Capítulo 24 - Melinda

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Sinto o medo percorrer pelo meu corpo. A atmosfera do lugar é tenebrosa, apesar de bem iluminado, o ar do caminho pesa em meus pulmões. É como estar entrando na cabeça daquele homem que apareceu em nossa frente nas construções do shopping. Sentindo o ódio e rancor em sua mente. Eu olho ao redor, todos estão caminhando tão bem, podia ver a tensão nos olhares, mas não se sentem pressionados como estou me sentindo. O que está acontecendo? Talvez eu não estou tão preparada assim para esse perigo.

— O que aconteceu com o seu olho? — a voz de Ikimari me puxa para a realidade. — Está vermelho.

Vermelho? Deve ter sido quando abri meus olhos na água. Será que foi isso? Algo na água está fazendo com que me sinta assim?

Eu ponho a mão no rosto. Não está lacrimejando ou ardendo. Minha visão não foi afetada. Não sei o que foi. Sinto o ar faltando em me pulmão.

— Acho que foi a água de antes.

— Deixe-me ver.

Ele pega meu queixo, surpreendendo-me. Sinto minhas bochechas amolecerem com seu toque.

— Vamos nos afastar. — digo, ao ver os outros tomando distância, começando a perdê-los de vista.

Ele me encara, penetrando seus olhos nos meus. Nunca olhei em seus olhos tão de perto. São profundos, um indecifrável banho de duas cores. São lindos.

— É veneno. — ele diz, calmamente.

— O QUÊ? — eu me desespero, esquecendo completamente o calor do momento.

— Está sentindo algo estranho?

— Só uma sensação estranha. Será que só me afetou? Os outros também estavam na água. Você precisa ver o Miruni e o Tibini também.

Eu puxo seu braço, tentando levá-lo até os outros. Mas ele me puxa para perto, segurando meus ombros.

— Preocupe-se com eles depois. Você tem água na bolsa?

— Tenho.

Eu tiro a minha garrafa azul.

Ele se senta. Cruzando as pernas. Tira a espada da cintura, virando a lâmina em minha direção. Ele quer que eu veja no reflexo da lâmina? Eu abaixo para ver. Está avermelhado como nunca vi antes. Mesmo com noites em claro chorando não tiveram essa vermelhidão. Acho incrível não está ardendo.

— E os outros? — pergunto, preocupada.

— Se também foram afetados, servirá para eles também.

Ele abre a tampa da garrafa e a coloca no chão. Tirando sua bolsa de cristais e jogando os cristais no chão.

— Por que só afetou os olhos? — pergunto.

— Não sei.

— Meu corpo também estava dentro da água. Não devia ficar todo vermelho ou machucado, não sei...

Ele me encara, parando de procurar os cristais no chão.

— Você faz muitas perguntas.

— Só quero aprender. — viro o rosto.

Eu olho disfarçadamente, com o rosto virado para o lado. Ele pega dois cristais um cristal vermelho e um roxo. O laranja eu já vi antes, quando fomos atacados na ilha, quando ele estava sufocando, usou o laranja para tirar o veneno da criatura.

Ele quebra os dois cristais, usando as garras para transformar os pedaços em um pó. Ele joga na água, balançando a garrafa. Estou tentada em perguntar se cada cristal tem sua prioridade, mas ele certamente será rude novamente.

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