Capítulo 12 - Lizzie

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Não entendo, por que Ikimari está aqui? Quando o vi dentro do meu quarto, pensei por alguns segundos estar imaginando. Seu cabelo está mais curto, os fios caem delicadamente em suas orelhas pontudas, mas não tenho dúvidas, é ele. Reconheço aquele olhar em qualquer lugar.

Como ele chegou aqui? Claro, ele me viu uma vez. Está segurando um cristal, ele usou o cristal para chegar até mim.

Melinda agarra meu braço com força. Ela não me deixará ir com ele, não sozinha.

O que eu faço? Ikimari não aceitará um não tão facilmente.

E também, a sua ajuda é necessária, posso tentar convencê-lo a ajudar. Se ele veio até aqui, está disposta a ajudar, está disposto a ouvir. Preciso saber o que ele quer perguntar.

Eu olho para Melinda.

— Melinda, por favor, quero ficar a sós com ele.

— Não — eu já esperava essa resposta. Ela não me deixaria sozinha perto de alguém supostamente violento.

Não quero envolvê-la nisso tudo.

— Eu posso me livrar dela. — ele diz.

— Não, está bem. Eu respondo. O que quer saber?

— Ela vai ouvir?

Eu penso.

— Sim. O que quer saber de mim? Por que não foi até o Ilariki?

— Meu irmão me contaria apenas o conveniente para me convencer a ajudá-lo. Você não sabe o que seria o conveniente. Então, espero que me conte tudo.

— Por que mudou de ideia agora?

— Encontrei outros homens de casaco de couro, com cristais, controlando os meus. Quando quebrei o controle, disseram-me que tinham ordens para matar o meu irmão. Não só ele, muitos outros animalians. Quero saber no que o meu irmão se meteu. E se isso pode matá-lo.

Ele está realmente preocupado. Ele guarda o cristal e se encosta-se à janela do meu quarto. O vento frio entra pelo lado aberto, agitando seus fios escuros.

Sento-me na cama, ao lado de Melinda, que não me solta um só segundo. Ela olha para Ikimari, não está analisando ele, não está olhando para a sua aparência, está olhando-o para me proteger em qualquer movimento estranho dele. Acho que ela ainda não parou para observar os diferentes dentes e orelhas. Olhando rapidamente, passa despercebido como um humano com heterocromia.

Eu evito por um instante, mas ele seria uma ajuda importante, por algum motivo, Ilariki o quer por perto. Não posso perder a oportunidade.

Respiro fundo, e começo a contar tudo do início. A explicação também serve para que Melinda entenda tudo que aconteceu, então falo tudo que sabia dos cristais, envolvendo o momento que conheci Ilariki e até sobre o homem no shopping.

Olho para Melinda algumas vezes no meio da explicação. Ela escuta atentamente, sua feição de fecha em espanto, o que a faz soltar meu braço na medida em que a história é contada. Ikimari olha diretamente para mim, não pisca ou questiona nada. Prestando atenção em cada palavra. Não tenho certeza, mas penso que foi a primeira vez que ele depositou tanta atenção às palavras de uma humana.

Recupero o fôlego ao terminar de contar. Conto até a última parte, que precisaria ficar no outro mundo e me despedir de todos aqui. Essa parte falo diretamente para Melinda. Ela abaixa a cabeça. Não sei se ela acreditou em tudo, mas não a culparia, caso não acredite.

— N-não. — ela diz, baixinho. Levantando a cabeça, com seus olhos molhados. — Não vou deixar que passe por tudo sozinha.

— Melinda!

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