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Verónica's Point of View

Mais uma semana de julho que começava. Era segunda-feira ao fim da tarde. O dia tinha sido atarefado no estágio e insuportavelmente quente, apesar dos escritórios terem ar condicionado. Chegara ao carro bastante cansada e com imensa vontade de chegar a casa e tomar um duche.

No entanto, o meu motorista tinha outros planos. Mal entrei do lado do pendura, propusera irmos até ao shopping mais próximo e assistir a algum filme no cinema, uma vez que já não o fazia há imenso tempo e tinha saudades. Como a ideia incluía cadeiras confortável e um ambiente fresquinho (hão de reparar que nunca está calor no cinema), acabei por aceitar.

- Que filme vamos ver? – o André perguntou, assim que ficámos parados na fila para as bilheteiras. Abraçou-me por trás e beijou-me a bochecha – Eu aceito tudo, menos romance! – torceu o nariz – Vimos ontem...

- Hm, não sei – respondi e subi o olhar para os cartazes expostos à procura de um filme que me chamasse atenção – Ah, quero pipocas! – aproveitei para realçar esse pormenor. O moreno riu com o meu comentário – E que tal se formos ver o 1917?

- Queres ir ver um filme histórico? – o rapaz confirmou e anuiu com a cabeça – Ok. Por mim, pode ser. Li umas críticas desse filme. Disseram que era bom. É sobre a 1ª Guerra Mundial e acho que as filmagens têm um aspeto inovador qualquer.

- Não te sabia expert em cinematografia – ri – Sim, vamos ver esse! Faltam quinze minutos para a próxima sessão.

- Ok, menina bonita – mais uma vez, ele insistia naquela alcunha. Ficava tão sem jeito quando me chamava assim.

- Mas, olha, combinamos assim: tu pagas o cinema, eu pago o jantar, pode ser? – tentei concordar com o futebolista. Ele acenou com a cabeça, afirmativamente. Sorri e beijei levemente os seus lábios.

Finalmente chegou a nossa vez. Comprámos os bilhetes e um pacote de pipocas gigantes e fomos diretamente para a respetiva sala já que não falta muito para começar. Escolhemos lugares nas filas laterais, mais ou menos ao meio da sala. O André ficou com o pacote das pipocas no colo e colocou o braço à minha volta.

Pouco tempo depois, as luzes apagaram-se. Nos primeiros momentos da película, o moreno ainda tentou chamar-me à atenção para trocarmos uns beijos. No entanto, rapidamente a narrativa prendeu-me ao ecrã. Em míseros minutos, estava imensamente apegada à personagem principal – um soldado que, com mais um companheiro, tinham de entregar uma mensagem para cancelar um ataque. Tinham poucas horas para o fazer e tinham de atravessar trincheiras e a zona inimiga.

Notei que até o André estava bastante concentrado, mesmo distribuindo carinhos pelo meu ombro com a mão que estava à minha volta. Continuávamos a devorar pipocas ruidosamente, também. Já previa que no final do filme, deveria ser imensos pedaços pegados à minha camisola, mas não importava.

Fiquei chocada com o que observara ao longo do filme. As minhas lágrimas eram a prova de como jamais imaginara que um cenário de guerra fosse, de facto, tão triste, imprevisível e dramático. O rapaz ao meu lado acabou por notar como estava emotivamente afetada, puxou-me melhor para os seus braços e ficou a acariciar-me o cabelo.

- Verónica? Vamos? Já acabou... - o moreno perguntou, ao reparar que eu continuava de olhar fixo no ecrã, quando já desciam os créditos pela tela.

- Hm? Ah, sim... Vamos – concordei, pegando na minha mala. Descemos os dois, de mãos dadas – Gostaste do filme? Desculpa, eu... - murmurei, um pouco atrapalhada por me ter afogado em lágrimas na nossa primeira ida ao cinema – É que o filme mexeu mesmo comigo...

- Não te preocupes – sorriu-me levemente – Compreendo, Também fiquei sentido com o filme. As filmagens estavam incríveis.

- Parecia que tinha sido tudo filmado de uma vez – concordei com ele – Bem, agora onde queres que te leve a jantar?

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora