Capítulo 2 - Lizzie

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Escuto o barulho de uma fonte de água caindo. Mexo meus dedos no chão, sentindo a terra úmida na palma da minha mão. Não estou em casa.

É um sonho?

Abro os olhos devagar; há cristais luminosos no chão. Eles seguem um caminho de terra que adentra pela caverna. As paredes são rochosas. Levanto para ver, mas o caminho está fechado atrás de mim, só me restava o caminho iluminado pelos cristais em frente.

— Estou sonhando. É isso! — sacudo a cabeça, desacreditada. Dando tapas nas minhas bochechas para acordar.

Não adianta, se for um sonho, não estou acordando. Decido seguir o caminho dos cristais. Sinto a areia fofa em meus pés, a cada passo que dou, escuto a fonte de água mais próxima. Paro em um arco de cristal iluminando a entrada do local. É enorme. O local é cheio de imensos cristais até o teto, com diferentes cores e tamanhos: rosa, roxo, azul. Sigo o fundo da caverna para uma cor que reconheço, é o mesmo azul do triângulo que achei em minha casa. Sigo aquela cor, é a mais fraca entre todas, vindo de apenas uma direção; uma mesa de madeira, coberta de poeira e teia de aranha. O cristal azul é do tamanho de uma bola de futebol. Aproximo para pegá-lo, e vejo uma luz surgir do meu bolso. Coloco a mão no bolso e pego. O cristal triangular volta a ter luz, mas pensei que estivesse em pedaços. Agora emana uma cor mais fraca e delicada, mas uma cor linda. Ilumina o meu rosto que sente um calor revigorante emitidos pelos raios de luz. A pedra da mesa se apaga, eu a pego em mãos. Parece mais leve para o tamanho, como uma folha de papel. Olho para ela fixamente, e me surpreendo com que vejo em seu reflexo.

Boquiaberta, coloco o cristal azul novamente na mesa e olho para trás. O barulho de água vem dali. Um lago cristalino, com três buracos no alto, onde cai água abundantemente, mas, o que me choca, foi que a caída da água, é em direção a um cristal azul. Flexiono os olhos sem acreditar no que vejo, mas não é minha imaginação, tem alguém lá.

Eu entro na água, molhando minha calça com a água que bate até o joelho. Aproximo-me mais do cristal, diferente dos outros, o cristal não emite nenhuma luz. Mas, tem alguém dentro.

Um homem.

O homem demonstra uma feição serena, posso ver um sorriso se formando em seus lábios fechados. As suas orelhas têm um formato diferente, como as orelhas de um lobo. A orelha direita está coberta pelo seu cabelo preto, mas posso ver que tem a carne pontuda que fica levantada entre os fios do cabelo. Ergo a mão para tocar no cristal. No momento que encosto os dedos no frio material, o cristal triangular brilha em minha outra mão. Não sei o que fiz, mas o cristal que o homem está parece responder ao meu toque e brilha forte. Minha visão é ofuscada com o brilho, mas vejo que o homem abre os olhos, liberando um brilho âmbar cintilante.

O cristal começa a trincar aos poucos pela parte que recebeu meu toque. Eu me afasto, mas antes de sair do local, o cristal quebra por inteiro, e o homem cai na água cristalina, vejo que a direção em que seu corpo cairá está uma rocha mergulhada no lago. Em um impulso, pulo para frente, fazendo com que ele caía em meus braços.

Seu corpo pesa e meu joelho sente o impacto dobrando-se com o peso. Ergo-me com dificuldade, mas consigo puxá-lo para fora da água. Coloco-o deitado no chão. Seguro em seu pulso, não acredito, mas o seu coração está batendo. Eu não sei o que fazer, isso aflige o meu coração. Tento lembrar as aulas de primeiro socorros, mas em nenhuma me ensinaram em como socorrer alguém que saiu de um cristal.

Não sei onde estou; não sei o que fazer, mas não quero ver a morte de um desconhecido. Seus lábios estão ressecados e sua pele branca, pálida, em uma aparência mórbida. Seu corpo com tatuagens, que circulam seus braços até a sua mão. Aproximo meu rosto do seu para sentir sua respiração, está fraca, mas respirando.

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