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Verónica's Point of View

- Doido? Só se for por ti...

A frase entoada pelo rapaz moreno, parado à minha frente, fez o meu corpo estremecer. Os meus olhos tinham dúvidas sobre a figura que enxergavam. Custava-me crer que o André se levantara de madrugada, para estar ali comigo, naquele momento.

- O que queres? – murmurei, desviando o olhar para o chão, recordando-me de que o futebolista estava de partida para o estrangeiro, na manhã seguinte. Facilmente, pude constatar que estava ali para, provavelmente, se despedir – Vais embora amanhã, devias estar com a tua família.

- Não sejas tonta! – acusou num ténue tom de voz. Notei que colocava as mãos nos bolsos, mas logo as retirava instantaneamente. Tentava dificilmente disfarçar o nervosismo – Não me ia embora sem te ver...

Subi o olhar, então, deparando-me com aqueles olhos negros brilhantes. Enganava-me descaradamente, quando tentava mentalizar-me de que não estava monumentalmente atraída por aquele moço com sotaque do norte. No entanto, era-me impossível não recordar que, dali a um pouco mais de vinte e quatro horas, estaria a milhares de quilómetros de mim.

- Ouve... - sussurrou, dando um passo em frente, ficando a míseros centímetros de mim – Não venho insistir contigo. Já falámos sobre isso e, eu aceito. Aceito a tua decisão, Verónica. Só que isso não invalida o facto de gostar de estar contigo. Por isso, eu vim pedir-te para passarmos o dia juntos.

- Passar o dia juntos? Aqui, em Lisboa? – quis confirmar. Acenou com a cabeça, e continuou a explicar o seu requerimento.

- Sim, como fazíamos, antes. Leva-me a algum sítio que gostes! Sou todo teu até ao fim da tarde. Tal como fizemos, no dia do oceanário. Por favor, Verónica! – o seu olhar, o tom de voz suplicava para que atendesse as suas preces – Deixa que esta seja a nossa...

- Verónica! – a voz que reconheci como sendo da minha avó soou no hall de entrada. Virei-me automaticamente, num pulo, assustada. Era de extrema importância não se saber da presença do moreno. Os meus pais eram capazes de fazer um escândalo se soubessem da sua chegada.

- Avó... - murmurei, atrapalhada. Podia dizer-se que me sentia aliviada por ter sido ela a aparecer e não os meus progenitores.

- Quem é este rapaz? – aproximou-se, curiosa. Depois, ao notar os nossos semblantes constrangidos, constatou – É este o André?

Vi o rosto do futebolista ruborizar ao se aperceber que o mencionara à minha avó. Educadamente, aproximou-se para a cumprimentar:

- Sou, sim. Bom dia, dona Felícia. Eu peço imensa desculpa por aparecer assim de surpresa...

- Ah, não há problema! Falaste-lhe de mim, querida? – encarou-me, depois. Eu anuí com a cabeça. Depois, continuou – Veio do Porto, agora, de manhã!? – questionou depois, bastante admirada.

- Eu... vim ah... fazer uma surpresa à Verónica – explicou-se, coçando a nuca, introvertido.

- Que bonito da sua parte! – ela elogiou e não tardou a convidá-lo a entrar – Venha, André, já tomou o pequeno-almoço? Sinta-se à vontade!

Queria explicar-lhe que os meus pais não se podiam cruzar com o moreno. Contudo, quando dera conta, já a minha avó puxava o André casa adentro. Fui atrás deles até à sala de jantar, onde a dona Regina preparava o pequeno-almoço. A patroa logo lhe pediu para que juntasse outro prato na mesa. Instantes depois, já me acusava de estar mal vestida, para receber o meu "namorado" e insistia para que me fosse arranjar.

- Eu não te roubo o rapaz! – gozou, depois, deixando-me mais envergonhada do que já me encontrava – Vá com ela, André, senão ela não sobe com medo que eu fale demais consigo!

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora