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Verónica Point of View

Era sexta-feira. Mais uma vez, arranjara desculpa para ficar no Porto e não ter de descer à capital. O meu progenitor reprovou totalmente a minha decisão, desapontado por a sua querida filha não ir visitar a família, de novo.

Já por outro lado, a minha mãe apenas aceitara, declarando que, na realidade, o importante eram os meus estudos e ter bom aproveitamento nos últimos exames.

Só que, ao contrário da estudante responsável que representara na chamada telefónica com os meus pais, o meu temperamento desse fim de tarde implorava que me afastasse de apontamentos e estudos.

Queria desanuviar um pouco e esquecer as economias, pelo menos durante umas míseras horas.

Portanto, não hesitei quando o Bernardo me veio contar que o Guilherme o convencera a ir uma festa de fim de tarde na sua faculdade e que, tanto eu como qualquer outro dos meus colegas de casa, estávamos também convidados.

A festa era no pátio da faculdade de ciências e tecnologia. A Patrícia veio connosco, também. Tanto o Gonçalo como a Margarida tinham afazeres de aulas, trabalhos e estudo para colocar em dia, tendo assim recusado o convite.

Chegámos perto das seis e meia, uma hora depois do suposto início da festa. O Bernardo deixara o carro num parque junto do recinto da universidade e, depois, seguíramos a pé para lá. Ao chegar ao local, o meu colega de casa ligou ao amigo para que se viesse encontrar connosco na entrada.

O Guilherme não tardou a aparecer. Juntou-se a nós, cumprimentando-nos individualmente. Fui a última a ser cumprimentada. Aproximou-se de mim e trocámos dois beijinhos. Perguntou como é que eu estava e aproveitei também para lhe questionar à cerca do trabalho que, dias antes, o parecia estar a atormentar com a aproximação do prazo da entrega.

- Entreguei o trabalho antes de ontem! Finalmente, estava farto! – gargalhou e suspirou, mostrando-se verdadeiramente mais tranquilo por já não ter que elaborar tal tarefa penosa.

- Ainda bem! – assenti, sorrindo levemente. Virei-me, nesse instante, para comentar qualquer coisa com a Patrícia. Porém, já não estava ali connosco, nem o Bernardo – Bem, parece que ficámos sozinhos num prazo de segundos! – constatei, rindo para o rapaz de olhos verdes.

- Devem ter ido fazer o reconhecimento do espaço – retorquiu – Ou, então, o Bernardo foi ter com os outros. A malta está toda por aí espalhada – percebi que se estava a referir ao grupo de amigos do meu colega de casa – Tens sede? – perguntou, depois – Anda, vamos buscar-te uma bebida!

Antes que eu pudesse concordar, já estava a ser encaminhada entre a multidão de estudantes universitários até a um dos balcões instalados pelo recinto.

O Guilherme furou a fila e fez sinal para um dos rapazes, que exercia a função de barman. Ele aproximou-se e o Gui virou-se para mim, para dissesse o que eu queria beber.

Pedi uma cidra. Entregou-me o copo, que o colega lhe passara e disse que ficava por conta dele. Depois, levou-me com ele para as bancadas do pátio, onde nos sentámos num local menos afogueado.

Algum tempo depois, alguns amigos dele juntaram-se a nós. Apresentou-me e foi-me deixando ao corrente dos temas que surgiam no grupo. Assim, era impossível sentir-me à margem.

A Patrícia apareceu, entretanto, deixando o Bernardo mais trás com uns rapazes. Veio sentar-se ao meu lado, e cutucou o meu ombro. Encarei a loira que, discretamente, apontou para o moço sentado ao meu lado. Fiquei sem perceber ao que se referia, por isso pedi que fosse mais explícita.

- O Guilherme... – murmurou, inclinando-se para mim, evitando que mais alguém ouvisse – É impressão minha ou...

- Ou? Ou o quê? – questionei, bebendo mais um golo da minha bebida, que já estava quase de resto. Não estava a conseguir entender o que ela queria dizer.

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora