Capítulo 35 - Melinda

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Desço dos ônibus às pressas. Tento ajeitar minhas mangas bufantes, mas estão mais amassadas que o vestido. De tanta acrobacia que fiz para permanecer em pé no ônibus. Minha tiara fez o favor de estragar todo meu penteado com cada cotovelada que levei, fazendo o plástico da tiara seguir em movimentos únicos para assanhar meu cabelo. Luto contra a vontade de ir ao banheiro, só vou ficar irritada ao ver que me arrumei tanto para nada.

Respiro fundo e entro. Como imaginei, meu cabelo de alguma forma conseguiu esconder a orelha esquerda da tiara. Eu tiro as orelhas de lobo, passando a mão no cabelo para ajeitar. Não consigo achar a trança lateral que fiz, está perdida entre o emaranhados do meu cabelo.

— Eu não ligo. Vai ficar assim! — falo olhando para o espelho.

Felizmente, o vestido de mangas que fiz continua esplendoroso, mesmo amassado. A saia volumosa permite que eu me mova com mais liberdade para dançar. E, claro, o azul-claro combina muito comigo.

Posso ter me atrasado, mas valeu a pena para poder mostrar meu vestido para minha avó. Não contava em pegar o ônibus quando todos estão saindo do trabalho, mas, eu mostrei a minha versão arrumada para minha avó. É o suficiente.

Não deu tempo de fazer uma maquiagem mais elaborada, também não sabia como fazer a maquiagem de uma loba, mas gosto dos tons suaves em meu rosto, trouxe meu fiel batom vermelho, nem lembro a última vez que usei.

— Como eu pude parar de usar você, meu bebê!? — eu beijo a tampa do batom.

— Onde achou bebida? — a menina surge ao meu lado, olhando-se no espelho, amassando os volumosos cachos de baixo para cima.

— Eu não estou bêbada. — digo, meio sem jeito.

— Ah, tudo bem.

Olho no celular e tem a incrível quantidade de 30 chamadas da Camélia. Entro no ginásio correndo para procurá-las. A decoração ficou melhor do que eu pensei, as armaduras de decoração e algumas pinturas de época. Simplesmente usaram a ornamentação do evento medieval, nem mesmo mudaram as coisas do local. Bem, as pessoas só querem terminar o ano e se livrar da escola.

Eu paro em frente a um quadro. Não reconheço o pintor, mas a pintura chama a minha atenção, é um homem virado de costas, observando om lago, com o azul da água misturando-se com o céu.

— Que lindo! Parece o outro mundo.

— Melinda! — escuto a voz de Camélia me chamando.

Ela está dançando com Vivian, mas param ao me ver, caminhando em minha direção. Elas estão usando a mesma roupa, um vestido rosa tomara que caia com um enorme laço atrás, com luvas do mesmo tom rosado cobrindo todos os braços. A peruca loira, não me restavam dúvidas sobre a fantasia.

— Sério!?

— Isso mesmo, Marilyn Monroe. — Vivian roda com os braços abertos.

— Perfeito em diferentes temas de fantasias: anos 50, famosos, personagens.

— Vocês estão lindas.

— Obrigada. — diz Camélia, ajeitando sua peruca.

— Onde está Lizzie?

— Ah, — ela salta, agarrando meus braços. — sobre isso que eu quero falar com você. Chegou um rapaz muito bonito para falar com ela.

— Não é da escola. — Vivian completa, arregalando os olhos com um fino sorriso cínico. — Não é um rapaz que passa despercebido.

— Um rapaz? — eu me encolho.

— Sim! Eu já disse que ele é muito bonito?

Um rapaz bonito? Seria o Ilariki?

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