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Verónica's Point of View

Naquele fim de tarde de maio, o sol tinha desaparecido. Amanhecera delicadamente, céu praticamente lindo, uma suave brisa fresca e uma temperatura amena. Porém, com o decorrer do dia, as nuvens foram aparecendo e o vento intensificou-se.

Chegara a casa, a meio da tarde apenas para deixar os meus livros e cadernos de apontamentos por lá, visto que teria de ir até ao edifício da empresa de consultoria para tratar das burocracias sobre o meu estágio.

Assim que saí à porta do prédio, senti a chuva fininha, quase impercetível, mas bastante aborrecida sobre a cabeça. Por medo de mais tarde poder apanhar uma molha, voltei ao apartamento em busca do meu guarda-chuva. Atirei-o para dentro na mala e apressei-me a voltar a descer. Fiz o caminho a pé, por entre as ruas da cidade nortenha até chegar à paragem de metro.

A sede da empresa de consultoria ficava num prédio de escritório, em Contumil, bastante próximo do Estádio do Dragão, o que ajudava nas deslocações. Não demorava muito tempo a chegar lá.

É claro que, mesmo só indo lá para assinar papelada, não deixava de me sentir nervosa. Até me lembrara de trocar de calças, para não aparecer lá com umas de ganga. Não queria parecer demasiado juvenil ou desleixada. Optara por umas calças pretas que combinavam bem com a camisa às riscas verdes e brancas, que escolhera vestir naquele dia. Só mantivera as sapatilhas brancas por comodidade, apesar de ter plena noção que, durante o estágio, teria de as deixar de lado.

- Bom dia – murmurei ao segurança na receção do prédio – Eu vinha formalizar o meu estágio de verão com a empresa de consultoria... - antes que pudesse mencionar o nome da empresa já o homem me apontava o elevador e me indicava o quinto andar. Agradeci e chamei o elevador, clicando no botão.

Em poucos minutos, estava no andar correto, em frente à porta principal. Inspirei fundo e entrei. Estava uma mulherzinha, de cabelo loiro e óculos colocados, de olhos postos num monitor, por detrás do balcão da receção. Aproximei-me para lhe perguntar onde tinha de me dirigir.

- Aguarde um pouco, vou informar alguém do departamento de recursos humanos que está aqui – ela respondeu, pegando no telefone fixo. Aguardei em pé, calculando que não demorasse muito até alguém aparecer para me receber.

Em poucos minutos, já estava sentada em frente a uma funcionária que me explicava todas as clausulas e especificações do meu contrato como estagiária. Tive de deixar umas cópias do meu cartão de estudante e de identificação, assinar alguns papéis e aproveitei para fazer algumas perguntas.

Não demorou muito. Assim que fiquei despachada, trocámos um aperto de mão e confirmámos que no final do mês de junho, assim que tivesse despachada dos exames da faculdade deveria voltar lá para começar realmente a trabalhar por lá. Não é que eu achasse que teria grande trabalho, uma vez que era universitária com pouca experiência profissional. O meu receio seria passar o verão a servir cafés a uns quantos contabilistas e gestores financeiros. Porém, por enquanto, preferia não criar expectativas em relação ao que me esperava.

Guardei os meus papeis dentro da mala e, antes de chamar o elevador, ainda me lembrei de desejar um resto de bom dia à rececionista. Depois cliquei no botãozinho e esperei que as portas abrissem.

Enquanto aguardava, aproveitei para tirar o telemóvel da mala, verificando que horas eram. Aproveitei para responder à mensagem da Margarida, a perguntar pela minha vinda à empresa, entrando, assim, de cabeça mergulhada no smartphone dentro do elevador.

Devido à minha distração, nem reparava nos indivíduos que estavam lá. Foi quando guardei o telemóvel no bolso das calças e subi o olhar, que me deparei com uma figura conhecida.

Easier • { A.S. André Silva Fanfic }Onde histórias criam vida. Descubra agora