Capítulo 25 - Lizzie

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O caminho parece não ter fim, gotas de água pingam do teto, escorrendo pelo meu rosto até a ponta do meu nariz. Temo estarmos debaixo de muita água que poderia desabar a qualquer momento. Uma gota pinga novamente no meu nariz e outra em minha boca. Olho para trás, tentando ver Melinda, mas ela não está nos seguindo.

— Melinda! — chamo seu nome.

Ikimari também não está perto. Troco olhares com Ilariki e corremos pelo caminho de volta, na tentativa de encontrá-los. Escuto uma oca explosão, distante, mas forte. O chão estremece, sustento-me para não cair. As paredes em nossa volta estalão, formando rachaduras como se tivessem sido atingidas por um raio, os riscos vão seguindo do chão até o teto.

Miruni torce o nariz e olha assustado para o teto.

— É água. — ele diz. — É ÁGUA.

O teto se rompe, entrando água pelas rachaduras. Somos puxados por uma onda gigantesca. Tento me manter fora da água, mas ondas cobrem minha cabeça sempre que volto à superfície. Uso os braços, tentando nadar contra a correnteza.

Ilariki pega meu braço. Tentando subir meu corpo pelas ondas. Olho para trás, Tibini tentava desesperadamente manter Miruni fora da água, com seu braço envolto do rapaz, que mostrava dificuldades para nadar. Sinto Ilariki segurando em minha cintura, seu rosto é coberto pela água, mas ele retorna à superfície, puxando um último fôlego.

A água parece estar perdendo a força, já consigo pôr os pés no chão. Ilariki saca a espada, fincando ela no chão, levando minha mão até o punhal da espada. Ele levanta o pé para que Miruni use de suporte para se segurar. A água vai diminuindo, já consigo recuperar o fôlego sem ser derrubada por outra onda.

Caio de joelhos, com a roupa colada em meu corpo. Me tremo como um pinscher depois do banho. Ilariki tira o cabelo do meu rosto, vendo se estou bem. Eu sorrio para ele, ele retribui com um sorriso de lado.

Ele vai até Miruni e Tibini. Miruni está desacordado nos braços de Tibini. O rapaz tenta tirar a água dos pulmões de Miruni, fazendo respiração boca a boca.

— Vamos. — sua voz falha.

Eu corro para ajudá-lo. Deixo os braços esticados, e minhas costas retas. Lembro-me da vaga aula que tive para o estágio e coloco em prática. Com os ombros em cima da mão e meus dedos cruzados, posiciono no centro do seu tórax e comprimo rapidamente. Tibini ao meu lado, tampa o nariz de Miruni e começa a repetir a respiração boca a boca.

Funciona. Miruni acorda, regurgitando água com a cabeça virada para o lado. Eu solto um suspiro de alívio. Tibini parte para um abraço. Miruni não entende de início, mas não tem tempo de processar, é novamente pego de surpresa por um tapa do rapaz em sua nuca.

— Quantas vezes eu vou ter que salvar? — Tibini se exibi.

Miruni faz uma careta, rangendo os dentes, enquanto passa a mão na nuca que levou o golpe. Por um instante, ele se desmancha em um sorriso, mostrando um brilho em sua bochecha.

— A Melinda! — anúncio minha preocupação.

Será que ela foi atingida? Onde ela está?

Em instante nos recompomos e seguimos para o caminho da entrada, em busca de Melinda e Ikimari. A bolsa enxergada pesa, é como carregar ferro em minhas costas. Mas não devo pensar muito nisso agora. Fomos arrastados pela água para mais longe deles do que já estávamos.

Avistamos de longe um buraco enorme na parede. Rochas caídas no chão.

Ela estaria nos destroços? O desespero sobe em minha cabeça.

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