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Verónica's Point of View

Eram quase quatro e meia da manhã, quando o André estacionou o carro em frente a minha casa. Decidimos ir embora, quando a festa já parecia aborrecida e um vento frio se tinha levantado.

- Bem, chegámos... Eu vou deixar-te à porta - o moreno declarou, desligando a ignição do carro. Saímos os dois.

- Obrigada pela noite, André... – agradeci, enquanto caminhávamos, lado a lado, a passo lento.

- De nada! Eu é que agradeço pelo convite para a festa! - retorquiu - Já não saía assim há algum tempo. Além disso, tive uma boa companhia...

- Posso dizer o mesmo, não podia pedir melhor... - confessei.

Sorrimos um para o outro e continuámos a caminhar até parar junto da entrada do meu prédio. A noite parecia ter passado num ápice! Além disso, por termos falado do seu regresso para Itália, sentia-me um pouco nostálgica, como se tivesse ficado com saudades antecipadas.

- Bem, estás entregue. Boa noite, Verónica! - ele desejou, parado à minha frente.

- Para ti também, André.

Por estar constrangida e um pouco pensativa, acabei por avançar para a porta do prédio, de olhar baixo, e bastante envergonhada.

- Verónica... - o moreno agarrou o meu pulso, obrigando-me a parar e a virar-me para ele - Espera...

Demorei uns segundos a estabelecer contacto visual, porém aquele tom de voz rouco e carregado não me dava outra hipótese. A maneira como o meu nome se soltará dos seus lábios, dava-me vontade de implorar para que repetisse. Trazia arrepios e parecia soar de uma maneira tão diferente de quando alguém me chamava.

- Di-diz? - murmurei, presa nos seus olhos negros, tentando que as minhas palavras não saíssem aos tropeções. Estava frio na rua, eu estava de casaco e... Oh! O casaco dele! - Ah, pois! O teu casaco! Desculpa! - apressei-me a despir a peça de roupa e entreguei-lho, atrapalhada.

O moço soltou uma das suas gargalhadas e notei que dera um passo em frente, aproximando-se da minha figura de anã. Não é que fosse demasiado baixa, mas ele era bem mais alto e, por isso, ao seu lado sentia-me mínima.

- Tudo bem, até podias ficar com ele. Lembravas-te de mim, quando o usasses - defendeu, com um leve encolher de ombros, divertido.

- Tenho imensos casacos, não te preocupes - retorqui, deixando a minha ironia costumeira intrometer-se na nossa conversa - Faz-te mais falta do que mim!

- Não quero o casaco - declarou e o seu rosto fechou-se numa expressão séria. Fiquei confusa e um tanto alarmada - Eu só quero... - sussurrou baixo, dando mais um passo para a frente.

- Só queres - repeti, tentando convencer o rapaz parado diante de mim a terminar a frase que deixara a meio.

No entanto, ele não o fez. Em vez disso, aproximou-se ainda mais e inclinou o rosto para mim, roçando os seus lábios quentes nos meus, de mármore, firmes, completamente desarmados para aquele momento.

As suas mãos seguraram a minha cintura, puxando-me delicadamente para si, enquanto eu retribuía aquele gesto, que não imaginara vir a querer. Subi os meus braços para o pescoço dele e coloquei-me em bicos dos pés, para que pudéssemos aprofundar o beijo.

Parámos, quando o ar já era insuficiente, mas não nos afastámos, só soltámos os lábios. Mantive os olhos fechados e senti as mãos dele virem afagar-me as maçãs do rosto. Não pude deixar de sorrir, sobretudo quando a minha cabeça foi encostada no seu peito e me acolheu nos seus braços.

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora