanto secava.

- O que acham desta noite fazermos uma noite de pizza e jogos de tabuleiro e cartas!? - a Patrícia sugeriu, deitada ao pé de mim. Levantei a minha mão fazendo um thumbs up meio torcido. O sol estava-me a deixar mole, ao ponto de já nem me apetecer levantar. Uma sesta é que seria o ideal.

- Que tal em minha casa desta vez!? - ouvi o Silva mais novo sugerir - Também podemos fazer uns torneios de FIFA!

- Puto, isso era brutal! - os meus dois colegas de casa logo concordaram.

O meu sono desapareceu, no mesmo instante. Não me queria encontrar com o André tão cedo. As coisas ainda estavam um pouco desorganizadas na minha cabeça e, provavelmente, se o visse, iria afetar-me!

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora