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André's Point of View

Acabado de aterrar no aeroporto Sá Carneiro, procurava pelo meu carro no parque de estacionamento. Acabara por tratar dos meus assuntos em Sevilha e seguir diretamente para Milão para fazer os meus exames médicos. Estava pronto para voltar a jogar! No entanto, informaram-me, que podia ser transferido para outro clube. Contactei com o meu agente e ele disse que iria analisar todas as alternativas. Não me iria deixar ficar mal! Só esperava ficar num clube não muito mais longe de casa e que a minha adaptação fosse mais fácil e agradável do que como fora no Milan.

Era sábado. Chegava ao Porto à hora de almoço e, por ter estado uns dias fora, sem dar grandes notícias ou sequer me ter despedido dos meus pais, combinara com eles que os iria visitar assim que regressasse.

É claro que estava um pouco receoso que a minha mãe fizesse muitas perguntas. Perspicaz como era, a dona Anabela certamente iria entender que algo se passava com o seu filho mais velho. Para além disso, sabia perfeitamente que o meu aspeto cansado e principalmente, as olheiras debaixo dos olhos, enfatizariam a dificuldade me dormir serenamente nas últimas noites.

Continuava de mente presa aos acontecimentos dessa semana. Sem querer acreditar que tinha sido traído pela rapariga por quem estava genuinamente apaixonado, era complicado não recordar o seu sorriso ou sentir saudades da sua voz. Como se mesmo magoado, não conseguisse esquecer como era extremamente agradável tê-la a meu lado. Como é que perdera o controlo dos meus sentimentos e os deixara tão expostos?

Depois de finalmente encontrar o carro, tomei caminho até casa dos meus pais. Assim que estacionei, reparei que a minha mãe já se encontrava à porta. Devia ter-me ouvido e não aguentara esperar que eu tocasse à campainha para me vir receber.

- André, ainda bem que vieste, querido! – abraçou-me assim que se aproximou – Tinha saudades tuas, não nos vens ver há algumas semanas! – lamentou. Não respondi ao seu protesto, apenas retribui o aperto, por me sentir confortado nos seus braços.

- Estive um pouco ocupado... - acabei por explicar rápido – E tive de ir a Sevilha e a Milão, depois.

- Como correu a viagem? Bem? Fizeste os exames médicos todos? A lesão está mesmo curada? – questionou, desfazendo o nosso abraço para que entrássemos em casa.

- O joelho está ótimo! Vou voltar a jogar, mal a época comece! Só não sei se será no Milan – cocei a nuca. Ficava um pouco nervoso e apreensivo com a possibilidade de vir a integrar outra equipa.

- Vais ser transferido, querido? – quis saber um pouco surpreendida. Não esperava que eu voltasse a mudar de clube mais uma vez, uma vez que as últimas épocas jogadas tinham sido sempre em equipas diferentes.

- Existe essa possibilidade – encolhi os ombros sem intenção de lançar falsos boatos e criar preocupações desnecessárias à minha progenitora.

Depois de adentrarmos pelo hall, fechei a porta atrás de nós. Segui até à sala, onde esperaria encontrar o meu pai. Deveria estar na sua poltrona a ver as notícias que estariam a passar no telejornal. Porém, para grande surpresa minha, estava a acabar de colocar os talheres na mesa da sala de jantar.

- Mãe, que chantagem fizeste com o pai? – gritei para o corredor porque ela havia avançado para a cozinha – Ele está a pôr a mesa!

- Já não posso dar uma ajuda à minha mulher que sou logo mal visto pelos meus próprios filhos! – reclamou o meu progenitor, antes de vir até mim para me cumprimentar – Então, filho? Tudo bem? Esse joelho já está funcional para mais uma época?

- Em princípio, sim! Está como novo! – afirmei firmemente. Reparei, então, que sobre a mesa estavam quatro conjuntos de talheres – O Afonso vem almoçar?

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora